Braga-Estoril, 1-2 (crónica)

26 nov 2000, 19:23

A linha do sucesso Venceu quem tinha menos argumentos teóricos, mas soube materializar o que produziu. Palmas para o Estoril, um histórico que ressurge na fama depois de ter vencido, com mérito inatacável, um Braga tolhido por equívocos.

Palmas para o Estoril. O histórico do António Coimbra da Mota merece-as. Jogou bem, entrou desinibido, ciente que a fama momentânea estava ali adiante, à distância de 90 minutos de empenho colectivo. Os jogadores pressentiam a proximidade do sucesso, a oportunidade única de atingir níveis de visibilidade que lhes estão interditos na divisão que disputam. E confirmavam as suspeitas num par de pontapés que despedaçavam uma defesa de arrepios. 

Conseguiram o que queriam. Confirmaram que a Taça de Portugal é um dos caminhos exclusivos para chegarem mais alto e surpreenderam. Venceram sem mácula e não mereciam o prolongamento que chegou a surgir no horizonte. Tinham sido mais perigosos, tinham jogado com muito maior tranquilidade. Foram melhores. Pura e simplesmente. 

A má exibição do Braga, no entanto, merece uma série de abordagens. Atente-se, desde logo, nas más opções iniciais de Cajuda. Não estão em causa as motivações do treinador, não se discute o argumento de poupança que a Taça confere. Critica-se, isso sim, a passividade perante as evidências. Zé Nuno não estava a funcionar na esquerda e Odair e Artur Jorge deixavam claro que não se sentiam à vontade com Paulo Morais nas suas costas. O treinador teria de fazer algo. A lacuna estava visível, todos a notavam, menos Cajuda, que ficou sem resposta quando o Estoril abriu o marcador. 

A máquina ofensiva do Braga, por outro lado, tardava em arrancar. Edmilson e Riva ainda tentavam colocá-la num ritmo constante, mas desistiam aos primeiros esforços, certos que nunca o consegueriam sozinhos. Teria de ser o colectivo a espalhar o perigo, teria de ser o envolvimento de todos os pés a espalhar a aflição. Só assim se chegaria ao empate. O Estoril não seria abalado se o método fosse outro. Faltava, por outro lado, a acutilância de Fehér. 

Nguema esteve quase a recuperar a equipa 

A única opção acertada de Cajuda terá sido a aposta em Nguema, um velocista difícil de acompanhar, que consegue aliar a exuberância a um poder de finta considerável. Numa das primeira correrias, o gabonês cruzou para a cabeça de Deus, que acertou no poste. Pensou-se, por instantes, que o Braga estava a atingir aquilo que buscava. Chegou a conceber-se um cenário de sufoco final que, todavia, ficaria por confirmar. Baltazar e Renato desperdiçavam um segundo golo e voltavam a avisar. O Estoril estava condenado a ser mais perigoso. 

Chegava por fim a ansiedade. Cajuda limitava-se a esbracejar e a abanar a cabeça quando constatava que os lances aflitivos surgiam onde menos desejava. Quase resignado, escondia-se no banco, como que prevendo os assobios que lhe dirigiriam no final. As gargantas não eram muitas, mas começavam a ser audíveis. 

Edmilson ainda autorizou que o treinador esboçasse um sorriso, recolhido no último minuto, quando a justiça pulou das chuteiras Rui Sá. Chegava a altura de concordar com quem o considerava desnorteado. O indicador apontava para Fehér, que vem de uma lesão, mas foi para o banco para ter a oportunidade de acumular um cartão amarelo, como o próprio Cajuda explicaria no final. Ainda mais estranho. Não se percebe por que é que o húngaro só foi chamado nos descontos, com a eliminatória perdida e o Estoril a festejar. E o pior é que nem entrou. Mário Mendes terminou o jogo antes da substituição.

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