Embaixada da Ucrânia em Portugal queixou-se "muitas vezes" ao Governo por o PCP ter "participado na campanha de desinformação russa"

7 abr 2022, 20:23
Embaixadora da Ucrânia em Portugal, Inna Ohnivets (Lusa/Tiago Petinga)

PCP opôs-se ao convite feito a Zelensky para discursar na Assembleia da República, depois de nunca ter condenado a Rússia pela invasão da Ucrânia

No dia em que o presidente Volodymyr Zelenski aceitou discursar no Parlamento português, a embaixadora da Ucrânia em Portugal reagiu à oposição do PCP à intervenção do chefe de Estado Ucraniano, referindo que o Partido Comunista está a participar na campanha de desinformação russa e que já alertou o Ministério dos Negócios Estrangeiros para a situação.

Inna Ohnivets salientou à CNN Portugal que a posição do Partido Comunista Português “sempre foi de apoio à posição russa durante os últimos oito anos de conflito internacional entre a Ucrânia e a Rússia”. Para a embaixadora, o partido liderado por Jerónimo de Sousa “participou na campanha de desinformação”.

A Embaixada, garante Inna Ohnivets, enviou “muitas vezes notas verbais para informar o Ministério dos Negócios Estrangeiros em Portugal” com o intuito de manifestar o seu desagrado com “a desinformação realizada pelo Partido Comunista em Portugal”.

"Disseram, e foi escrito nas diferentes publicações deste partido, que na Ucrânia não está a acontecer uma guerra mas um conflito interno entre os ucranianos”, afirma a embaixadora à CNN Portugal. Inna Ohnivets que aproveitou o momento para lembrar a história de Viktor Ianukovytch, ex-presidente ucraniano que foi deposto em 2014 depois de mais de 90 dias de protestos nas ruas contra a sua aproximação a Vladimir Putin e por ter rejeitado um acordo de entrada na União Europeia. 

“Ele fugiu da Ucrânia porque queria manter relações muito estreitas com a Rússia e por isso foi [considerado] traidor. Também porque prometeu assinar um acordo com a União Europeia e recusou-se porque queria estar como aliado do presidente russo”, afirma.

Esta quarta-feira, o PCP opôs-se ao convite feito a Zelensky para discursar no Parlamento - um discurso que deve acontecer ainda este mês. Segundo Paula Santos, líder parlamentar do PCP, a proposta de ouvir o presidente ucraniano “não vai ao encontro do objetivo de defender a paz”, acrescentando que a posição do próprio presidente ucraniano surge “numa lógica de confrontação".

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