Fingia que vacinava crianças e deitava doses ao lixo. Enfermeira antivacinas está a ser investigada em Espanha

CNN Portugal , MCP
24 fev 2023, 18:34
Vacina (AP Photo/Matt Rourke, File)

Mais de 40 famílias apresentaram queixa e muitos pais têm dúvidas sobre se os filhos terão ou não sido vacinados

Uma enfermeira espanhola está a ser investigada por suspeitas de desvio de recursos públicos e falsificação de documentos, depois de ter levantado suspeitas de que fingia vacinar crianças que atendia numa unidade de saúde em Santurce, no País Basco.

Naquel cidade com cerca de 45 mil habitantes é conhecida por “antivacinas” e tem criado dúvidas a alguns pais sobre se as suas crianças estão vacinadas ou não. Isto porque, ao acompanharem os seus filhos ao centro onde seriam inoculados, ela apresentava um comportamento “estranho”.

Segundo as autoridades “ela fazia o processo de forma muito rápida, tirava a seringa à pressa e depois punha no lixo com a dose dentro”, desccreve o El País.

O Serviço Basco de Saúde - Osakidetza - iniciou um processo de investigação sobre a enfermeira, que também está a ser investigada por fingir que vacinava menores. Um total de 42 famílias apresentaram queixa pelos crimes de desvio de recursos públicos e falsificação de documentos.

Uma das mães que assinou a denúncia, Laura Comonte, confessou que não sabe se o filho de 18 meses tem imunidade total: “Não sei se esta enfermeira lhe deu as vacinas” que estão estipuladas na vacinação infantil.

A "enfermeira antivacinas” começou a ganhar notoriedade em outubro, quando a Osakidetza começou a acumular queixas em relação ao seu comportamento e comentários que tecia sobre a administração de vacinas, mesmo em casos obrigatórios, como para a Hepatite B, Tétano ou Difteria. Chegou mesmo a dizer a um dos pais que "a melhor cura para o Tétano é que o menino andasse descalço na erva".

As autoridades sanitárias já abriram processos de análises para perceber se os menores que foram atendidos pela suspeita apresentam anticorpos no seu organismo. Os testes a 50 crianças revelaram que parte delas não apresentava uma imunização correta.

Para tentar solucionar a situação pais como Laura Comonte consultaram profissionais para perceber se podiam vacinar as suas crianças novamente.”Agora não sabemos se está super vacinado. Isto causa-nos muita incerteza”, revelou a mãe.

Por enquanto muitas famílias decidiram denunciar a enfermeira na Justiça. Acusam-na de “utilizar indevidamente o material fornecido pela Osakidetza, pago com dinheiro público, porque não foi utilizado o qual foi adquirido. Em vez de inocular a dose em crianças, a mulher deitava fora a seringa com a dose dentro, desperdiçando e causando evidente prejuízo à administração”.

Para o advogado que representa os queixosos desta situação, Aitzol Asla, “estamos diante de um problema de saúde pública”. As famílias foram convocadas para individualmente verificarem as suas denúncias entre 6 e 22 de março.

Atualmente, a enfermeira já não se encontra em funções na clínica de Kabieces, segundo as famílias, porque está de “baixa”.

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