Ir ao mercado parece o caminho natural para os portistas no final da época, caso se confirme a saída do colombiano. Algumas opções em análise e o perfil de avançado para Lopetegui
Como em tantas outras vezes de dragão ao peito, também no que diz respeito ao seu futuro, foi Jackson Martínez a abrir o ativo. «Estou certo de que a minha saída vai acontecer no próximo verão»A saída parece, então, um dado adquirido e, se é verdade que ainda há tudo (ou quase) para jogar esta época, torna-se inevitável começar a antever o futuro sem Jackson no FC Porto.
O Maisfutebol
Para esta análise socorremo-nos de Rui Gomes, antigo treinador do FC Porto B e dos juniores portistas e, por isso, conhecedor da realidade recente do clube, e também de José Pedro Teixeira, analista de futebol internacional, antigo colaborador da plataforma «Wyscout», no sentido de perceber que alternativas existem no mercado que encaixem no esquema portista.
Começamos pelo perfil. Para Rui Gomes há um dado adquirido: haverá ida ao mercado.
«Acho difícil que, no curto prazo, ou seja, se o Jackson sair já no final desta temporada, pelo que tenho visto e pelo que conheço dos jogadores, o FC Porto consiga substituí-lo com as opções que já tem nos seus quadros», comenta.
O técnico, atual coordenador das camadas jovens do Al-Ahli de Jeddah, cargo que assumiu aquando da passagem de Vítor Pereira pelo clube saudita, acredita que o FC Porto já tenha identificado a alternativa a Jackson. Até porque não é fácil chegar a um bom avançado.
«Ponta de lança e guarda-redes são as duas posições mais específicas do futebol e os clubes procuram sempre contratar jogadores para o imediato. O que, já se sabe, custa caro», sublinha.
Mas é nessa posição que deve ser feito o principal investimento, defende o técnico: «Não faz sentido ir buscar um jogador de 18, 19 anos para ser primeira opção. Para isso há o Aboubakar, há o Gonçalo, até o Ghilas, que tem feito uma boa época em Espanha, mesmo que várias vezes encostado a um flanco. Ou ainda o Adrian López, que não sendo um ponta de lança, é um jogador que, se estiver bem, consegue render ali.»
A opção passará, assim, por um jogador que tenha o perfil dos últimos de sucesso que o FC Porto contratou: o próprio Jackson e Falcao. «Quando chegaram, eram jogadores de créditos firmados na América. O Falcao era titular do River Plate, tinha curriculo internacional. O Jackson jogava no México mas era um jogador experimentado, de seleção. O FC Porto, se for ao mercado, será sempre por um jogador entre os 22 e os 25 anos, com provas dadas», insiste.
Alternativas? Mitrovic à cabeça
No verão de 2013, o Maisfutebol já tinha tentado perceber
José Pedro Teixeira divide as opções em dois grupos: os jogadores que encaixariam melhor no esquema de Julen Lopetegui e estão, relativamente ao alcance do FC Porto; e os jogadores que o FC Porto poderia valorizar para mais tarde negociar, como tem sido seu apanágio.
Em relação aos «noves tipo» de Lopetegui, a análise é simples. «Gosta de um jogado com mobilidade, com capacidade para jogar fora da área de conforto do ponta de lança, que tenha qualidade no apoio à construção ofensiva, com aptidão para aproximas os médios e combinar com eles e, também, que seja forte no jogo aéreo, sobretudo ofensivo», explica José Pedro Teixeira. Um Jackson, percebe-se.
Portanto a missão é bicuda: encontrar outro Jackson. José Pedro Teixeira avança com quatro nomes, dois deles relativamente mais simples do que outros.
Aleksandar Mitrovic
Tem apenas 20 anos mas uma rodagem assinalável. Nos últimos quatro anos, entre a Sérvia e a Bélgica, com Liga Europa e Champions pelo meio tem quase 150 jogos no currículo e 46 golos. Esta época, por exemplo, soma 32 jogos e 15 golos.
Se o FC Porto quiser apostar noutro colombiano, saltam à vista dois nomes, um mais provável do que o outro. Se Teofilo Gutierrez
Por fim, uma opção que parece, à primeira vista, fora do alcance do FC Porto mas que encaixaria perfeitamente no esquema de Lopetegui: Alexandre Lacazette
Comprar para vender depois? Há vários nomes...
Se a ideia do FC Porto passar por trazer um valor ainda a precisar de ser trabalhado, com intuito de o valorizar, José Pedro Teixeira aponta cinco nomes interessantes. Um deles da Liga portuguesa: Hassan
«Tem 10 golos na Liga e é um finalizador soberbo, capaz de marcar com ambos os pés. Está no momento ideal para um salto deste género na carreira», considera.
Davie Selke
«Apesar dos 1.92m está longe de ser um ponta-de-lança pesado e sem mobilidade. Não sendo um portento técnico, apresenta tremenda leitura do jogo e excelente tomada de decisão para a idade», desvenda José Pedro Teixeira.
Ao lado da Alemanha, na Áustria, está a nascer outro valor interessante para a posição. Robert Beric
Se a opção for o mercado espanhol, que o FC Porto atacou em força na última época, salvo qualquer jogador que possa chegar a título de empréstimo dos grandes, o que fará pouco sentido, destaca-se o nome de Santi Mina
Para o fim fica o mercado sul-americano onde a «última novidade» é Gabriel Vasconcelos
José Pedro Teixeira apresenta-o: «Tem uma qualidade técnica acima da média e enorme sentido de baliza. Tem excelente margem de progressão, assim consiga controlar a sua impulsividade e melhorar o entendimento tático do jogo»
Aboubakar e Gonçalo: alternativas válidas?
Para terminar, uma análise ao que o FC Porto já tem. Descartando os nomes dos emprestados Kléber
Resgatar Ghilas
Restam, então, Aboubakar
A verdade é que os números são interessantes: quatro golos em 339 minutos. Rui Gomes admite que não o conhece muito bem, mas sublinha, precisamente o seu índice de golos. «Ainda não deu bem para perceber o que é. Tem golo, sim, mas é diferente do Jackson e a equipa pode ressentir-se», avisa.
Por fim, Gonçalo Paciência. Um Jackson em potência, acredita Rui Gomes. «Salvas as diferenças, nesta altura, é mais parecido do que o Aboubakar», defende.
«É muito forte dentro da área. Pé direito, pé esquerdo, cabeça…Tem o pacote todo. Precisa de ganhar outras coisas: maturidade, algum componente físico extra e rotinas. Acredito que, se tiver mais um ano, no mínimo, a jogar regularmente um nível acima da Liga de Honra, que já é curta para ele, ficará pronto para ser o ponta de lança do FC Porto e da seleção nacional», remata.