China será a maior economia do mundo em 2033

16 dez 2021, 06:08
China

Projeção de think tank japonês adia por quatro a cinco anos o momento em que a economia chinesa ultrapassará pela primeira vez a dos Estados Unidos

A China deverá ser a maior economia do mundo em 2033, diz uma projeção divulgada esta quinta-feira pelo Japan Centre for Economic Research (JCER, ou Centro Japonês de Pesquisa Económica), um think tank sediado em Tóquio e conhecido pelas suas projeções macroeconómicas, em particular para as grandes economias asiáticas.

A nova estimativa adia por quatro ou cinco anos o momento em que o Produto Interno Bruto nominal da China ultrapassará o dos EUA. A anterior estimativa do JCER, divulgada no ano passado, indicava que esse acontecimento histórico deveria ocorrer em 2028 ou 2029, dependendo da severidade com que a pandemia de Covid-19 continuasse a atingir as duas maiores economias globais.

Para além da variável pandémica - que agora conta com uma nova estirpe cujo impacto ainda não é totalmente conhecido, mas também com a vacinação de grande parte da população - há outros fatores que são decisivos nesta projeção da corrida entre Pequim e Washington pelo lugar de potência económica nº1. A China deverá crescer menos do que o previsto, por um conjunto alargado de fatores, e os Estados Unidos deverão beneficiar da  política orçamental agressiva adotada após a pandemia.

China com dificuldades auto-inflingidas

O crescimento mais lento previsto para a China tem a ver com uma série de dificuldades auto-inflingidas. A primeira das quais é a atitude do governo no sentido de controlo extremo sobre as grandes empresas, nomeadamente as que operam nos setores tecnológicos. O governo de Pequim tem apertado o controlo sobre os grandes operadores de internet na China, aumentando regras e restrições, que deverão refletir-se num crescimento mais modesto.

Várias empresas do setor tecnológico têm também sentido o peso da mão do Estado - umas, pela ação direta do governo chinês, outras, em consequência da guerra comercial com os EUA, que têm colocado na lista negra muitas empresas ligadas ao Estado chinês.

Por outro lado, a China pagará o custo da sua transição energética, conforme o seu tecido industrial se vai libertando dos combustíveis fósseis. A decisão de abdicar de muitas centrais de eletricidade a carvão e outras fontes de energia poluentes já está a ter consequências, com racionamento de energia elétrica em muitas regiões fortemente industrializadas. A coincidência da retoma de produção industrial em força, graças à reabertura das economias após o maior impacto da pandemia, com o aumento de consumo doméstico por causa das baixas temperaturas, tem provocado um excesso de procura a que a infraestrutura energética da China não tem conseguido responder.

Um terceiro fator a dificultar um crescimento económico mais robusto para a China é o peso de grandes dívidas acumuladas nalguns setores da economia. O caso do gigante imobiliário Evergrande é o mais notório, e com mais potencial de impactar na economia chinesa e mundial, mas não é o único. As autoridades chinesas estão determinadas a amparar a queda suave da Evergrande, mas isso terá um custo para a economia do país. 

Acresce que, para evitar casos como este, o governo de Pequim tem apertado as regras para investimento nestes setores, nomeadamente dificultando os investimentos mais especulativos.

Apesar de um ligeiro atraso de quatro ou cinco anos, nada deverá travar a trajetória da China até chegar ao posto de maior economia do mundo.

Entretanto, na análise feita a 15 economias asiáticas, o JECR prevê que a Coreia do Sul e Taiwan continuem a crescer a níveis invejáveis, o que permitirá aos sul-coreanos ultrapassar o Japão em 2027 no ranking do PIB per capita. Taiwan deverá conseguir o mesmo no ano seguinte.

Os custos de um conflito em Taiwan

Há um aviso importante deixado pelo relatório divulgado esta quinta-feira: se as tensões entre a China e Taiwan escalarem até 2025, toda a economia da região da Ásia-Pacífico poderá ser duramente atingida. O pior cenário é o de um conflito militar, caso a China decida invadir Taiwan. Mas mesmo um agravamento da “guerra fria” entre os EUA e a China poderá ter um impacto económico muito significativo não só nestes países, mas também em Taiwan, Japão, Coreia do Sul e outros territórios asiáticos.

Seria um novo golpe, após a destruição de valor imposta pela pandemia a estes países. Só em 2020, a covid-19 custou ao conjunto das 15 economias asiáticas analisadas 1,7 biliões de dólares.

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