Beira Mar-Marítimo, 2-2 (crónica)

17 jan 2004, 00:13

O festejo pelo desperdício

A perdição de um golo ali tão perto. A necessidade de confirmar o sucesso da forma mais eficaz. Tudo isto falhado. O Marítimo esteve tão perto de vencer que chega a ser constrangedor perceber como o não conseguiu fazer. Isto porque, mesmo jogando num terreno alheio, numa casa empolgada de nova, marcou dois golos e teve três fabulosas oportunidades para mais, mas desperdiçou-as. No final teve de se vergar à evidência de levar para a Madeira apenas um empate por 2-2, esse sim um resultado feliz para o Beira Mar, que conseguiu segurar o quinto lugar neste arranque da segunda volta.

63, 65 e 71 foram os minutos da perdição madeirense. Nas duas primeiras ocasiões o protagonista foi Alan, que não conseguiu acertar nas redes depois de excelentes jogadas de Danny na esquerda. Isolado, o brasileiro permitiu a defesa de Marriot, que desviou a bola para a barra, e depois atirou ao lado quando os animados adeptos madeirenses já contavam tocar o bombo da festa. Na derradeira oportunidade houve inversão de papéis, com Alan a cruzar para a pequena área e Danny a cabecear ao lado. Na melhor altura do encontro para o Marítimo muitos terão pensado que a vitória seria fácil. O jogo estava empatado, o Beira Mar tinha acabado de fazer o 1-1, por Zeman, mas os madeirenses chegariam à vantagem a dez minutos do fim, curiosamente por Alan, que aproveitou uma das muitas falhas na defensiva adversária para tentar tapar desperdícios prévios.

Os aveirenses continuaram encantados com um estádio que revela um crescimento impressionante do clube, comparando com a anterior casa. Com 11300 pessoas nas bancadas, muito provavelmente a melhor assistência da época, os jogadores apresentaram algum nervosismo, revelaram falta de adaptação a um relvado muito rápido e, em alguns locais, com peladas. Perante um adversário muito forte a meio-campo e com os tais dois jogadores perigosíssimos no ataque, os da casa sentiram enormes dificuldades durante quase todo o encontro. O golo de Wénio serve como paradigma disso mesmo, pois é um lance em que Danny lê bem as brechas na defesa rubro-negra para isolar o colega, que não está em fora-de-jogo. Um golo que surgiu contra a corrente, mas que ao intervalo já se justificava.

Sem Juninho, o empate

A equipa não conseguia reagir, até porque algumas das peças fundamentais não reagiam, nem apresentavam recursos suficientes para ultrapassar as adversidades. Juninho Petrolina era marcado implacavelmente por Zeca, Wijnhard apresentava-se sem qualquer tipo de mobilidade e o flanco direito não tinha profundidade, órfão do castigado Ribeiro. Sousa mexeu ao intervalo, foi arrojado, e recebeu o prémio do empate. Tirou Juninho, apostou em João Paulo e recolheu os louros, pois não só melhorou a produção do Beira Mar, como evitou a derrota e poderá ter ganho um recurso de ataque para o futuro próximo. Talvez mesmo já para o Bessa.

A sucessão de acontecimentos até ao 1-2 madeirense culminou no tal golo de Alan. Com dez minutos para jogar já poucos seriam os que acreditavam em algo melhor do que a derrota. Começaram a sair as primeiras pessoas, talvez para evitarem os previsíveis congestionamentos nos inapropriados acessos ao estádio. Pois, tiveram de voltar para trás quando três minutos depois ouviram o estridente barulho do «speaker» a gritar golo e um bruá amplificado pela acústica do novo Mário Duarte, anunciando o empate conseguido pela insistência de João Paulo, que mesmo junto à linha final acreditou que era possível acertar na baliza. O festejo era justificado, porque já nem o treinador acreditava no empate.

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