Major sonha com noite de insónia na Maia

26 mai 2001, 18:18

Nove anos a passar ao lado da I Liga

No caso, Major não é patente. É só um nome, de quem, por ironia, é capitão há dois anos, muitos depois de uma de várias tardes passadas nas Antas, na companhia do pai, em que percebeu que teria de ser jogador de futebol e um dia vestir aquela camisola, que o encantava e o fazia imaginar estádios repletos e sedentos pelo seu drible. 

Hoje, resignado com a condição de estrela menor, o Major portista é, talvez, um dos jogadores mais influentes do Maia e aquele que mais vezes percebeu que a I Liga lhe passava ao alcance do rabiscar de uma assinatura. Em anos sucessivos, clubes estreantes ou regressados quiseram contratá-lo, mas o Maia, onde joga pela nona época consecutiva, «sempre fez questão que ficasse». 

Aos 25 anos, convenceu-se de que a I Liga não era para si. Estava praticamente seguro de que as suas oportunidades haviam esgotado, longe de poder imaginar que, quatro anos volvidos, a I Liga voltaria a provocá-lo, parecendo mais perto do que nunca e dispensando, inclusive, a transferência. 

Um enorme equívoco arrefeceu a atracção recíproca. Ainda hoje está para perceber o que aconteceu naquele domingo, em que o Maia recebeu o Freamunde, último classificado, e perdeu. Agora julga-se dependente de um «milagre», que, esclarece, não tem qualquer sentido religioso. Acredita em sorte e azar ou, em alternativa, que o Maia voltou a ser infeliz em Coimbra, perdendo, depois de «uma grande exibição». 

A propósito do jogo de Espinho, fala repetidamente em «vencer», mas não consegue impedir-se de coçar-se a cada vez que lembra a dependência dos desfechos dos jogos que envolvem Setúbal e Varzim. «No ano passado empataram na última jornada», recorda. Não pede tanto agora, bastando-lhe apenas que um deles tropece.  

À noite em claro sabe que não escapa. Depois de concluída a II Liga, sabe que não conseguirá dormir. Se o «milagre» não acontecer, revolverá lençóis e almofada, ainda à procura de explicação para a derrota diante do Freamunde. Se a conjugação de resultados determinar a subida, ninguém o conseguirá segurar. «Obviamente», sorri, «espero não pregar olho justamente por não estar na cama».

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