Sacrifícios de Rui Baião e a noite negra de Simão Do ostracismo à ribalta, Rui Baião pautou o jogo do Varzim, na noite negra de Simão.
Rui Baião
Viveu episódios negros no Benfica, condenado ao ostracismo e a momentos sombrios - argumentos de sobra para se transcender frente ao clube que o projectou futebolisticamente. Fez do sofrimento uma máxima de vida, pautou a pente fino as jogadas ofensivas do Varzim, descobriu zonas livres onde mais ninguém conseguia descortinar uma nesga seca por causa da água que ensopava o relvado e assinou uma exibição plena de sacrifício. Preencheu espaços, foi o dínamo da dupla ofensiva João Paulo e Pepa e fez passes que originaram as melhores oportunidades da sua equipa. Rui Baião prendeu alguns movimentos a Tiago e a Ednilson e ajudou a explorar algumas debilidades do adversário, nomeadamente as faixas laterais. Esteve em todo o lado.
Jorge Ribeiro
Outro caso de ostracismo sob o símbolo da águia, por isso não é de estranhar a entrega absoluta ao ponto de fazer um jogo quase transcendente para provar o seu valor - condenado ao fracasso no Benfica, mas sobejamente aproveitado no Varzim. Incomodou Éder, aproveitou as debilidades defensivas do seu adversário mais directo, ao ponto de conseguir chegar inúmeras vezes à grande área, onde obrigou o guarda-redes Moreira a atenção redobrada. Jorge Ribeiro actuou do meio-campo para a frente, explorou o lado esquerdo do ataque, lançou o pânico na defesa contrária e mandou uma bola à barra. Ninguém tenha dúvidas do seu valor.
Quim Berto
Pé direito muito quente e grande capacidade de precisão no passe longo. Actuou como lateral direito, deixou Cabral em estado de sítio, mas só de bola parada mereceu flashes dos fotógrafos ao estar envolvido nos dois golos do Varzim. Assistência primorosa para o golo de Gilmar, na sequência de um livre do lado esquerdo, e frieza na hora de marcar a grande penalidade que colocou a sua equipa em vantagem no marcador. Graças à sua acção, desenhou cruzamentos perigosos e incómodos para o guarda-redes Moreira e quase todos os seus movimentos ficaram marcados pela simplicidade de processos e pela grande eficiência na hora de defender.
Ricardo Rocha
À medida que o tempo passa confirma-se a tese que é o central do Benfica com melhor sentido de posicionamento e grande determinação defensiva, argumentos de sobra para ofuscar a concorrência e ganhar protagonismo perante os colegas de sector. Houve alturas em que Ricardo Rocha parecia ser feito de borracha, tal era a sua acção de sacrifício - tanto à direita como à esquerda ¿ a estancar os lances ofensivos do Varzim. Ricardo Rocha desdobrou-se em carrinhos e em cabeçadas carregadas de raiva face ao constante assédio do adversário, nomeadamente na primeira parte. Não pode ser acusado da derrota.
Moreira
Teve muito trabalho. Se muitos consideram a saída da baliza a grande debilidade do guarda-redes do Benfica, terão de rectificar a ideia porque Moreira foi constantemente bombardeado pelos extremos do Varzim e acabou por ser um herói quando erguia os braços e agarrava as bolas na linha limite da pequena área. Na primeira parte, fez uma defesa muito difícil a cruzamento de Rui Baião - Pepa aproximava-se da zona de perigo ¿ e correspondeu quando foi chamado a intervir. Não teve culpa dos golos e foi dos quem mais enervou os avançados contrários.
Simão
Viveu uma noite sem estrelas no céu - não teve tempo para arrancar porque as poças de água foram um incómodo ¿ e sentiu dificuldades num terreno pesado, a aconselhar prudência para quem faz da velocidade uma arma. Depois de ter cumprido um jogo de castigo, regressou à equipa e a sua actuação ficou marcada pela infelicidade. Esteve longe do jogo, também porque actuou nas costas dos pontas-de-lança e longe das faixas laterais onde costuma desequilibrar, depois viu dois cartões amarelos por exceder os limites do razoável. A partir dos 60 minutos, o Benfica ficou reduzido a dez elementos e perdeu o típico médio de ataque. Simão tinha como missão organizar o futebol ofensivo, mas raramente teve oportunidades para isso.
