Salgueiros-Belenenses, 2-0 (reportagem)
Os dois treinadores, Vítor Manuel e Marinho Peres, tinham em comum, no final do jogo, além do ar abatido de quem passou duas horas num forno de alta temperatura, a vontade de falar mais da temporada finda do que propriamente dos 90 minutos.
O técnico do Salgueiros começou por dar mostras de alguma satisfação pelo fim do jejum de vitórias em casa: «Terminamos a época como a começámos, e acho que já merecíamos isto» afirmou, antes de partir para o balanço da temporada salgueirista. «Fizemos um excelente campeonato, com algumas oscilações, é certo. Mas valeu a pena ter apostado em tanta gente nova. Tivemos alguns jogos muito bons, em alguns momentos embelezámos a I Liga e acabámos por estar bem em dois terços da prova».
O mau final de época foi explicado assim por Vítor Manuel: «Garantindo a permanência a dez jornadas do fim, era natural que houvesse alguma quebra. Mas hoje demos continuidade à boa exibição da Luz e apagámos uma sequência negativa, que era o que eu tinha pedido aos jogadores», referiu.
Sobre o jogo propriamente dito, afirmou tratar-se de «uma vitória justa, sob um calor tremendo. Os jogadores foram submetidos a um esforço horrível, mas correram e conseguiram mesmo alguns períodos de bom futebol, com jogadas muito bonitas. 2-0 talvez seja tradução escassa para o que fizemos, mas uma vitória mais dilatada teria sido castigo severo para o Belenenses, que foi muito profissional e cumpriu uma bela temporada».
Bem ao seu estilo, Vítor Manuel distribuiu felicitações e agradecimentos a tudo e todos minimante ligados ao clube, desejou as melhoras do líder da «Fúria Azul», e deixou ainda uma mensagem para o futuro: «Isto não acaba aqui, é só um até amanhã. Há jogadores que vão sair, outros que vão chegar, e custa sempre mexer num grupo tão unido como o nosso. Mas esta vida não se compadece com sentimentalismos», concluiu o mais sentimental dos técnicos portugueses.
Marinho Peres: «Quem não tem atitude não ganha»
O treinador do Belenenses surgiu conformado, tentando disfarçar alguma contrariedade pelas duas más exibições com que os azuis se despediram da temporada: «Não estivemos bem, nem tivemos atitude que merecesse uma vitória. Quando é assim, por certo que não se ganha. Nos últimos dois jogos não conseguimos apresentar o futebol exibido no resto do Campeonato. Fica sempre aquela ambição de ir um pouco mais além, e não fomos capazes de superar-nos para isso», lamentou.
Pondo um travão no derrotismo, o técnico brasileiro enumerou os aspectos positivos: «Fizemos 52 pontos, atingimos os nossos objectivos iniciais e realizámos uma temporada como há muito tempo o Belenenses não fazia. O futebol de qualidade só nos faltou nestes últimos dois jogos e não deixa de ser agradável olhar para trás», salientou.
Abordando ao de leve as indefinições em relação ao plantel da próxima época, Marinho admitiu que «estamos numa fase de incertezas quanto a quem fica e quem sai, e isso afectou o nosso rendimento. Não deveria ter acontecido, mas aconteceu», acrescentou, antes de, com um encolher de ombros, acrescentar: «Mas daqui por um mês estamos de volta, para tentar, pelo menos, fazer algo de parecido com o sucedido esta época». Não escondendo a curiosidade pelos outros resultados da jornada, Marinho aprestou-se a dar os parabéns ao U. Leiria, e também ao campeão Boavista, apesar da derrota sofrida nas Antas. E seguiu para o autocarro, por certo desejando entrar de férias rapidamente. Como todos os seus jogadores...
