Contraofensiva falhada, uma cidade perdida e um navio no Mar Negro. Ucrânia e Rússia têm ganhos e perdas a anunciar

26 dez 2023, 20:00
Soldado ucraniano com arma anti-drone em (Shandyba Mykyta/AP)

Últimos dias do ano marcados por várias movimentações no campo de batalha

A contraofensiva ucraniana, o controlo de Marinka ou o controlo do Mar Negro. Os últimos dias do ano estão a trazer várias novidades da guerra da Ucrânia, com ambos os lados a reclamarem vitórias, sendo que também há derrotas assumidas.

É o caso de Marinka, cidade que a Ucrânia começou por dizer que não tinha perdido, mas que o chefe das Forças Armadas confirmou esta terça-feira ter caído para as mãos dos russos.

“A situação é exatamente a mesma que em Bakhmut – rua por rua, bloco por bloco, os nossos combatentes estão a ser destruídos – e depois disso temos o que temos”, admitiu Valery Zaluzhnyi, num discurso em que confirmou a retirada ucraniana da cidade situada a poucos quilómetros de Donetsk.

“Isto é a guerra, e foi por isso que retirámos para os arredores de Marinka. Não existe nada nisso que possa causar alarme social. Infelizmente, a guerra é assim”, acrescentou.

Destruição provocada por dois anos de combates em Marinka (AP)

A admissão de uma derrota que contrasta com um discurso de vitória da Rússia. Sem se referir ao caso de Marinka em concreto, o ministro russo da Defesa anunciou que o principal objetivo para 2023 tinha sido cumprido.

E esse objetivo era, segundo Sergei Shoigu, parar a contraofensiva ucraniana, que se veio a revelar como menos bem-sucedida do que se esperava, ainda que tenha feito recuar as forças russas, nomeadamente nas regiões de Kherson e Zaporizhzhia.

“O comandante-supremo [o presidente Vladimir Putin] apreciou bastante o trabalho da liderança e do Ministério da Defesa, agradecendo o cumprimento das tarefas definidas”, disse o ministro da Defesa, completando que “os principais esforços foram concentrados em alcançar os objetivos da operação militar especial”.

“O principal [objetivo] era impedir a contraofensiva altamente propagada pela Ucrânia e pelos aliados da NATO”, acrescentou, destacando que os sistemas defensivos russos se superiorizaram, mas sublinhando também o papel dos “defensores da pátria”.

Para tentar recuperar uma dinâmica de vitória que chegou a ter em 2023, a Ucrânia vai precisar de mais. De mais homens, mais armas e mais ajuda. Valery Zaluzhnyi disse que há pedidos constantes para mais munições, armas e recursos humanos, mas não quis esclarecer quantos soldados podem ser mobilizados nos próximos meses.

O valor anunciado de entre 450 a 500 mil soldados não foi confirmado pelo chefe das Forças Armadas ucranianas. O responsável garantiu que o número, que foi avançado pelo presidente, Volodymyr Zelensky, não foi pedido pelo exército.

“O commando military não fez qualquer pedido. O exército continua a exercer as suas funções de proteger o Estado e formula os seus pedidos”, explicou, referindo pedidos por recursos humanos, mas recusando sempre evidenciar quantos homens são necessários.

“Esse número tem em conta a cobertura, a formação de novas unidades militares e também a projeção das perdas que podemos sofrer em 2024. Não posso divulgar esses indicadores. É um segredo military”, concluiu.

Tudo isto com uma grande vitória para a Ucrânia, que continua a querer diminuir o controlo que a Rússia tem no Mar Negro, além de tentar constantes ataques às posições na Crimeia.

A Força Aérea ucraniana afirmou esta terça-feira ter destruído um navio de guerra russo no Mar Negro, suspeito de transportar drones iranianos utilizados por Moscovo no conflito com Kiev.

Os pilotos ucranianos atacaram o porto de Feodosia, na Crimeia, por volta das 02:30 locais (00:30 em Portugal continental) com mísseis de cruzeiro. Numa publicação no Telegram, o comandante da Força Aérea Ucraniana, Mykola Oleshchuk, agradeceu ao pessoal envolvido na “destruição do grande navio de desembarque Novocherkassk” quando este se encontrava no porto de Feodosia, na península ucraniana anexada pela Rússia em 2014. "Diz-se que transportava Shaheds", drones suicidas iranianos muito utilizados pela Rússia contra a Ucrânia, acrescentou. "A frota russa está cada vez mais pequena", congratulou-se Olechtchuk.

Imagens mostram o Novocherkassk a arder depois de ser atingido (Twitter)

O Ministério da Defesa russo confirmou que o Novocherkassk foi “danificado” num ataque ucraniano, num comunicado divulgado pela agência de notícias estatal TASS, citado pela CNN Internacional.

Não se sabe quantas pessoas poderiam estar a bordo do navio. O Novocherkassk, que foi construído na Polónia e entrou ao serviço no final da década de 1980, foi concebido para desembarques anfíbios e pode transportar vários tipos de veículos blindados, incluindo tanques. De acordo com as informações dos EUA sobre o Novocherkassk e outros navios da mesma classe, o navio de 112,5 metros desloca cerca de 3.450 toneladas, tendo aproximadamente o mesmo tamanho de um navio de combate costeiro da Marinha dos Estados Unidos. O Novocherkassk transporta uma tripulação de cerca de 87 elementos, com capacidade para 237 soldados, segundo os Estados Unidos.

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