Macron e Le Pen repetem frente a frente. Agora para decidir como conjugar o verbo “unir”

10 abr 2022, 23:26
Emmanuel Macron após saber o resultado da primeira volta das presidenciais (Thibault Camus/AP)

Os dois candidatos que passaram à segunda volta dizem querer “unir” o país, apesar de terem projetos políticos bem distintos. Nomes derrotados à esquerda já uniram esforços para que a extrema-direita de Le Pen não chegue ao poder

O cenário mais esperado confirmou-se nas eleições presidenciais francesas: Emmanuel Macron e Marine Le Pen seguem para a segunda volta, repetindo o que aconteceu na anterior disputa, em 2017.

Se a dianteira deste domingo e as novas sondagens se confirmarem, o líder do La République En Marche! será reeleito presidente, uma vez que as atenções já estão focadas na noite de 24 de abril.  Antecipa uma votação de 54% para Macron e de 46% para Le Pen: números que comprovam a perda de influência de Macron face aos 66% da segunda volta em 2017.

Macron parte para esta nova leva da corrida com vários apoios à esquerda, com os candidatos derrotados Anne Hidalgo, Jean-Luc Mélenchon, Valérie Pécresse, Fabien Roussel e Yaniick Jadot, que com a posição assumida neste domingo querem impedir a chegada da extrema-direita ao poder.

Mais moderada no discurso, longe das discussões sobre racismo e xenofobia que a celebrizaram, Le Pen aposta tudo em conquistar o voto daqueles que se sentem economicamente mais frágeis e excluídos. Para fazê-lo, conta já com o apelo para a transferência de voto dos candidatos Éric Zemmour - de uma direita ainda mais extrema de que o Rassemblement National - e de Nicolas Dupont-Aignan.

A missão de "unir"

Neste domingo, cerca de 36 milhões de franceses foram às urnas para escolher o seu próximo presidente. Trata-se de uma participação de 74%. E na hora de agradecer esta adesão, Macron e Le Pen usaram o mesmo verbo: “unir”. É essa a grande missão para as próximas duas semanas de campanha e debate.

“A minha ambição é unir os franceses num projeto que junte as gerações num destino invencível. Apelo a todos os franceses, de todas as sensibilidades, de direita ou esquerda, de todas as origens que se unam a nós”, reagiu Marine Le Pen.

Já Emmanuel Macron, que discursou depois, pediu a formação de um “grande movimento de unidade e ação”. O atual presidente disse-se ainda empenhado em “unir convicções e sensibilidades” se for reeleito.

A votação acabou por confirmar uma tendência de radicalização na política francesa, com os candidatos dos partidos que tradicionalmente ocupavam o poder a registarem resultados muito baixos.

Os Republicanos, partido que teve lideranças como a de Jacques Chirac ou de Nicolas Sarkozy, não conseguiu ir além dos 5% com Valérie Pécresse. Já o Partido Socialista, que outrora foi representado por François Mitterand e François Hollande, não chegou aos 2%.

Estes são os últimos resultados disponíveis:

  • Emmanuel Macron – En Marche: 27,4%
  • Marine Le Pen - Rassemblement National: 24,6%
  • Jean-Luc Mélenchon - La France Insoumise: com 20,9%
  • Éric Zemmour – Reconquête: 6,9%
  • Valérie Pécresse – Les Républicains: 4,8%
  • Yannick Jadot - Europe Ecologie Les Verts: 4,4%
  • Jean Lassalle - Résistons!: 3,3%
  • Fabien Roussel - Parti Communiste Français: 2,4%
  • Nicolas Dupont-Aignan – Debout La France: com 2,2%
  • Anne Hidalgo – Parti Socialiste: com 1,7%
  • Phillipe Poutou - Nouveau Parti Anticapitaliste: 0,8%
  • Nathalie Artaud - Lutte Ouvrière: 0,6%

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