Bi-Bota de Ouro sabe do que fala «Têm um excelente sentido de golo e são referência para os seus companheiros». Fernando Gomes garante que as afinidades entre Pena e Jardel permitem que o F.C. Porto continue goleador, mesmo depois de ter perdido o seu jogador mais certeiro.
«Têm estilos diferentes, mas jogam com o mesmo objectivo». Fernando Gomes ia directo ao assunto e principiava pelo tema que melhor domina. O Maisfutebol pedia-lhe para falar de Pena e Jardel, o antigo avançado do F.C. Porto partia pelo caminho mais acessível, aquele que percorre de olhos fechados. Falava de golos, com a autoridade de quem os marcou de todas as formas e feitios.
«Há dois aspectos em que são rigorosamente iguais», afirmava, sem dar tempo a nova pergunta do outro lado da linha telefónica. «Têm o mesmo sentido de golo e conseguem ser referências no centro do ataque para os seus colegas». Gomes resumia tudo num par de qualidades indispensáveis a um matador e cumpria antecipadamente metade da explicação seguinte. «É por isso que encaixaram perfeitamente na máquina montada pelo Fernando Santos», assegurava, constatando que «o sistema de jogo actual é o mesmo das duas épocas anteriores».
A convergência nas características principais de Pena e Jardel ficou igualmente comprovada pelo regresso ao 4x3x3 assumido por Fernando Santos assim que o avançado contratado ao Palmeiras chegou ao plantel. «A equipa tinha um sistema muito enraizado que precisava de tempo para ser alterado. No futebol, e mais concretamente no F.C. Porto, no entanto, não se pode esperar pelos bons resultados, por isso resolveu-se voltar a um esquema que dava garantias».
Gomes acredita, todavia, que não foi por falta de qualidade que Domingos e Pizzi não conseguiram fazer esquecer Jardel. «São dois excelente jogadores», recorda, justificando o insucesso de ambos com a tal troca táctica momentânea. «Tiveram a infelicidade de apanhar o conjunto numa fase em que estava a tentar adaptar-se a uma nova realidade e acabaram por perder confiança. O Pena, em contrapartida, começou a jogar no esquema habitual do F.C. Porto e teve a fortuna de marcar dois golos logo na estreia, o que o moralizou».
A questão é simples: analisados única e exclusivamente como goleadores, Pena e Jardel são semelhantes, especialmente na lógica de ataque de F.C. Porto. Existem, ainda assim, algumas diferenças dentro das afinidades. Fernando Gomes explica: «O Jardel é mais forte no ar e consegue subir mais alto, mas o Pena costuma ser mais rápido e ganha mais segundas bolas, graças à sua enorme mobilidade. O Jardel tem uma excelente técnica de remate, mas o Pena é mais móvel e tem mais velocidade». Fala quem sabe.
Super-Mário colou-se a Fernando Gomes na história dos goledores das Antas. Será que Pena tem condições para atingir algo semelhante? «Pelos dados objectivos, podemos concluir que sim, mas o futebol não é previsível», refere o biBota de Ouro, encerrando a conversa com o recurso inevitável à sua faceta de adepto do F.C. Porto. «Ficaria contente, porque seria sinónimo de que a minha equipa continuava a ganhar e que o historial do clube, do qual faço parte, ficaria valorizado».
