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Hélder: «Faltou vontade do Benfica»

30 jul 2000, 21:15

Maisfutebol em Espanha com o médio do Rayo Vallecano Hélder esteve muito perto do Benfica neste Verão. É o próprio médio do Rayo Vallecano quem o admite, em entrevista ao Maisfutebol, em Espanha, acrescentando que no final faltou a vontade do clube encarnado para que a transferência se concretizasse.

Hélder esteve a um passo do Benfica. O antigo médio boavisteiro confirma que esteve «quase» na Luz e que terá havido falta de vontade dos encarnados para concluir a transferência. 

O médio esteve para regressar ao Paris Saint Germain, depois de falhada a continuidade no Rayo Vallecano, por novo empréstimo de um ano, mas os espanhóis acabaram por avançar para a sua contratação por quatro anos, a título definitivo.  

Hélder ficou assim em Madrid, com alguma pena por não se ter concretizado a transferência para o Benfica e por não ter tido oportunidade para vingar em França, mas feliz por estar num dos campeonatos mais competitivos do mundo e num clube que sempre o acarinhou. 

O Maisfutebol encontrou o antigo médio do Boavista em Segóvia, onde decorreu o estágio de pré-época do Rayo Vallecano. Entre o cansaço natural de quem se prepara para uma temporada desgastante, que inclui uma participação na Taça UEFA devido ao fair-play e à sorte, e a vontade de mostrar serviço a quem fez um investimento considerável na sua contratação (calculada em 600 mil contos), Hélder Batista, autor do terceiro melhor golo do campeonato espanhol 1999/2000, está ansioso por que comece a época - agora que o regresso a Portugal parece adiado. 

- Assinou por quatro anos com o Rayo Vallecano, terá 31 quando terminar o contrato. É essa a altura ideal para regressar a Portugal, ou pensa fazê-lo antes?

- Um português gosta sempre de regressar a casa, mas para já o meu pensamento é ficar em Madrid. Se entretanto surgir uma oportunidade logo vou ponderar no que é melhor para mim. 

- Isso esteve quase a acontecer este ano, pelo menos falou-se com muita insistência do interesse do Benfica. O que é que se passou?

- Tive conhecimento disso, o meu irmão, que trata dos meus negócios, inteirou-me do processo. Foi pena não se ter concretizado, mas fiquei contente, pelo menos é sinal de que o meu trabalho é reconhecido. 

- O que é que faltou para passar a ser jogador do Benfica?

- Não sei, esteve quase... Acho que faltou vontade. 

- Do Benfica?

- Sim, essencialmente. 

Reticências do treinador do PSG 

- Falhada essa hipótese, esperava-se que regressasse ao Paris Saint Germain, clube com o qual tinha contrato. Surpreendeu-o o volte-face que fez com que assinasse pelo Rayo Vallecano?

- Sim, uma vez que o PSG estava a dificultar as coisas. Antes de acabar a época passada a presidente do Rayo chamou-me e disse-me que tudo ia fazer para que continuasse cá, mas sei que o objectivo era que ficasse mais um ano emprestado, porque o meu passe era bastante caro para o Rayo. O PSG não aceitou e acabei por ir para Paris, para começar a treinar, mas à última hora os dois clubes chegaram a acordo e acabei por assinar por quatro anos. 

- Não ficou com pena por não ter tido oportunidade de vingar no Paris Saint Germain?

- Fiquei. Quando estive lá no início desta época falei com o treinador, que me disse que tinha acompanhado a minha época em Espanha e que contava comigo, mas sempre com algumas reticências, o que me deu força para vir em definitivo para o Rayo. Talvez com outro treinador tivesse lá ficado, mas como ele renovou por dois anos e nunca me deu muitas oportunidades optei por sair. 

Campeonato português cada vez mais fraco 

- O Rayo Vallecano fez um investimento considerável na sua contratação. Isso aumenta as responsabilidades para esta época?

