Garantindo a coesão do balneário das Antas Na recuperação de um hábito quebrado há meio ano, o central brasileiro fez a defesa do alvo preferido de adeptos contestatários, lembrando que o treinador «foi campeão» e «tem feito um grande trabalho». Reconhece anormalidade no regresso de Rubens Júnior ao Brasil, assim como no seu comportamento, e crê que Pena e Esquerdinha já cumpriram um castigo «bastante duro». Planeia terminar a carreira em Julho, projectando despedir-se com a conquista do título e a disputa da final da Taça UEFA.
No retomar de um hábito quebrado há seis meses, depois da derrota em Belém e do primeiro acto de contestação a Fernando Santos, de que resultaria, mais tarde, um longo período de silêncio absoluto, Aloísio enfrentou uma plateia de jornalistas, fez a defesa do treinador, garantiu a coesão do balneário, reconheceu anormalidade nos comportamentos, já corrigidos, de Pena, Esquerdinha e Rubens Júnior, e revelou, com o mesmo sorriso com que o fizera um ano antes, que planeia terminar a carreira no final da época. Quer, resumiu, «acabar em grande», o que implica a conquista do título nacional e, pelo menos, a presença na final da Taça UEFA.
Apesar do atraso, o campeonato não está perdido. No tom tranquilo e quase imperceptível de sempre, Aloísio crê que o F.C. Porto «pode ter a ambição da conquista do título», ainda que admitindo a invulgar dependência de terceiros. «Na posição em que nos encontramos, temos que torcer para que os adversários que estão à nossa frente percam pontos», reconheceu, seguro de que o resultado da véspera, entre Benfica e Boavista, servia os propósitos das Antas. «Foi bom», disse. «Mas temos que ter consciência de que devemos ganhar os nossos jogos».
A permanência em quatro competições é razão de «desgaste físico e psicológico», que Aloísio detecta sem esforço. Mas, mais do que isso, é também «um privilégio», sublinha. «É gratificante estarmos em todas as frentes». A Taça UEFA não será a que mais o preocupa ao momento, mas qualquer abordagem ao tema pede-lhe uns segundos de ponderação, enquanto esfrega as sobrancelhas com o indicador da mão direita. «O Liverpool é um adversário muito difícil», observa. «Mas não vamos desistir de tentar chegar à final».
Atento à Liga inglesa, o brasileiro podia pronunciar correctamente o nome de cada uma das «individualidades» do Liverpool. Preferiu, contudo, sublinhar o «valor do colectivo», falando de «uma equipa muito objectiva», «hábil no contra-ataque», capaz de interpretar «um futebol muito agressivo» e «um jogo muito rápido na frente».
Aloísio, o mais velho da equipa, garantiria ainda a coesão do plantel, assegurando que, à margem de «casos isolados», o «balneário continua unido como nos outros anos». Atleta de Cristo, julga-se um profissional equilibrado, talvez até exemplar, ao ponto de não querer intrometer-se nas decisões da SAD, quando se lhe fala no regresso forçado de Rubens Júnior ao Brasil, como medida punitiva para notícias de conduta reprovável. «A forma como o Rubens saiu foi um pouco anormal, mas pagando pelo erro que cometeu». Recusaria, contudo, a ideia de que Esquerdinha e Pena não tomaram a mesma direcção por serem imprescindíveis. «Já pagaram pelo erro que cometeram», disse. «Foram afastados dos trabalhos da equipa, o que já é um castigo bastante duro».
Aloísio confia no regresso do F.C. Porto ao primeiro lugar, mas não se dispensa de pedir «um pouco mais de sorte» para o conseguir. Mais do que convencê-lo, as exibições da equipa agradam-lhe e sobre o treinador, alvo preferido da contestação dos adeptos, o defesa não apresenta queixa. Pelo contrário: «Foi campeão e tem mostrado um grande trabalho. Não vamos colocar em causa as suas qualidades só porque as coisas não correm bem. Confiamos no nosso treinador e ele confia nos jogadores que tem».
Agora é de vez, sugere, sem o dizer explicitamente. A 31 de Julho deste ano, Aloísio pretende pendurar as botas com a recordação recente e bem fresca da conquista de um título e da presença na final da Taça UEFA.
