Benfica-Rosenborg, 1-0 (crónica)

27 fev 2004, 00:10

A vantagem no pé esquerdo de Zahovic Com o Rosenborg pouco eficaz no ataque, o Benfica não conseguiu chegar à segurança de um segundo tento.

O pé esquerdo de Zahovic recua depois do embate com a bola. Johnsen olha para trás, para a baliza que tão bem guardara durante 60 minutos. João Pereira e Nuno Gomes olham babados para o remate que ajudaram a fazer nascer. O primeiro golo, depois de tantos embates num muro de 10/11 homens, o único golo, acabava de acontecer. Um tiro contra as estalactites que cresceram a partir da barra, uma vantagem para guardar em Trondheim na segunda mão da terceira eliminatória desta Taça UEFA.

Um início empolgante de controlo da bola, com o vermelho a assenhorar-se do meio-campo contrário, sempre com vigilância apertada nas alas e no eixo central. O Benfica encontrava-se na pressão que fazia a dois terços de campo, com o Rosenborg demasiado tímido, respeitoso do nome do rival. Extremos que fechavam nas linhas, laterais que cobriam falhas dos centrais, um guarda-redes a soco nos cruzamentos, muitas pernas para ultrapassar. Os de «encarnado» mais convincentes em 20 minutos, com Miguel a fazer mais um número no ataque, sempre explosivo, sempre entusiasmante.

A equipa portuguesa demorou muito tempo a criar a primeira oportunidade, sobretudo por culpa dessa tendência proteccionista dos noruegueses, há muito tempo vocacionados para pouco mais que lançamentos longos para as costas da defesa e cruzamentos quase sempre bastante perigosos. Aos 42 minutos, Simão isolou Armando, mas o lateral, surpreendido com os metros que tinha pela frente, encolheu-se num último instante, encaixando mal na bola.

Antes, com unidades em sub-rendimento - casos de Nuno Gomes e Geovanni -, o Benfica aliviou a pressão sobre o meio-campo contrário e o quase eterno campeão norueguês apostou numa tendência contra-natura de trocas de bola, sempre na expectativa de uma falha de marcação pela frente. Perante a incapacidade de voltar a assumir a posse da bola, o conjunto treinado por José António Camacho afrouxou a persistência com que entrava às jogadas e demorou muito tempo a reencontrar-se, como aliás parece ser uma das suas principais lacunas no aspecto ofensivo.

O «joker» João Pereira e o regresso ao jogo de Nuno Gomes

Um onze forte do Benfica esta quinta-feira denunciava uma aparente ausência de soluções no banco. Mas Camacho voltou a descobrir nesse leque de suplentes um joker, mais uma vez João Pereira. Com a entrada do extremo ao intervalo - saiu Geovanni -, os «encarnados» voltavam a crescer no encontro. Simão demonstrou-o, aos 46 minutos, com um primeiro remate por cima, manifesto claro de intenções. Mas o Rosenborg avisava o adversário que não podia balancear-se no ataque e, no minuto seguinte, Storflor está perto do golo, depois de um passe de Karadas, com Moreira a sair rápido e a evitar a estreia do marcador.

Os segundos 45 minutos trouxeram ainda o regresso mais eficaz de um Nuno Gomes perdido do jogo da sua equipa durante toda uma primeira parte, em que falhou passes a mais, perdido na inferioridade numérica na zona frontal à baliza. Aos 51, o avançado teve um primeiro remate largo, que deu em canto, e nesse lance consecutivo, falhou de forma inacreditável, já sem Johnsen pela frente, ao segundo poste, bem perto da linha de golo.

Esse golo, no entanto, não ia demorar muito. Numa jogada de insistência de João Pereira, que trouxe muita raça e alegria ao flanco direito, o extremo viu Nuno Gomes do lado contrário da área e este amorteceu para o terceiro remate de Zahovic no encontro, o primeiro a motivar festejos dos adeptos (60m). O 2-0 esteve tão perto, aos 70 minutos, quanto Miguel o esteve do guarda-redes do Rosenborg. Valeu Johnsen numa rápida saída e alguma coragem junto aos pés do lateral. Camacho optaria ainda por dar a vez ao jovem Manuel Fernandes, numa estreia europeia do internacional sub-19, que não teve medo dos adversários e foi o autor de um remate perigoso pouco tempo depois.

Com o Rosenborg pouco eficaz no ataque, o Benfica não conseguiu chegar à segurança de um segundo tento. Na Noruega, em Trondheim, os «encarnados» têm de estar tão atentos na defesa como o estiveram hoje, e mostrar sempre que não estão acomodados ao resultado conquistado nesta primeira mão. Será que chega para os oitavos-de-final? A equipa de Camacho provou que tem futebol para a qualificação, resta saber se consegue ser melhor que o adversário, ainda em pré-época, na Noruega.

Benfica

Mais Benfica

Patrocinados