- Não, a responsabilidade é a mesma. Vou ser igual a mim próprio e trabalhar, o meu lema sempre foi este. No ano passado as coisas correram bem, fui muito acarinhado pelos adeptos e se fizer o mesmo este ano de certeza absoluta que vão ficar satisfeitos comigo. 

- O Rayo foi uma das grandes revelações da época 99/2000 e à 11ª jornada estava à frente da classificação, tendo terminado no nono lugar. O que é que se pode esperar deste ano?

- O objectivo é o mesmo do ano passado: ficar na I Divisão. Vamos tentar repetir a boa campanha do ano passado, para que no final do ano estejamos tão tranquilos como aconteceu agora. 

- É preferível lutar pela Europa em Portugal ou por não descer em Espanha?

- Acima de tudo, o importante é jogar num campeonato em que o público enche os estádios todos os fins-de-semana. É sempre diferente actuar contra grandes jogadores e infelizmente em Portugal vai havendo cada vez menos. Cada ano que passa o campeonato português vai ficando um pouco mais fraco. Aqui estou satisfeito, num clube com limitações mas onde sempre me receberam bem e acarinharam e num campeonato muito competitivo, em que nunca se sabe quem vai descer de divisão ou quem vai às competições europeias. 

O aliciante da Taça UEFA 

- O facto de o Rayo Vallecano ir participar nas competições europeias (defronta o Constelació Esportiva, de Andorra, na pré-eliminatória da Taça UEFA, a que teve acesso através de uma vaga de fair-play) foi um aliciante para ficar no clube?

- Sim, é uma experiência nova para o Rayo, é a primeira vez que o clube vai disputar a Taça UEFA, e a verdade é que vamos jogar nos melhores palcos da Europa, prontos para disputar os resultados com grandes equipas. 

- Quando é que souberam que estavam apurados para a Taça UEFA?

- Estava de férias, tal como os meus colegas, quando me disseram. Foi realmente uma questão de sorte. Creio que entraram 14 equipas num copo e foram sorteadas duas, uma delas o Rayo. É certo que também foi um prémio por sermos uma equipa bem comportada, com fair-play. Ficámos contentes por no campeoanto espanhol, entre 20 equipas, termos sido a que recebeu menos cartões na época passada. 

- O facto de jogar numa equipa como o Rayo Vallecano, com pouca projecção em Portugal, dificulta uma eventual ida à Selecção?

- Sei que o clube não é muito falado e a Selecção é objectivo para qualquer português, mas para mim a prioridade é ser titular no Rayo, fazer um bom trabalho no clube. Depois, se em função disso surgir a oportunidade de ir à Selecção, tenciono aproveitá-la. 

Contente por reencontrar Figo 

- Como é ter uma mulher na presidência do clube onde joga?

- Foi mais uma experiência nova para mim. É uma senhora que nos acompanha sempre e embora seja dona do clube é uma pessoa muito simples, muito humilde. Ela chama-se Teresa e é para nós uma espécie de Madre Teresa, quer mesmo que a tratemos por mãe. Tem sido muito especial para o clube, está sempre connosco, tem 13 filhos, todos do Rayo, que também a acompanham e tudo isso transmite muita união, muita força que passa para os jogadores e nos ajuda. 

- Jogando num clube de Madrid, como viu a passagem de Figo para o Real?

- Fiquei muito contente. Sempre que joguei com ele falámos bastante, fomos colegas na Selecção de sub-21 e acima de tudo é uma boa pessoa. Se tiver oportunidade tenciono encontrar-me com ele o mais depressa possível. 

- Acha que ele tomou a opção certa ao deixar Barcelona?

- Só ele poderá dizer. É um bom profissional, um grande talento e estou certo que vai continuar a ser o Figo que foi até agora. 

- Como é viver em Madrid?

- Os espanhóis têm hábitos diferentes dos portugueses. Comem muito tarde, fazem sempre a siesta, mas isso são coisas boas, a que nos habituamos facilmente. O povo é muito acolhedor e divertido, um pouco como os portugueses.

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