«Nunca uma despedida me custou tanto», confessa Neca

5 dez 2000, 12:38

Treinador demitido foi esta manhã às Aves Na hora da saída, Neca lembrou a ligação afectiva que tem com o clube avense e não escondeu alguma mágoa. Ainda assim, garante que aceitou a demissão «para ajudar o Aves»

Uma despedida com alguma amargura. Neca chegou ao Estádio do Aves por volta das 10 horas desta manhã de terça-feira. Despediu-se do plantel no balneário e falou aos jornalistas em seguida. Visivelmente triste e emocionado, Neca começou por dar uma palavra de gratidão à comunicação social, «pela cobertura feita ao Aves e pela imparcialidade verificada nas análises». 

De seguida, regozijou-se pela «honra de dirigir um conjunto de excelentes profissionais, inexcedíveis, de grande gabarito». Sobre o Aves, sublinhou que é «mais do que um clube». «Tratou-se de um conjunto de afectos que já existem há cerca de 15 anos». «Escravo da palavra e dos princípios», Neca defendeu a «verticalidade que deve acompanhar sempre os homens» e acrescentou: «Esta época entrei com a ilusão do costume. Fazer um campeonato bom, positivo. No início foi muito difícil, porque andámos sempre com a casa às costas, as obras no estádio eram fortes e dinâmicas. A 13.ª jornada foi de azar, pois culminou com a minha saída deste projecto. Estou muito ligado a este clube, pelos pontos máximos que atingiu. Sempre estive envolvido neles e estávamos com a vontade de fazer um bom campeonato. Foi pena! As imagens não mentem. Estamos a uma vitória da manutenção».  

O treinador agora despedido garante que vai deixar «uma equipa rigorosa, disciplinada, séria e coerente. O meu substituto vai encontrar um balneário excelente. Seguramente nunca encontrou melhor. A equipa está a uma vitória da manutenção. Agora que as coisas estavam a ficar boas, sinto uma grande tristeza e mágoa. Quero dar um abraço de grande amizade e solidariedade a este plantel e desejar ao clube as maiores felicidades, porque as merece». 

O homem que pôs o Aves de novo na I Liga reconheceu existir «uma grande relação de amizade com o clube, com a vila e com as pessoas», mas sai do clube, «sabendo que amanhã é outro dia. Há mais desafios, mais futebol e continuarei a fazer o meu trabalho com grande entusiasmo». 

Dentro desta linha de raciocínio, Neca parte com o «sentido do dever cumprido». Admite que «gostava de cumprir o projecto, mas tal não foi possível». «Paciência», alude, desejando aos seus sucessores «as maiores felicidades». 

Em termos de reequilibrio do plantel, constata que vinda de Luís Cláudio será «uma mais-valia para o plantel, bem como o Josivan, um jogador com qualidade». Lamenta não ter tido «o prazer de os treinar», mas não tem dúvidas: «São dois contributos que desejávamos e que nos iriam ajudar a consolidar na I Liga. Foi pena. É a vida e essa continua. Estou habituado a trilhar missões muito difíceis. Parte da obra está cumprida. A vida faz-se de construções permanentes e parto para outros desafios», admitindo ainda que o despedimento foi «a mais dura penalização» que teve. Aceitou-a com o intuito de «ajudar o Aves».

Patrocinados