Os dias difíceis de Argel

2 jun 2001, 16:59

Do F.C. Porto ao Palmeiras em via aberta com a polémica

Polémico e irreverente, Argel espalhou um manto de controvérsia quando representou o F.C. Porto na época de 1999/2000. Rotulado de central rápido e valente, não conseguiu encantar os adeptos, nem sequer convencer o treinador Fernando Santos. Apenas fez cinco jogos completos e marcou um único golo, frente ao União de Leiria. Pouco para quem tinha custado cerca de 700 mil contos e era visto como o digno sucessor de Aloísio no eixo da defesa. Mas tudo não passou de uma esperança ténue. 

Pisou solo português com os compatriotas Rubens Júnior e Alessandro, curiosamente jogadores que também não se adaptaram à realidade do futebol lusitano. Nas primeiras jornadas, ainda constituiu aposta do técnico azul e branco, mas uma arreliadora lesão esmoreceu o sonho de vencer na Europa. Foi operado a uma hérnia inguinal e depressa deixou de ser opção. Sucederam-se problemas. Diz-se que o seu relacionamento com o capitão Jorge Costa não era o melhor e que tudo podia ser diferente se o brasileiro jogasse no lado direito ¿ o seu preferido ¿ em vez de actuar constantemente no esquerdo. 

À medida que os dias iam passando, estalava o descontentamento. Nascia a polémica e os desagrados eram notícia nos jornais. Argel não se inibia a dar entrevistas controversas até que foi dado como transferível pela SAD do F.C. Porto. Antes do final do ano, quando os dragões mediram forças com o Real Madrid, o brasileiro acabou por ser substituído por Aloísio no desenrolar do encontro. A partir daí, a equipa passou a jogar melhor e venceu o jogo, numa altura em que se suspeitava da real existência da lesão de Argel. Houve mesmo quem dissesse que a sua saída do campo passou por outros motivos, relacionados com a própria pressão do desafio, o que caiu mal no balneário. 

Em Dezembro de 1999, um dirigente do Santos tenta o regresso do jogador ao seu antigo clube. Em vão. A transacção só aconteceria em meados de Fevereiro de 2000, após contactos com Sebastião Lazola, um dos responsáveis pelo Palmeiras. Nasce o acordo e a transferência por 600 mil contos, envolvendo a cedência de Paulo Assunção. 

Diz-se que destruiu um computador 

No período em que se desenrolavam as negociações, diz-se que Argel perdeu a cabeça face à intransigência dos responsáveis azuis e brancos. Segundo rezam alguns rumores, o brasileiro terá, inclusive, destruído um computador da SAD, Acto prontamente negado por Pinto da Costa. «Isso é completamente falso. Mas até dava jeito que fosse verdade. Assim, pedíamos mais uma indemnização ao Palmeiras», disse, na altura. No dia 5 de Fevereiro, o jogador já tinha partido para o Brasil para «tratar de situações dramáticas», explicou o presidente portista. 

No Brasil, voltou a ser notícia pela negativa. Acusou alguns colegas de equipa, nomeadamente o guarda-redes Marcos e deu a entender má conduta extra-desportiva. Disse que alguns jogadores saíam à noite e participavam em churrascos, afirmações que não caíram bem no seio do plantel do clube de S. Paulo. Essas insinuações levaram ao seu afastamento do grupo, deixando mesmo de participar nos treinos por vontade expressa do seu treinador, Celso Roth,. 

Este sábado regressou a Portugal. Já está em Lisboa, onde irá reforçar o Benfica nas próximas temporadas. Aos 26 anos, tem nova oportunidade para mostrar aquilo que foi incapaz de dar a conhecer no F.C. Porto. Resta saber se continua a ter o mesmo feitio irreverente.

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