Cátia Sousa: pausa no futsal para salvar uma vida

7 dez 2018, 16:30
Cátia Sousa (Desportivo Jorge Antunes)

Jogadora do Desportivo Jorge Antunes é dadora de medula óssea e não hesitou ao surgir alguém com forte compatibilidade: «Se fosse preciso, voltava a fazer o mesmo»

Cátia Sousa, 29 anos, é dadora há 11 e, na última semana, trocou o desporto pela vida do próximo. A sub-capitã da equipa feminina de futsal do Desportivo Jorge Antunes, equipa do concelho de Vizela, que milita no campeonato distrital da AF Braga, fez uma pausa na época para completar um processo de doação de medula óssea.

Há cerca de dois anos, a jogadora, natural de Moreira de Cónegos, teve a possibilidade de ser compatível. Contudo, a situação gorou-se por circunstâncias da vida e da ciência. Em agosto último, voltou a ser contactada pelo hospital e a novidade surgiu: há alguém, não sabe quem, mas residente em Portugal, praticamente compatível com Cátia.

«Entraram em contacto comigo, a dizer que haveria, outra vez, possibilidade de ser compatível. Dirigi-me ao Hospital de Guimarães, repeti exames, fiz análises e aguardei. Até pensei que já não iria dar em nada, mas voltaram a entrar em contacto no dia 5 de outubro, a dizer que eu era compatível. Ligaram-me várias vezes, se eu queria ir com isto para a frente. Eu disse sempre que sim. Marcaram-me uma consulta para ir ao Hospital de São João, ao IPO, no dia 13 de novembro, para ver como eu estava fisicamente. Se o meu corpo estava apto para fazer a doação», relata Cátia Sousa, ao Maisfutebol.

Esta quarta-feira, Cátia fez a dádiva. Em simultâneo, uma paragem no futsal para ajudar alguém. Num processo duro, a própria defende. «Se uma pessoa comparar o sofrimento das pessoas que estão nesta situação, acho que isto não é nada. Se fosse preciso, voltava a fazer o mesmo».

Cátia iniciou os trâmites da doação cinco dias antes. Foi no último sábado. Era dia de jogo e da toma das primeiras injeções bidiárias para aumentar a produção celular. Ainda deu minutos à equipa, mas desde domingo estagnou a atividade física. Isto entre alguns sintomas custosos, associados à administração clínica prévia. Mas por uma motivação pessoal.

«Se há possibilidade de salvar uma vida, nem dá para olhar para trás. Claro que tive uma semana difícil. No dia da dádiva tive de estar seis horas parada. Não podia mexer os braços. Custou, tive náuseas, dores musculares, na cabeça», descreve.

Mas dádiva feita, objetivo cumprido e regresso à normalidade, aos poucos. «Amanhã já posso ir começando a fazer a minha vida normal. Fui convocada para o jogo de domingo, mas só no domingo vou ver como me sinto fisicamente», atira.

Do poema da vida ao regresso à quadra, a certeza do verso escrito por um bem humano maior.

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