Fuga de documentos do Pentágono: EUA dizem que Guterres está "demasiado recetivo" a Moscovo

12 abr 2023, 22:56
António Guterres

Ficheiros sugerem ainda que Washington tem estado a acompanhar de perto Antonio Guterres e há ainda descrições de comunicações privadas entre Guterres e a sua adjunta

O governo dos EUA acredita que o secretário-geral da ONU está demasiado disposto a acomodar os interesses russos, avança a BBC, que cita revelações contidas nos documentos classificados divulgados online.

Esta é a mais recente revelação que advém da fuga de informação do Pentágono e que revela ainda que os documentos contêm comentários francos do secretário-geral da ONU sobre a guerra na Ucrânia e de vários líderes africanos.

Segundo a BBC, os ficheiros sugerem ainda que Washington tem estado a acompanhar de perto Antonio Guterres e há ainda descrições de comunicações privadas entre Guterres e a sua adjunta, Amina Mohammed.

Um dos documentos divulgados fala sobre as negociações do acordo de cereais do Mar Negro, que aconteceram em março, e revela que Guterres estava tão empenhado em preservar o acordo que estava disposto a ceder aos interesses da Rússia.

"Guterres salientou os seus esforços para melhorar a capacidade da Rússia de exportar, mesmo que isso envolvesse entidades ou indivíduos russos sancionados", revela o documento, que acrescenta que as suas ações mostram que o secretário-geral da ONU estava a "comprometer esforços mais amplos para responsabilizar Moscovo pelas suas ações na Ucrânia".

De acordo com a BBC, os documentos sugerem ainda que as ações do secretário-geral da ONU comprometeram os esforços para responsabilizar a Rússia pelas ações realizadas na Ucrânia.

Outro dos documentos, datado de meados de fevereiro, descreve uma conversa entre Guterres e Amina Mohammed, na qual o secretário-geral da ONU expressa "consternação" perante um pedido da residente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, para que a Europa produza mais armas e munições para ajudar na guerra na Ucrânia.

Há ainda uma conversa sobre a recente cimeira de líderes africanos, na qual Amina Mohammed diz que o presidente do Quénia, William Ruto, é "implacável" e que "não confia nele".

Os documentos apareceram online no mês passado na plataforma de rede social Discord, de acordo com capturas de ecrã das publicações analisadas pela CNN.

Os posts são fotografias de documentos amarrotados em cima de revistas e rodeados por outros objetos aleatórios, tais como sacos com fecho de correr e tubos de cola Gorilla. É como se tivessem sido apressadamente dobrados e enfiados num bolso antes de serem retirados de um local seguro, disse à CNN uma fonte familiarizada com este tipo de documentos.

Um porta-voz do Discord confirmou, numa declaração este domingo, que a empresa está a cooperar com as autoridades policiais na investigação.

Todos os documentos descobertos na sexta-feira continham marcas classificadas, algumas de “top secret” - o mais alto nível de classificação. Não é claro quem está por detrás das fugas de informação e de onde, exatamente, elas tiveram a sua origem.

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