Miguel Oliveira: «Sou capaz de lutar pelo Mundial»

2 jun 2015, 10:43

Piloto português quer triunfar a nível mundial, mas não se fica pela gratificação individual. Miguel Oliveira quer ser o primeiro, mas também o primeiro de vários outros

Miguel Oliveira ganhou no domingo o Grande Prémio de Mugello de Moto3, em Itália. É o primeiro português a ter ganho uma prova de um Mundial de motociclismo de velocidade. Chegou nesta segunda-feira a Portugal e foi recebido de forma efusiva por muitas pessoas. Ficou surpreendido à chegada. Não estava à espera. Mas também ele surpreende quem não espere que um português seja candidato a ganhar um Campeonato do Mundo de motas de pista. Ele quer o título. Mas não quer ser o único. Quer ser um exemplo para que mais como ele surjam em Portugal.

Tem 20 anos. Disputa desde 2012 o Mundial de Moto3 – a classe mais baixa (250 c.c.) do motociclismo de velocidade. Desde o arranque que Miguel Oliveira correspondeu às expectativas com um segundo lugar num grande prémio no ano de estreia na categoria. Já tem seis presenças nos pódios em três anos em que terminou o Mundial sempre entre os 10 primeiros. Neste ano, à quarta corrida, igualou o melhor resultado de sempre; à sexta prova, subiu mais um lugar no pódio; chegou ao mais alto; estreou-se a ganhar.



Ao Maisfutebol
, Miguel Oliveira contou como «ter esse objetivo cumprido é uma grande satisfação pessoal». O piloto do Pragal confessou como «ouvir o hino» de Portugal «foi o atingir de um objetivo de criança». «Foi um momento que sonhei e que perspetivei na minha cabeça e para a minha carreira», revelou.

Horas antes, quando desembarcou no terminal das chegadas do Aeroporto de Lisboa, Miguel Oliveira não esperava o que o esperou. Se o sorriso de surpresa, a alegria no rosto, a falta assumida de palavras foram uma imagem fiel para a visão de dezenas de pessoas que o aclamavam, quanto às palavras, quando ditas, traduziram da mesma forma o espírito do jovem lobo
que aponta à liderança da alcateia
– utilizando a metáfora animal do desporto motorizado.

Depois do espanto, a afirmação. Aos jornalistas que o esperaram na Portela, Miguel Oliveira não só reconheceu desde logo ao que vai, pois «a ambição de qualquer piloto é chegar à categoria rainha» e, além de já apontar ao Mundial de Moto GP (a classe mais alta do motociclismo de velocidade, a dos 1.000 c.c.), o piloto da KTM assumiu que esta vitória significa bem mais do que uma estreia em primeiros lugares.

Miguel Oliveira está, com seis provas disputadas, no quarto lugar do Mundial de Moto3 e, quando faltam 12 corridas até final, acredita que pode chegar ao primeiro lugar – o britânico Danny Kent tem 58 pontos de vantagem num campeonato em que cada triunfo vale 25 pontos. «Somos capazes de lutar pelo Campeonato do Mundo», garantiu Miguel Oliveira assim que aterrou
nesta segunda-feira em Portugal.



A competir em motas de velocidade desde os 9 anos de idade, Miguel Oliveira já realizou sonhos, como contou, e tem objetivos para cumprir no curto e no médio prazo, como também ele revelou. Mas também já projeta impactos que este seu percurso possa ter. E frutos que podem ser colhidos a mais longo prazo.

As reações à sua vitória tiraram-lhe as palavras num momento. Noutro, já mais tarde, Miguel Oliveira mostrou-nos que não só sabe ao que vai, como não quer ir sozinho: «Eu poderei ser um grande impulsionador de como chegar a um mundial, poderei ser um exemplo de determinação e garra [numa profissão] onde não existem muitas possibilidades de lá chegar.» O jovem piloto de 20 anos já sabe o que é preciso para chegar lá e o seu desejo é o de que se «possam criar oportunidades para que não seja um caso único, isolado, em tantos anos».

A perseguição de Miguel Oliveira ao título de campeão do mundo implica «muitas vitórias e muitos pontos [ganhos] no Campeonato do Mundo». «Indo passo a passo e corrida a corrida» e, também, «aproveitando os dias maus de quem está na frente». O piloto português tem a(s) sua(s) meta(s) em perspetiva e acaba por admitir como quer alcançá-las. No fundo, com a mesma atitude que lhe possibilitou estabelecê-las: «Eu tenho de trabalhar como se ainda estivesse à procura da primeira vitória. Não é por ter ganho que vou deixar de dar 200 por cento.»

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