«Quero dignificar o meu nome», diz Folha

13 jun 2000, 22:40

Ex-jogador do F.C. Porto de regresso à Bélgica António Folha fechou o ciclo do F.C. Porto na sua carreira. Desvinculado do seu clube de sempre, o médio vai regressar à Bélgica e ao Standard Liège. A opção foi sua, para poder continuar a jogar, mas nas suas palavras sente-se alguma amargura por um ano quase em branco no F. C. Porto.

Folha vai gozar mais alguns dias de férias antes de se juntar à equipa do Standard Liège, que começa a época 2000/01 já na quinta-feira, dia 15. Em vésperas de iniciar um novo ciclo na sua carreira, aos 29 anos, o médio fala do F.C. Porto e dos motivos que o levaram a deixar o clube.  

«A opção de sair partiu de mim. Ainda tinha mais um ano de contrato, mas não me sentia bem a ganhar o dinheiro e sem jogar. Tinha tido uma conversa com o presidente, ele compreendeu e achou bem», conta Folha, que já seguiu este caminho no ano passado. No início da época 98/99, deixou o F.C. Porto e foi por empréstimo para o Standard Liège, onde jogou 25 partidas e marcou três golos. Mas agora desvinculou-se do clube das Antas e assinou por três épocas com o clube belga.  

«Não era bom para bom para mim nem para o F.C. Porto» 

«Pensei que no regresso ao F.C. Porto a situação ia mudar, mas ficou na mesma e tive que olhar pela minha vida. As coisas não me estavam a correr bem aqui e esta situação não era boa para mim nem para o F.C. Porto», diz Folha, que deixa transparecer alguma tristeza quando fala da última época nas Antas, onde só jogou quatro vezes para o campeonato.  

«O ano não me correu de feição. Houve muitas coisas que fizeram com que não jogasse. A maior parte das vezes foi opção do treinador, mas é normal, o treinador tem muitas opções e tem que escolher. A vida do futebolista é assim. As coisas começam e terminam. Acabei um ciclo muito bonito», afirma, em jeito de balanço.  

Pentacampeão pelo F.C. Porto, Folha viu-se ainda assim associado à perda do título pelos portistas. No balanço da época, não diz que o F.C. porto perdeu o título por culpa própria, mas defende que as coisas podiam ter sido diferentes: «Se estivesse a dizer isso estava a tirar mérito ao Sporting. O FC Porto se tivesse estado ao nível dos outros anos podia ter ganho mais jogos, mas teve também a Liga dos Campeões, que desgastou bastante o plantel. Ou pelo menos os jogadores que jogaram.»  

Devia ter havido maior rotação entre jogadores? «Se calhar sim», responde Folha. «Se tivesse havido podia ter sido diferente, mas se calhar teria sido pior. Agora também é fácil falar, mas as pessoas têm de tomar as decisões é na altura», acrescenta.  

Agora, Folha quer olhar em frente. «Estou entusiasmado porque vou jogar», diz, optimista quanto ao seu futuro no clube belga. «Já lá tenho muitos amigos, conheci muita gente lá, muitos portugueses, ganhei muitas amizades, a integração vai ser mais fácil do que da primeira vez.» 

Ver a selecção por fora 

Aos 29 anos, Folha já representou 26 vezes a selecção, mas a perda da titularidade no F.C. Porto foi acompanhada pelo afastamento da equipa nacional. Para já, o jogador evita falar num possível regresso. «Neste momento espero é continuar a jogar a alto nível. As coisas vão acontecer naturalmente. Primeiro que tudo está jogar, dar o meu melhor. Ser o profissional que sempre fui, para dignificar o meu nome», afirma. 

Foi como telespectador que Folha viu a vitória de segunda-feira de Portugal frente à Inglaterra. Congratulou-se e diz que o segredo do sucesso foi o espírito de equipa. «Todos sabemos que Portugal tem um conjunto de jogadores excelente. Agora funcionaram como equipa, como conjunto, e ganharam com toda a categoria.»

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