Tristeza, alívio e elogios no «Fofó»

26 nov 2000, 18:25

Treinador do P.Ferreira já pensava no prolongamento

«Custou muito sofrer o golo no último minuto de jogo do encontro». Arnaldo Teixeira, treinador do Futebol Benfica, lamentou a derrota da sua equipa, particularmente pela forma como surgiu. «Estou bastante triste pelos jogadores. O ambiente na cabine está bastante pesado. Toda a gente sente que era possível ter ido mais além.» 

Apesar de reconhecer que o Paços de Ferreira teve mais ocasiões para chegar à vitória, o treinador da equipa da III Divisão mostrou-se orgulhoso com a réplica dada. O Futebol Benfica chegou mesmo a ter ocasiões para conseguir ganhar o jogo. «Tenho de dar os parabéns aos meus jogadores. Demonstrámos que há atletas portugueses com qualidade nos escalões mais baixos. O Paços de Ferreira respeitou-nos, encarou o jogo com seriedade, mas se tivéssemos marcado nalguma das oportunidades que tivemos podia ter sido diferente.» 

Num desses lances a bola chegou a entrar na baliza do Paços de Ferreira, mas o árbitro assinalou fora-de-jogo a Semedo II, que saltou à bola, apesar de não lhe tocar. Arnaldo Teixeira admite que estava «longe do lance», mas acrescenta que lhe disseram que «o golo foi mal anulado». Não que dê muita importância ao facto. O lance tem lugar na primeira parte, explica, e «nada garante que, sofrendo um golo, o Paços não viesse para a frente e fizesse dois». 

E lá foi, triste mas orgulhoso, com a camisola de Paulo Vida debaixo do braço. Uma oferta do seu antigo jogador no Odivelas, que agora pontifica no ataque do Paços de Ferreira. Juntos fizeram história na Taça de Portugal - Arnaldo Teixeira era adjunto de Alberto Bastos Lopes e Paulo Vida o ponta-de-lança da equipa que eliminou o Salgueiros. Desta vez, em lados diferentes, o clube de escalão superior levou a melhor. Arnaldo Teixeira saiu de mãos a abanar, mas a oferta de Paulo Vida sensibilizou-o, e o treinador ainda desejou que algum dos seus jogadores do Futebol Benfica pudesse dar o salto que Paulo Vida deu depois dessa campanha bem sucedida na Taça, em que foi contratado pelo Benfica. 

«Já pensava no prolongamento» (José Mota) 

Do lado do Paços de Ferreira a sensação era de alívio. Por se ter evitado o segundo jogo e até o prolongamento, em que a equipa da I Liga se preparava para actuar meia hora com um jogador a menos. José Mota, o treinador, confessa que já fazia contas à vida quando finalmente Zé Manel marcou o golo. «É verdade que já estava a pensar no prolongamento. O Futebol Benfica estava a fechar-se muitíssimo bem, na segunda parte, apesar de o nosso guarda-redes não ter feito qualquer defesa, também já não tivemos grandes oportunidades, mas felizmente lá apareceu aquele golo de belo efeito.» 

Ao alívio juntavam-se os agradecimentos pela forma como os pacenses foram recebidos no Campo Francisco Lázaro. No final, direcções e jogadores confraternizavam, apesar da eliminação do Futebol Benfica. José Mota destacou a amizade no acolhimento da equipa e deixou votos de boa sorte para o Fofó, assim como elogios à forma como os locais se bateram. 

«O Futebol Benfica foi uma equipa prática, que se adaptou melhor ao terreno de jogo. Nós gostamos de praticar um futebol mais apoiado, de troca de bola, mas neste campo era impossível. Fomos humildes, trabalhámos bastante e pelo que fizemos na primeira parte merecíamos um resultado mais animador ao intervalo, mas quero realçar a forma como o Futebol Benfica trabalhou, preenchendo muito bem todas as zonas do terreno.» 

Os elogios ao adversário prosseguiam. Para José Mota, a exibição do Fofó foi a prova de que «na III Divisão também se pratica bom futebol e há bons jogadores», o que não constituiu surpresa. «A Taça é fértil nestas coisas, as equipas menos cotadas mostram as suas potencialidades.» 

Formoso suturado com oito pontos no lábio 

Zé Manel foi o autor do golo solitário do encontro, depois de ter saltado do banco, substituindo Beto. «Estou muito feliz por ter marcado, num jogo de futebol o que importa é o golo. O terreno estava muito mau, espero que na próxima eliminatória tenhamos mais sorte, mas conseguimos ultrapassar as dificuldades.» 

A luta dada pelo Futebol Benfica não surpreendeu o extremo-direito pacense. «Já sabíamos que a Taça é assim, as equipas de divisões inferiores arregaçam as mangas e os encontros acabam por ser muito complicados.» O golo evitou «o desgaste físico do prolongamento ou até de um segundo jogo» e é assim descrito pelo seu marcador: «A jogada vem do lado direito, um defesa deles domina para a frente e eu venho embalado de trás e peguei bem na bola, que só parou no fundo da baliza.» 

Menos sorte teve o colega de equipa Formoso. O médio do Paços de Ferreira saiu aos 74 minutos depois de ser atingido na face e teve de ser suturado com oito pontos no lábio superior.

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