Brahimi está de volta: e agora Lopetegui?

Regresso do argelino lança a dúvida para Moreira de Cónegos: quem devem ser os extemos titulares? Jaime Magalhães e Rodolfo Reis, duas figuras do clube, mantinham tudo na mesma

Sete jogos ( quatro na Liga e três na Taça da Liga ), cinco vitórias, um empate e uma derrota. Este é o saldo do FC Porto no tempo em que esteve privado de Yacine Brahimi, uma das figuras maiores da equipa na primeira volta da Liga, em virtude da participação na Taça das Nações Africanas (CAN).
 
Apenas o desaire na Madeira destoa numa resposta positiva dos portistas à ausência do argelino, até porque o empate em Braga foi conseguido em circunstâncias especiais, ainda na memória de todos.
 
Se, na altura em que partiu para a Guiné Equatorial, a dúvida centrou-se em quem lhe poderia suceder, a resposta de Julen Lopetegui foi a mais natural. Se nos centrarmos apenas nos jogos da Liga desse período, uma vez que o técnico optou por rodar sempre a equipa na Taça da Liga, encontra-se um padrão óbvio, com dois nomes: Tello e Quaresma.
 
Mais o segundo, até, porque o espanhol começou no banco na Madeira, rendido por Quintero, precisamente na única mancha no percurso. O colombiano foi, de resto, a terceira opção para as alas neste período: titular na Madeira, rendeu Quaresma frente ao Belenenses e Paços de Ferreira. Só não jogou em Penafiel em mais um jogo de características especiais: o relvado desaconselhava os artistas em favor dos duros.
 
Ora, Brahimi está de volta mas a verdade é que os dois extremos habitualmente titulares nesta fase vêm, provavelmente, do seu melhor jogo.
 
De Quaresma não há dúvidas. Dois golos e nota máxima para o Maisfutebol na goleada ao Paços de Ferreira. Tello não foi tão exuberante, voltou a pecar em algumas ações, mas redimiu-se também com um golo de belo efeito, mostrando-se opção para os livres, algo que…Brahimi tinha evidenciado no início da época.
 
Nasce assim a dúvida para Moreira de Cónegos: quem deve jogar de início?
 
«A condição física de Brahimi é a chave»
 
Nesse sentido, o Maisfutebol conversou com duas antigas figuras do clube portista para perceber qual seria a melhor opção para Julen Lopetegui nesta altura. Lançar Brahimi no onze ou apostar em quem deu garantias na sua ausência?
 
Jaime Magalhães e Rodolfo Reis partilham a opinião: se fossem eles a decidir, Brahimi esperava mais um pouco.
 
«Tenho quase a certeza que o Lopetegui não vai mexer. O Brahimi vem de uma competição desgastante, está a chegar e pode até precisar de algum repouso. Precisa, seguramente, de mais tempo para se reintegrar. E como o FC Porto está a jogar bem não vejo necessidade de mudar», considera Jaime Magalhães.
 
Rodolfo pensa de forma semelhante. «Vai depender da condição física em que tiver chegado o Brahimi e o Lopetegui terá de fazer a avaliação dos jogadores que têm alinhado. Se estão a responder ao que pede ou não. Mas julgo que a condição física do Brahimi será a chave. É uma daquelas boas dores de cabeça, porque já se sabe que o Brahimi é um jogador fabuloso», elogia.
 
E acrescenta um dado à margem: «Até pode colocar o Brahimi noutra posição. No centro, atrás do ponta de lança.» É verdade que o argelino tem características para jogar ali, mas Lopetegui não tem sido adepto dessa versão.
 
De qualquer forma, tanto Jaime Magalhães como Rodolfo Reis consideram que quem ficar de fora não deve sentir-se melindrado. Seja Brahimi, por entender que perdeu estatuto, seja Tello ou Quaresma, por se sentirem mal recompensados.
 
«Com este nível os jogadores têm de estar psicologicamente preparados para estas situações. Claro que os grandes jogadores não gostam de ficar no banco, mas acima de tudo está o clube», defende Rodolfo.
 
Jaime Magalhães dá outra achega: «Brahimi até pode ser um jogador importante partindo do banco num jogo que não se adivinha fácil.»
 
Ainda é cedo para Hernâni (e Gonçalo)
 
Curiosamente, de uma assentada, Lopetegui ganhou mais duas opções para as alas do ataque. Para além de Brahimi há agora também Hernâni , o reforço contratado ao V. Guimarães. Um caso diferente, contudo.
 
«Para Hernâni ainda é cedo. Claro que é um jogador de qualidade e esses são sempre bem-vindos. Vai entrar num ambiente diferente e vai ter de perceber a realidade que tem à sua frente», explica Jaime Magalhães.
 
Rodolfo Reis está de acordo: «É um jogador desconcertante, com um enorme potencial mas que sabe que vai ter pela frente uma enorme concorrência. Vai ter de mudar algumas coisas na sua forma de jogar para se adaptar ao estilo do FC Porto.»
 
Por fim, quisemos saber a opinião sobre a chamada imediata de Aboubakar para o jogo com o Paços de Ferreira , em detrimento de Gonçalo Paciência, que vinha em bom momento de afirmação . A situação tem semelhanças com o que pode acontecer com Brahimi, até.
 
Para Rodolfo Reis, Lopetegui «fez muito bem». «Era um jogo importantíssimo e o Aboubakar chegou em boas condições. O FC Porto tinha de ganhar e, se fosse eu o treinador, faria a mesmíssima coisa», garante.
 
E acrescenta: «Atenção, eu acredito muito no Gonçalo e o valor dele não está em coisa. Mas, neste momento, num jogo em que estava obrigado a ganhar, como está todos devido à diferença que existe na classificação, entre Aboubakar e Gonçalo, neste momento, não tinha dúvidas.»
 
Jaime Magalhães lembra que, para Gonçalo, é mais importante ganhar minutos na equipa B do que estar no banco na principal. «Assim, quando precisar, Lopetegui pode integrá-lo na equipa com facilidade», conclui.
 
FC PORTO NA LIGA SEM BRAHIMI
 
16ª jornada: FC Porto-Belenenses, 3-0
Extremos:
Ricardo Quaresma (Quintero, 76m), nota 4 Maisfutebol
Cristian Tello (90m), nota 3 Maisfutebol
 
17ª jornada: Penafiel-FC Porto, 1-3
Extremos:
Ricardo Quaresma (Marcano, 55), nota 3 Maisfutebol
Cristian Tello (90m), nota 3 Maisfutebol
 
18º jornada: Marítimo-FC Porto, 1-0
Extremos:
Ricardo Quaresma (90m), nota 4 Maisfutebol
Quintero (Tello, 46), nota 2 Maisfutebol
 
19º jornada: FC Porto-P. Ferreira, 5-0
Extremos:
Ricardo Quaresma (Quintero, 69m), dois golos, nota 5 Maisfutebol
Cristian Tello (90m), um golo, nota 4 Maisfutebol