Benfica-Feyenoord, 2-1 (crónica)

3 ago 2001, 00:30

Uma equipa (só) à espera de Simão Falta pouco para alcançar o «onze» ideal. Pesaresi em forma é mais consistente do que Diogo Luís e Simão pode dar ainda mais perigo ao ataque.

A festa já se esperava, pois sempre que o Benfica visita o norte do país em meses de verão os muitos adeptos que vivem na região e os emigrantes que gozam férias acorrem em grande número naquele que já se pode considerar o jogo de apresentação da equipa às gentes do norte. Este encontro costuma realizar-se em Braga, mas desta vez aconteceu em Guimarães e o sucesso não foi menor. Nada menos do que 25 mil benfiquistas eufóricos. 

Os contornos desta vivência foram um dos factores que animaram a noite, embora não seja nada que os jogadores não estejam habituados. Foi assim até aqui e o promete alastrar-se durante o campeonato, desde que a equipa corresponda e consiga alcançar o sucesso, o que não acontece há pelos menos seis anos.  

Toni, que esta noite foi substituído no banco por Jesualdo Ferreira, tem muitos motivos para estar feliz quando falta mais de uma semana para o jogo com o Varzim, que marca o início do campeonato; mas também tem de ter consciência que é preciso fazer mais para dar luta a uma concorrência que se adivinha muito forte. Ainda falta Simão, que adiou a estreia para o desafio com a Fiorentina, e Pesaresi em forma para que o «onze» ideal possa jogar em pleno - o italiano entrou na segunda parte e mostrou-se muito seguro. De resto, Mantorras parece indiscutível no ataque e apesar de ser quase certo que o meio-campo venha a ser preenchido por Meira, Andersson e Zahovic, é preciso ter atenção a Ednilson, que entrou muito bem. 

Início prometedor 

Os primeiros trinta minutos do Benfica foram de grande qualidade, com movimentações constantes, a defesa a segurar muito bem Van Hooijdonk e o meio-campo a encetar uma combinação quase perfeita com o ataque, nomeadamente com Drulovic e Mantorras. Miguel revelou-se pouco rotinado no lado direito e apenas por uma vez conseguiu mostrar-se, rematando às malhas laterais com grande efeito. 

Apesar do esforço para olhar para a equipa como um todo é impossível não falar constantemente sobre Mantorras. Apesar de dizer que não está na melhor forma, o angolano é simplesmente espectacular. Logo ao primeiro minuto remata cruzado com perigo e seis minutos depois combina com Zahovic, que o isola e surge o primeiro golo. Estava dada a expressão ao domínio encarnado, apesar da boa réplica dos holandeses, que pressionaram sempre muito e não prescindiram de atacar, nomeadamente pelas alas, através de Kalou e Collen. 

O empate surgiu precisamente no final do bom período benfiquista, com um livre no lado esquerdo, junto à bandeira de canto. Tomasson apareceu bem junto à pequena área, aproveitando uma falha da defesa, e marcou o único golo da sua equipa. A desatenção momentânea dos encarnados foi bem aproveitada pelo adversário. Até ao final da primeira parte ainda deu para ver Van Hooijdonk a surgir pela primeira (e única) vez com perigo, ganhando um lance nas alturas a Argel e Júlio César, o que obrigou Enke a ir ao chão fazer uma defesa apertada. 

Jogo mastigado e justiça 

A paciência do jogo dos holandeses, que estavam visivelmente satisfeitos com o empate, chegou a entediar os adeptos, que raramente puxaram pela equipa no segundo tempo. Logo aos 49m Mantorras isola Sokota, que é derrubado dentro da área, mas Zahovic permite a defesa a Dudek. O desalento ameaçava vergar os encarnados, que limitavam-se a esperar no seu meio-campo por um Feyenoord com pouca vontade de chegar ao segundo golo. 

Após uma letargia de quase vinte minutos, outra vez e sempre Mantorras voltou a animar os adeptos, enviando a bola ao poste num remate de cabeça, após centro de Drulovic, num livre marcado na direita. Pouco acontecia no jogo e os holandeses teimavam em mastigar o jogo, procurando adormecer o adversário para tentar tirar partido de uma eventual falha do Benfica, que reagiu bem e conseguiu manter sempre o ritmo. Para isso valeram muito as prestações agradáveis de Cabral, João Manuel Pinto, Júlio César e Pesaresi ¿ o quarteto defensivo. 

O adormecimento era constante e só por momentos é que os encarnados conseguiam animar as coisas. Foi preciso Porfírio descobrir Mantorras na área, a pouco mais de cinco minutos do fim, para o angolano garantir a vitória e ser aplaudido pelos adeptos cada vez mais extasiados com a categoria e a generosidade do jovem avançado. Já sem a estrela em campo, foi a vez de Sokota brilhar um pouco e não totalmente, porque o bonito chapéu que fez ao guarda-redes Dudek embateu na barra. 

Um bom teste para um Benfica em profunda evolução, que potencializa (bem) Mantorras ao máximo, mas que ainda não viu Zahovic e Drulovic em forma. Para além disso, ninguém se pode esquecer que ainda falta Simão, que deverá dar ainda mais expressão ao ataque.

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