Sorteio por bolas ou computador: razões e explicações

14 ago 2001, 17:31

Maisfutebol explica-lhe como funciona o sistema Pinto da Costa não gosta das modernices da Liga e levou Valentim Loureiro a aceitar o regresso ao velho processo. Maisfutebol explica como funciona o programa da discórdia.

Pinto da Costa irritou-se e Valentim Loureiro voltou atrás. No entanto, há menos de uma semana, tudo foi muito mais pacífico. O dia 8 de Agosto tornou coincidente a estreia do sistema de sorteio de árbitros, auxiliares e observadores para a I e II Ligas por computador com o jogo da primeira mão da terceira pré-eliminatória da Liga dos Campeões entre o F.C. Porto e Grasshopper. Foi este um dos motivos dado pelo presidente portista para não ter reclamado anteriormente contra o novo método. 

Pois bem, no fundo tudo isto está relacionado com uma questão de tacto. Pinto da Costa quer ver a funcionária da Liga baralhar o pote, solicitar ao representante de um clube para retirar uma bola e depois anunciar o nome para a plateia. Tal e qual como se fez, por exemplo, no sorteio que teve lugar ontem na F.P.F. para definir o calendário do campeonato nacional de júniores, à moda antiga. 

Ou seja, vai-se regressar à forma original, implementada pela Liga há quatro anos, quando os juizes começaram a ser sorteados. Na opinião do presidente do F.C. Porto «esta é a melhor forma de ser transparente, pois há maneira de verificar se existe manipulação». Se algum dirigente quiser podem-se abrir todas as bolas e verificar se os nomes são diferentes, «o que não acontece no computador», mas há quem discorde desta posição.  

A intenção de modernizar a arbitragem em Portugal levou a Comissão, presidida por José Luís Tavares, a solicitar a um programador a elaboração de um programa que «tornasse as coisas mais simples». Lima Brás estudou o Regulamento de Arbitragem e converteu as regras para computador, diminuindo drasticamente o tempo de sorteio dos árbitros, bem como dos auxiliares e observadores, que também são incluídos no sorteio a partir desta época. 

O tal sistema que já suscitou tanta polémica é fácil de explicar. Começa por introduzir-se os nomes de todos os árbitros com habilitações para ajuizar jogos das Ligas profissionais numa referida matriz, repetindo-se o processo para os auxiliares e para os observadores. O computador faz o resto, escolhendo os nomes aleatoriamente, seguindo a ordem dos encontros segundo o calendário oficial e sem relacionar qualquer grau de dificuldade, como acontecia no passado. Primeiro o programa escolhe os elementos para os desafios da I Liga, depois os da II Liga. É o tal sorteio puro, mas muito mais rápido do que se fosse realizado com as tais bolas. 

No entanto, Pinto da Costa conseguiu que o técnico de informática reconhecesse que o programa «internamente pode ser manipulado» e isso bastou para que o presidente portista recusasse continuar a discutir o assunto, mas a Liga assegura que, logo após o sorteio pelo novo sistema, «é possível verificar se houve manipulação» e até se chegou a falar na eventual presença de um elemento do Governo Civil para fiscalizar o processo. Em jeito de brincadeira, José Guilherme Aguiar desdramatizou a situação e referiu que também já houve contestação ao sorteio com bolas, pois havia pessoas que «havia bolas arrefecidas e aquecidas». 

Os directores-executivos da Liga e José Luís Tavares são acérrimos defensores deste novo método, afirmando que será «a melhor maneira de diminuir a margem de erro no sorteio», mas o velho sistema continua a convencer Pinto da Costa e isso foi suficiente para que Valentim Loureiro fizesse marcha-atrás na modernidade e desse ordem para que voltasse à velha ordem. Como já aconteceu esta tarde. Resta saber o que é que acham todos os outros clubes, que terão oportunidade para se expressarem na tal Assembleia Geral anunciada pelo presidente da Liga.

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