Comunistas consideram que o presidente ucraniano tem tido "um conjunto de posicionamentos numa lógica de confrontação", pelo que não o querem a falar na Assembleia da República, por videoconferência
A conferência de líderes esteve, esta quarta-feira, reunida para analisar o convite ao presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, para discursar numa sessão solene no Parlamento português. No final, foi dada a informação aos jornalistas de que esta proposta do PAN tinha sido aprovada por unanimidade. Mas não foi bem assim. Foi aprovada, sim, mas o PCP pronunciou-se contra.
Os comunistas "não acompanharam a proposta" e, no final da sessão, a deputada Paula Santos explicou porquê.
O PCP considera que Zelensky tem tido "um conjunto de posicionamentos numa lógica de confrontação", pelo que não concorda com a sua intervenção no Parlamento português.
“A Assembleia da República deve ter um papel não para contribuir para a escalada da guerra, da confrontação, do conflito, mas um papel que deve ser de defesa da paz", afirmou.
A deputada do PCP acrecentou ainda outro argumento: que estas intervenções têm sido tradicionalmente feitas em caso de visitas de chefes de Estado a Portugal, o que não é o caso. Recorde-se que a proposta do PAN, agora aprovada, segue para o Presidente da República, que se encarregará de fazer o convite para o discurso, por videoconferência.
“A realização de sessões com intervenção de chefes de Estado na Assembleia da República, ao longo dos últimos anos, tem sido muito limitada, e sempre na sequência de visitas institucionais ao nosso país, o que neste caso não ocorre", justificou Paula Santos.
Questionada pelos jornalistas, a deputada comunista insistiu que o PCP prefere que "se avance numa perspetiva de cessar-fogo", numa "solução negociada", criticando ainda as sanções aplicadas à Rússa, considerando que "não contribuem" para a resolução do conflito.
Paula Santos não esqueceu "a NATO e os Estados Unidos" e aquela que considera "uma corrida ao armamento", que não serve para terminar "uma guerra que não agrada aos povos: ao ucraniano e ao russo".
"Não estamos a defender a paz na Ucrânia desde 24 de fevereiro. Desde 2014 que estamos sozinhos a defender a paz", concluiu, apontando as "cerca de 14 mil" vítimas mortais do conflito desde essa altura e da anexação da Crimeia.