Estes ténis custam 1450 euros. Sim, leu bem. 1450 euros

Lina Santos | CNN
11 mai 2022, 16:00

Fazem parte da nova coleção Balenciaga e já estão a cumprir um dos mandamentos da moda: dar que falar

A Balenciaga acaba de lançar uma nova coleção de ténis mas não são uns ténis quaisquer. Dizer que parecem usados é pouco. Estão a dar que falar e isso já é alguma coisa.

Há duas versões destes “Paris Sneakers” (em português, "sapatilhas de Paris"): a que mais circula nas redes sociais é a edição limitada, aquela que parece ter sido usada por um adolescente incapaz de praticar o desapego. “Extra destruídos”, "para um look pré-usado", nas palavras da Balenciaga.

Apenas 100 pares destes ténis estarão disponíveis no mercado, mesmo à medida de colecionadores. Custam 1450 euros, e existem em duas cores (preto e branco), segundo o site da marca, onde se podem encomendar. 

A versão normal das sapatilhas estará disponíveis nas lojas (e online) e é mais barata - 495 euros. Além dos brancos e pretos também há em vermelho desmaiado.

Antecipando a supresa (ou as críticas), a Balenciaga justifica que estes ténis extremamente usados, naturezas mortas fotografadas por Leopold Duchemin para parecerem ainda mais sujos e destruídos do que são, querem passar uma mensagem: os Paris Sneakers devem ser usados uma vida inteira. 

A ideia pode remeter para o debate em curso na indústria da moda sobre a necessidade de parar o consumo desenfreado e pensar o seu impacto no planeta mas é também a marca que o diretor criativo Demna Gvasalia, 41 anos, está a imprimir na Balenciaga.

Do mesmo autor do saco do Ikea de 2 mil euros

Colecionador de roupa vintage, o designer é o primeiro a dizer que a moda é um espelho da vida de todos os dias e o seu trabalho é desconstruir e fazer de novo.  

Demna tinha uma marca própria, Vetements, muito popular na cena undergroud de Paris, quando em 2015 foi convidado pelo grupo Kering para liderar a Balenciaga e suceder a Alexander Wang. Desde então não faltam entradas no seu currículo sobre criações polémicas, começando no (agora famoso) saco Balenciaga (2000 euros) que era igual ao muito conhecido saco azul do Ikea (1 euro) e passando pelas crocs de salto alto (495 euros).

Como em tudo, há reações para todos os gostos. Amantes de ténis como os do site Solesavy perguntam se isto foi longe demais. Tora Northman, editora da Highsnobiety, diz que a Balenciaga levou o design para outro nível criando “itens controversos que lançam debates”. “Está a levar pessoas que podem adquirir bens de luxos a usarem peças com aspeto usado. Está a virar a essência do luxo de pernas para o ar”, diz o editor da GQ France, Pam Boy.

Demna Gvasalia, 41 anos, não está sozinho. Em 2018, a Louis Vuitton contratou Virgil Abloh (1980-2021), um designer que se tinha feito notar pelas suas t-shirts entre skaters e pelo trabalho com o rapper Kanye West. Em 2021, a LVMH adquiriu a Birkenstock, a tal das sandálias feias, e a Ralph Lauren lançou o fato-macaco azul gasto e com nódoas de tinta: 700 euros e tópico do dia. “A classe trabalhadora somos um zoo para os ricos”, comentou um espanhol no Twitter. Esgotou. 

 

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