80 países medalhados nos Jogos Olímpicos

1 out 2000, 16:26

Estados Unidos lideram tabela Terminaram os Jogos Olímpicos de Sydney e nas contas do balanço a ordem é previsível - Estados Unidos na frente do quadro de medalhas, Rússia a seguir, depois a China. Mas houve 80 países representados nos pódios de Sydney, ao longo de 300 finais. A natação teve resultados esmagadores, o atletismo voltou a ser rei, houve muitos protagonistas.

Mesmo sem guerra fria e sem União Soviética, a ordem do quadro de medalhas dos Jogos Olímpicos não se alterou por aí além. Numa lista onde constam os nomes de 80 países, os Estados Unidos ocupam o primeiro lugar, com 97 medalhas, 39 das quais de ouro. Segue-se a Rússia, com 88, correspondentes a 32 vitórias.  

Em terceiro lugar aparece a República Popular da China (59) e, depois, o país anifitrião, a Austrália, que apostou muito nestes Jogos, como acontece quase sempre com a nação organizadora, e recolheu os frutos. 

Entre 10500 atletas, apenas um décimo ganhou medalhas em Sydney. Isto ao longo das 300 finais das várias disciplinas, nas 28 modalidades em competição nos Jogos.  

Sydney assistiu à estreia de alguns desportos, como o triatlo e o taekwondo, e de várias disciplinas - nomeadamente femininas, no ano que assinalava o centenário da estreia das mulheres em Jogos. 

No país onde a natação é dos desportos mais acarinhados, a competição olímpica da modalidade esteve à altura do entusiasmo dos adeptos e é aquela em que o balanço é mais esmagador.  

Bateram-se nada menos que 15 recordes mundiais na piscina. Concebida de forma a potenciar as «performances», a piscina do Aquatic Centre de Sydney esteve à altura do título de mais rápida do mundo. 

O australiano Ian Thorpe, com três título e dois recordes do mundo, foi a primeira grande figura dos Jogos, mas os grandes protagonistas da natação acabaram por ser dois holandeses - Pieter Van den Hoogenband, que superou Thorpe e o eterno Alexander Popov, e Inge de Bruijn, que ganhou três provas e estabeleceu outros tantos recordes do mundo. 

No atletismo não houve recordes mundiais, mas a modalidade confirmou-se como a rainha dos Jogos e o estádio olímpico foi o cenário de alguns dos grandes momentos destes Jogos, que confirmaram alguns deuses do estádio e testemunharam a despedida de outros.  

Michael Johnson conquistou, pela primeira vez na história olímpica, a segunda vitória consecutiva nos 400 m, Marion Jones falhou as cinco medalhas de ouro mas despede-se com três vitórias e duas medalhas de bronze.  

Quanto a despedidas, Sergei Bubka, o senhor da vara, confirmou que chegou o seu fim, numa prova em que não conseguiu saltar a fasquia uma única vez. Desilusões, também houve, a maior dos quais responsabilidade da francesa Marie José Perec, dupla campeã dos 200 m e 400 m, que pura e simplesmente fugiu de Sydney sem competir, dizendo-se perseguida. 

Os Jogos de Sydney assinalaram também algumas estreias - antes de mais a de Timor, que teve quatro atletas em competição, mesmo que, por enquanto, o tenham feito sob a bandeira do Comité Olímpico Internacional (COI). 

Estes Jogos marcaram ainda a estreia de Moçambique no lugar mais alto do pódio, com o ouro de Maria de Lurdes Mutola nos 800 m.  

Os Camarões conquistaram também em Sydney a sua primeira medalha olímpica. E logo de ouro, e logo no futebol, o desporto mais popular do mundo, ainda que não o seja nos Jogos. 

Nos desportos colectivos não houve grandes surpresas. Os Estados Unidos conquistaram o ouro no basquetebol, mesmo se sofreram mais do que seria previsto, com a actual versão da «Dream Team»; a Rússia foi campeã no andebol, ao vencer a Suécia na crónica final da modalidade em grandes competições; só no voleibol a Jugoslávia quebrou a regra, batendo na final a Rússia, depois de ter afastado a Itália, crónica campeã do mundo. 

No meio disto tudo há muitos protagonistas. Veteranos que têm mais medalhas do que dedos da mão, como o remador inglês Steve Redgrave, que conquistou cinco medalhas de ouro em cinco Jogos Olímpicos diferentes ou a canoista alemã Birgit Fischer, que já vai em dez medalhas, ao longo de vinte - sim, vinte - anos em Jogos Olímpicos - desde Moscovo, em 1980, ganhou sete vezes ouro e três prata. E, porque era natural da então RDA, falhou os Jogos de Los Angeles.... 

Nos Jogos, todos ganham outra dimensão, todos se arriscam aos seus segundos de fama. Nem que seja de forma algo patética. O que pensar da história de Eric Moussambani, da Guiné-Equatorial, que foi aos jogos com um convite, nunca tinha nadado numa piscina de 50 metros, competiu sozinho, levou quase dois minutos a nadar os 100 m livres, mas teve os 18 mil espectadores do Aquatic Centre a puxar por ele e tornou-se tão famoso que até já ganhou o patrocínio de uma marca desportiva?

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