Presidente da Câmara de Gaia é um dos arguidos na Operação Babel

17 mai 2023, 00:02

Eduardo Vítor Rodrigues é suspeito de alegados favorecimentos em contratações de pessoal e de empresas, disse fonte judicial à Lusa. O seu telemóvel terá sido apreendido

O presidente da Câmara de Vila Nova de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues, é um dos arguidos na Operação Babel, que investiga projetos imobiliários de milhões de euros, durante a qual foram realizadas, esta terça-feira, sete detenções. A informação foi avançada pelo Observador.

Fonte judicial disse à agência Lusa que o autarca socialista é um dos 12 arguidos constituídos no processo - entre os quais sete foram detidos - sendo suspeito de alegados favorecimentos em contratações de pessoal e de empresas.

Segundo ainda o Observador, PJ apreendeu o telemóvel do autarca assim como diversa documentação durante as buscas.

No entanto, contactado pela CNN Portugal, Eduardo Vítor Rodrigues garantiu que "não faz parte do auto".

"No âmbito do processo 1/22, designado Babel, não tenho nenhuma intervenção ou envolvimento nas diligências ocorridas. Não domino fontes nem coisas ocultas, apenas aquilo que o auto diz. Não faço parte do auto", disse à CNN.

Questionado sobre o facto de haver mais processos conexos à Operação Babel, Eduardo Vítor Rodrigues disse "desconhecer" a existência dos mesmos. "Apenas conheço o 1/22", acrescentou apenas.

"Aguardo com serenidade todo o desenrolar do processo"

Ainda esta noite, o presidente da Câmara de Gaia expressou a sua confiança no vice-presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, Patrocínio Azevedo, detido no âmbito desta megaoperação.

"O que é da Justiça pertence à Justiça. Mas há valores que prevalecem sempre. Conheço o Patrocínio há muitos anos e sempre o vi como uma pessoa correta e justa, um profissional sempre dedicado à causa pública, amigo de longa data, pai, filho e marido. Aguardo com serenidade todo o desenrolar do processo, confiando na Justiça e na presunção da inocência", escreveu Eduardo Vítor Rodrigues no Facebook.

Patrocínio Azevedo, engenheiro civil, é membro do executivo municipal responsável pelas áreas de Planeamento Urbanístico e Política de Solos, bem como pelo Licenciamento Urbanístico e pelas Obras Municipais, mas também líder da Concelhia do PS desde 2013.

A operação desta manhã incluiu várias buscas nas Câmaras de Vila Nova de Gaia e do Porto. De acordo com o comunicado da Polícia Judiciária, "foram efetuadas 55 buscas domiciliárias e não domiciliárias, em autarquias e diversos serviços de natureza pública, bem como a empresas relacionadas com o universo urbanístico, tendo-se procedido à detenção de 7 pessoas". No total, foram já constituídos 12 arguidos.

A operação tem por base "uma investigação dirigida à deteção e recolha de prova da prática de fenómenos de índole corruptiva, bem como reiterada viciação de procedimentos de contratação pública em setores de atividade específicos, com vista a beneficiar determinados operadores económicos", explica a PJ. Centra-se "na viciação de normas e instrução de processos de licenciamento urbanístico em favor de promotores associados a projetos de elevada densidade e magnitude".

Em causa estão "interesses imobiliários na ordem dos 300 milhões de euros, mediante a oferta e aceitação de contrapartidas de cariz pecuniário".

Os detidos vão ser presentes à competente autoridade judiciária no Tribunal de Instrução Criminal do Porto para primeiro interrogatório judicial e aplicação das medidas de coação tidas por adequadas.

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