Belenenses-Sp. Braga, 2-1 (crónica)

22 out 2000, 23:53

A dois ou três jogadores de um jogo admirável A repetição é propositada: faltaram apenas mais dois ou três jogadores a este jogo. Com um pouco mais de Eliel e Edmilson, alguma coisa de Riva e uma noite «normal» de Marcão e Fehér teríamos assistido a uma partida admirável. Mas, se assim tivesse sido, como poderíamos admirar a qualidade da defesa do Belenenses? Enfim, há pessoas que nunca estão satisfeitas... Faltou um pouco de drama na queda do último herói do campeonato.

O Belenenses passou quase todo o tempo a procurar explicar por que anda tanta gente a falar (bem) da equipa. O Sporting de Braga disse duas ou três palavras e preferiu deixar para mais tarde as justificações para um início de época tão competente. E foi por isso que um jogo bom não entrou da galeria das partidas admiráveis. 

Os de azul fizeram muito pelo jogo. Tudo começou em Marinho Peres. Como se a sua equipa não fosse já acentuadamente ofennsiva, o treinador do Belenenses resolveu trocar um médio, Lito, por mais um avançado, Marcão. A ver como funcionava. Apesar de Marcão não ter estado em noite sim, funcionou. 

Aliás, é isso que mais impressiona nesta equipa do Belenenses: mesmo quando a música não soa tão afinada, dá gosto ouvi-la. Podemos sempre esperar que a inspiração reapareça e com ela o prazer. 

Este domingo foi assim. Tudo aquilo começou tão afinado que dava gosto. Lá atrás mora uma das melhores defesas do campeonato. Tão boa que jogadores que um dia pareceram perdidos, como Filgueira ou Pedro Henriques, ou viram passar a carreira ali mesmo à mão, como Wilson, formam hoje um quarteto respeitável. E, mais do que respeitável, difícil de passar como o raio. 

De entre os quatro, Cabral foi o mais brilhante. Defendeu tanto como os outros e teve tempo para ir lá acima. Tinha encontro marcado com a sorte e desencontraram-se por muito pouco. 

Além da defesa para ninguém botar defeito, um meio-campo sereno e construtivo e um ataque com Guga, muito Verona e Eliel quanto baste. Para que a história do jogo estivesse escrita, versão definitiva, ao intervalo só faltou quem encontrasse o caminho mais curto para a baliza de Quim. Devia ser Marcão, mas não marcou. 

Ao jogo feliz do Belenenses não respondeu o Sporting de Braga. Veja-se a descrição da primeira parte ao minuto: apenas dois lances de perigo, e ainda assim um perigo relativo. A equipa de Manuel Cajuda resistia como podia atrás, era competente no meio-campo e na frente apenas ameaçava. Ao intervalo, era pouco Braga. 

Primeiro Cajuda, depois Marinho 

Não podia ser. De facto, podia. O Braga, mais que andar mal, não andava. Mas isso iria mudar. Bastou entrar Luís Filipe. Manuel Cajuda respondia a Marinho Peres com as mesmas armas: velocidade nos flancos e engenho no meio. As equipas adoptavam esquema idênticos: quatro defesas, dois médios de ficar, um criativo (Verona e Edmilson) e três avançados, um deles ineficaz (Marcão e Riva). 

Com este cenário, só poderia haver um jogo equilibrado. Houve. Em relação aos primeiros 45 minutos a novidade era grande: aparecera mais uma equipa em campo. Dizer que o empate do Sp. Braga não espantou seria exagero, mas a versade é que Luís Filipe já ensaiara aquele movimento. Daquela vez tudo deu certo e Edmilson marcou. Em cheio, Manuel cajuda. 

O golo voltou a baralhar todas as contas. Agora a partida estava mais aberta. O Belenenses não jogava tão bem como na primeira parte e o Sporting de Braga parecia finalmente estar a gostar da noite no Restelo. Foi aí que Marinho apareceu. 

O treinador do Belenenses fez uma substiuição politicamente incorrecta: a empatar, retirou um dos goleadores da equipa. Ver-se-ia cinco minutos depois que tinha razão. Cafú entendeu como ninguém o movimento de Verona e a bola só parou nas redes de Quim. 

Dezoito minutos depois do empate, o Belenenses voltava a uma posição confortável, que não mais perderia. O resto do filme foi o habitual nestas alturas: muita correria de quem perde, sacrifício de quem está ali para segurar três pontos. Mais encosto, menos aflição, deu certo para o lado azul.  

O árbitro? Que bem ele esteve.

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