Faixa de Gaza. "É ligeiramente mais pequeno do que o município do Redondo, em Évora" mas com milhões de habitantes

14 out 2023, 11:00
Faixa de Gaza (AP/Hatem Moussa)

É uma terra quase plana. Seca, quente, mas húmida, porque o mar Mediterrâneo está logo ali. Sem muito espaço para agricultura, o clima também não ajuda. As construções são informais e apesar de haver prédios, não costumam ser muito altos. Mas são milhões de pessoas a viver em apenas 365 quilómetros quadrados

É um pedaço de terra, onde vivem milhões de pessoas, e que fica entre o Mar Mediterrâneo, uma vedação com Israel e uma fronteira com o Egito. A Faixa de Gaza está no centro do mais recente conflito que está a colocar o mundo em alerta.

“Na Faixa de Gaza viverão na casa dos dois milhões e trezentas mil pessoas, num total de 365 quilómetros quadrados”, explica à CNN Portugal Tiago André Lopes, especialista em Relações Internacionais, ressalvando que estes são, porém, dados aproximados, uma vez que não há números certos. O território tem cerca de 41 quilómetros de comprimento e vai de 6 a 12 quilómetros de largura.

“A sua configuração atual foi a atribuída em 1993 com os Acordos de Oslo”, explica Tiago André Lopes, frisando que a região “é administrada pela Autoridade Palestiniana”. “A Faixa de Gaza é a terceira zona mais populosa do mundo”, apenas ultrapassada por Singapura e Macau.

Para que se possa perceber a dimensão, Tiago André Lopes, dá um exemplo: “É ligeiramente mais pequeno que o município do Redondo, em Évora, que tem 369 quilómetros quadrados e cerca de seis mil habitantes”. Na Faixa de Gaza são milhões.

Como fica junto ao mar Mediterrâneo, o clima não será muito diferente do nosso, mas é mais quente. Já entrados no Outono, por exemplo, as previsões para esta sexta-feira, dia 13 de outubro, era de céu limpo, com 28 graus de máxima e 20 graus de mínima.

“Do ponto de vista geográfico não é de todo uma zona muito acidentada. E também não é uma zona propriamente com terras muito agrícolas”. Tem um clima semi seco e muita humidade devido ao mar. “É muito comum períodos de seca prolongada. É muito comum verões muito quentes. Parece um calor meio tropical”, acrescenta Tiago André Lopes.

“Ao nível de infraestruturas, são dependentes das Nações Unidas. Têm uma série de campos de refugiados e de escolas geridas pela ONU. São muito dependentes da ajuda humanitária” porque há muita dificuldade em fazer entrar bens na região. As cidades maiores têm estradas parecidas com as nossas, mas a maioria serão de terra batida, no resto da região.

A população tem “elevados níveis de iliteracia e o nível de mortalidade infantil também é bastante elevado” por dificuldades de acesso a cuidados de saúde.

“São bairros muito informais, com construções precárias”

Pedro Neto é Diretor Executivo da Amnistia Internacional Portugal e, por isso mesmo, segue de perto esta realidade diária. Há cidades, há prédios, há estradas, há carros e praias.

E quando se olha para as cidades explica que “são bairros muito informais, com construções muito precárias". "Alguns prédios são mais altos e têm cinco, seis andares ou até mais”, diz. E também já se veem painéis solares nos telhados. A explicação é simples: “Alguns já vão tendo painéis solares para dar mais segurança em termos de energia, mas não funcionam à noite e eles não têm acesso a baterias de armazenamento”. Na verdade, “estão ainda muitos dependentes da central elétrica – há uma principal - que é controlada pelo governo de Israel”.

E o mesmo acontece com a água. “Provavelmente terão alguns poços também, mas a água potável ali não abunda”, acrescenta Pedro Neto. Também perante este bem essencial à vida são dependentes de Israel e sempre que podem tentam armazenar.

“As estradas são muito poeirentas, não é nada assim muito desenvolvido. É uma zona algo desértica e as construções são muito precárias", conta, dando conta de que “não há muitas infraestruturas em termos de lojas, escolas, etc". As coisas parecem “degradadas”, frisa.

Já "os terrenos agrícolas são poucos e muitos deles são perto da fronteira das vedações" com a vizinha Israel. "É uma agricultura mais de subsistência, porque os agricultores só podem ir a pé, não podem levar tratores, nem veículos para trabalhar a terra”.

Por causa da proximidade ao mar Mediterrâneo, a Faixa de Gaza tem muita humidade. No entanto, refere o especialista Pedro Neto, o clima é muito desértico.

A importação é muito difícil. "Não têm a riqueza para comprar, nem capacidade de produzir”. “A fronteira com Israel tem duas entradas, uma a sul, que é mais para mercadorias, e a outra a norte, que é mais para pessoas. Mas não funcionam todos os dias”, explica. E a fronteira com o Egito também é “muito controlada”.  

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