PCP vai apresentar moção de rejeição ao novo Governo e lança farpa ao PS: "Quem quiser acompanhar, acompanha, quem não quiser, tem de assumir responsabilidades"

19 mar, 23:04

O secretário-geral do PCP reconhece que não ficou satisfeito com os resultados eleitorais, mas reitera que o partido teria beneficiado de "mais duas semanas de campanha". "Estávamos a crescer" na rua, garante. "O desfecho foi o que foi", mas "não enfiamos a cabeça na areia"

O PCP vai apresentar uma moção de rejeição a um Governo liderado pela Aliança Democrática (AD) como "um sinal político claro" de que não tem "nenhuma ilusão" em relação às prioridades da direita.

Em entrevista à CNN Portugal, Paulo Raimundo rejeitou a ideia de que o PCP se tenha precipitado ao anunciar uma moção de rejeição a um governo que ainda não é conhecido. "Não há nenhuma precipitação nisto", disse, explicando que a moção que será apresentada constitui "um sinal político" que visa sinalizar "a forma como o PCP vai encarar o início desta nova legislatura".

"Achamos que [um governo de direita] é um governo que não responde às necessidades do país", afirmou, antevendo antes um executivo que vai dar "mais apoios aos grupos económicos" e que vai avançar para o "desmantelamento dos serviços públicos".

Questionado sobre a posição do PS, que já adiantou que irá abster-se na votação de uma moção de rejeição, Paulo Raimundo deixou claro que o PCP vai avançar com a moção, independentemente do entendimento dos restantes partidos. "Quem quiser acompanhar, acompanha, quem não quiser acompanhar, tem de assumir responsabilidades do que está a fazer", vincou.

Já sobre as declarações de Pedro Nuno Santos, que esta tarde admitiu viabilizar um orçamento retificativo da AD, desde que seja para responder às reivindicações de várias classes profissionais, da saúde às forças de segurança, Paulo Raimundo apontou que, "por opção do PS", e "à custa da vida das pessoas e dos serviços públicos", o novo executivo tem "folga orçamental suficiente que até pode dar resposta a esses problemas todos sem necessidade de retificativo".

Interrogado sobre se isso significa que o PCP vai votar contra um eventual orçamento retificativo, o secretário-geral dos comunistas deixou a questão em aberto, voltando a responsabilizar o PS por essa folga orçamental à custa da falta de resposta às necessidades das famílias e dos trabalhadores.

"Não enfiamos a cabeça na areia"

Paulo Raimundo reconheceu que os resultados eleitorais ficaram aquém do que ambicionava, rejeitando, contudo, que esta tenha sido uma derrota pessoal. 

"Nós não estamos satisfeitos com os resultados que tivemos, não enfiamos a cabeça na areia. Estamos a discutir os resultados eleitorais, mas estamos a fazer uma discussão em andamento", afirmou, sublinhando que a prioridade do PCP agora é a "combater" o governo de direita.

Questionado sobre se entende estes resultados como uma derrota pessoal, tendo em conta que foi a primeira vez que foi a eleições, Paulo Raimundo respondeu que "sinceramente" não é esse o balanço que faz.

"Fomos para uma batalha difícil", salientou, acrescentando que, ainda assim, o PCP fez "uma campanha extraordinária" e que teria beneficiado de "mais duas semanas de campanha" para que tal se refletisse nos resultados eleitorais. "Estávamos a crescer" na rua, sublinhou. "O desfechou foi o que foi, não estamos satisfeitos, estamos a discutir as razões pelas quais foi assim, mas em andamento", reafirmou.

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