«Benfica é uma incógnita», diz Jaime Pacheco

21 set 2000, 17:09

Treinador do Boavista anteviu jogo com o clube da Luz Pacheco considera que o Benfica tem mais ambições que o Boavista, recusando a ideia de que os encarnados são o seu principal rival na luta pela Europa. Sobre a entrada de Mourinho, saúda a escolha de um português e receia os efeitos da chicotada

Jaime Pacheco é um treinador tranquilo. Para ele, a derrota da passada segunda-feira, diante do Braga, não passou de um acidente de percurso. «Quando se ganha, nem tudo é bom, do mesmo modo que quando se perde nem tudo é mau». 

Depois de ter sido anunciada a saída de Hernâni Ascenção do departamento de futebol, Jaime Pacheco fez questão de recordar o dirigente: «O Hernâni Ascenção é uma pessoa de quem gostamos muito. Gostaríamos muito de lhe poder dedicar uma vitória sobre o Benfica, ainda que isso seja muito pouco para tudo o que ele deu ao Boavista ao longo destes anos». 

Perguntado sobre o Benfica, o treinador boavisteiro não abriu muito o jogo. Pelo menos, garante que pouco sabe dos encarnados... «As equipas neste campeonato são bastante equilibradas. O Boavista pode ganhar a todas, mas também pode perder com todas. O Benfica é uma incógnita, não conheço muito bem como jogam...» 

A nova equipa técnica do clube da Luz não mereceu de Pacheco muitos comentários. O treinador boavisteiro preferiu não meter a foice em seara alheia... «Nada tenho que ver com o Benfica, não é essa a minha casa», respondeu. Ainda assim, Pacheco destacou um facto que considera positivo na troca de Heynckes por Mourinho: «Digo sinceramente: prefiro que seja o Mourinho a um treinador estrangeiro. Não é por acaso que Porto, Benfica, Sporting, Boavista e o primeiro classificado, o Braga, têm treinadores portugueses. Finalmente, os clubes portugueses estão a ir pelo bom caminho e perceberam que o que é nacional é bom». 
 

«As chicotadas trazem sempre mudanças» 

Para Pacheco, o facto de Mourinho se estrear no Bessa pode ser um risco para o Boavista. E explica porquê: «Geralmente, as chicotadas psicológicas geram sempre algumas mudanças. Para já, os jogadores que jogam menos vêem nisso uma oportunidade de poderem entrar na equipa. Mesmo que o Mourinho não faça grandes alterações no estilo de jogo, essa será uma diferença. Mas os jogadores são os mesmos. O que receio mais no Benfica é o seu colectivo». 

Entrando em pormenores sobre o onze que poderá desfilar no Bessa, Pacheco

começou por sublinhar as dificuldades por que passa para tomar algumas decisões. E especificou: «Estou mortinho por pôr o Quevedo a jogar. Ele também. Mas há que esperar pelo momento certo. O Geraldo, por exemplo, entrou bem no jogo com o Braga, mas se o tivesse posto de início e as coisas corressem mal, queimava o Jorge Silva e diziam que tinha arriscado de mais». 

Os últimos treinos indiciam que William poderá ficar no banco, por troca com Ricardo. Mas Pacheco deixou no ar a ideia de que tal não acontecerá: «Não gosto de estar sempre a mudar. Já vou ter que alterar o defesa-direito, pretendo fazer o mínimo de alterações possíveis. Às vezes dizem e com razão que os treinadores estão sempre a mudar a equipa. Em nove jogos, ganhámos sete, empatámos um e perdemos um. Se geralmente ganhamos, não é por termos perdido com o Braga que há razões para mudar».  

A arrumação surpreendente que a tabela da I Liga nos mostra levanta a questão de quais poderão ser as ambições do Boavista. Pacheco corta quaisquer ideias sonhadoras: «Os objectivos do Boavista são exactamente os mesmos da época passada: lutar por um lugar europeu. Por isso, os nossos rivais são o Guimarães, o Braga, o Marítimo. Porto, Benfica e Sporting estão uns patamares acima, são candidatos ao título. A nossa ideia é tentar intrometer-nos entre os primeiros. Um bom exemplo disso tem sido, até agora, o Braga».

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