Para contornar o veto da Hungria, os 27 Estados-membros estarão em conversações para recorrer a um modelo de dívida
A União Europeia (UE) está a preparar um apoio no valor de 20 mil milhões de euros para a Ucrânia, recorrendo a um modelo de dívida que contorna as objeções do húngaro Viktor Orbán quanto ao financiamento daquele país devastado pela guerra há quase dois anos.
De acordo com a notícia avançada pelo Financial Times, esta quarta-feira, os responsáveis envolvidos nas negociações garantem que um modelo financiado pela dívida destacou-se como a forma mais prática de ajudar a Ucrânia, caso Orbán se recuse a deixar cair o seu veto no próximo Conselho Europeu extraordinário em Bruxelas, a 1 de fevereiro. Este modelo implicaria que os Estados-membros emitissem garantias para o orçamento da UE, permitindo que a Comissão Europeia contraísse empréstimos até 20 mil milhões de euros nos mercados de capitais para Kiev no próximo ano.
Fontes próximas do processo garantem ao jornal britânico que os termos exatos deste modelo e o montante final ainda estão a ser discutidos. Caso receba luz verde entre o bloco europeu, o acordo seria semelhante à estrutura usada em 2020, quando o executivo de Ursula von der Leyen forneceu até 100 mil milhões de euros em financiamento aos países da UE para medidas de apoio ao trabalho de curto prazo durante a pandemia de covid-19.
Ademais, a opção não exigiria garantias de todos os 27 Estados-Membros da UE, desde que fossem incluídos os países com as melhores classificações de crédito. A UE poderia assim contornar o veto da Hungria, uma vez que não exigiria um apoio unânime.
Caso o bloco europeu chegue a acordo sobre este plano no próximo dia 1 de fevereiro, o Fundo Monetário Internacional terá garantias de que poderá disponibilizar a sua próxima tranche de financiamento à Ucrânia, no valor de cerca de 900 milhões de dólares.