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Ensaios de sono (Crónica)

30 jul 2000, 21:55

Sp. Braga venceu Portuguesa nos penalties O Sp. Braga assegurou o terceiro lugar no Torneio Cidade do Porto com uma vitória sobre os brasileiros da Portuguesa nos penalties. O jogo foi repetitivo, os golos chegaram por lapso.

Só um número razoável de variantes experimentais perdoaria um amontoado de lapsos, de articulações deficientes, repetitivas, facilmente mecanizáveis e, quantas vezes, exasperantes. Só Cajuda não se irritaria, revendo a fórmula, reconsiderando a mistura, juntando e subtraindo componentes, agitando o tubo de ensaio e conseguindo, invariavelmente, o mesmo composto, demasiado volátil e quase nada corrosivo. 

Se acrescentava velocidade e brilho, na mistura de um par de pernas velozes e num conjunto de pezinhos de lã, a solução perdia consistência, exibia fendas. Se lhe juntava força e retenção, evaporava-se a agressividade e esfumava-se a acutilância.  

De ensaio em ensaio, Cajuda coçava o couro cabeludo e assegurava apenas um compromisso em tudo idêntico ao adversário que se lhe opunha: muita macieza, pouca clarividência e só umas pitadas de arte, diluídas nos dribles de Edmilson ou nas congeminações de Castanheira, porque dos pés de Luís Filipe, por hábito mais dotados, nada de interessante ou desequilibrador nasceria. 

De erro em mal-entendido, os golos aconteceram por lapso. Por Edmilson, na recarga a um remate de N¿Guema que falhou o alvo, e por Idalécio que empatou num autogolo que só queria ser um corte. O jogo continuaria a confundir-se com um longo bocejo, um exercício masoquista de tédio, para ganhar brilho súbito e meramente pontual num serpenteado de Da Silva, que tirou uma defesa inteira da frente e ofereceu o golo a Cesinha. Um penalty, a poucos instantes do fim, imporia a transformação de mais uns tantos, a forma de desempate encontrada para evitar o prolongamento do sono. 

Na marca de grande penalidade, o Braga tremeu menos. Já havia sido ligeiramente superior a todo o terreno e assegurou o terceiro lugar do Torneio Cidade do Porto no ponto de maiores angústias. 

Ficha do jogo 

Jogo no Estádio do Bessa, no Porto

Árbitro: Paulo Paraty (Porto)

Auxiliares: Devesa Neto e José Cardinal

BRAGA ¿ Paulo Morais; Zé Nuno, Artur Jorge, Idalécio, Rodrigo; Barroso; Jordão, Castanheira (Britez, 45m), N¿Guema (Luís Miguel, 45m); Luís Filipe (Fabinho, 61m) e Edmilson (Toni, 45m)

Treinador: Manuel Cajuda

PORTUGUESA ¿ Marcelo Moreto; Júlio César, Emerson, Tinho, Paulo Fabrício; Ricardo Lopes; Sandro, Simão, Evandro; Jean Carlos (Cesinha, 60m), Júnior Amorim (Da Silva, 60m)

Treinador: Lula Pereira

Ao intervalo: 1-1

Marcadores: Edmilson (35m), Idalécio (p.b., 41m), Cesinha (86m), Barroso (g.p., 90m)

Grandes penalidades: Barroso, Artur Jorge e Fabinho; Ricardo Lopes e Sandro

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