Direção-Executiva do SNS estuda medidas de contingência para resolver receção de doentes

Agência Lusa , DCT
9 jan, 16:31
Fernando Araújo (Miguel A. Lopes/Lusa)

Na sequência dessa reunião, os bombeiros adiaram a cobrança de taxas aos hospitais pela retenção das macas nas urgências após ter sido marcada uma nova reunião para dia 18, que incluirá o INEM.

A Direção-Executiva do Serviço Nacional de Saúde (DE-SNS) avançou esta terça-feira que está a estudar medidas de contingência que permitam, mesmo em picos de afluência, resolver os constrangimentos na receção de doentes, problemas que vão além da disponibilidade de macas.

“A DE-SNS encontra-se a trabalhar ativamente com as Unidades Locais de Saúde (ULS), no sentido de elaborar medidas de contingência que permitam, mesmo na altura de picos de afluência, resolver os constrangimentos na receção de doentes, de modo a libertar os meios do INEM e das corporações de bombeiros, para que possam dar resposta a outras ocorrências”, lê-se em comunicado.

A estrutura liderada por Fernando Araújo acrescenta que além da disponibilidade de macas nas instituições, está em cima da mesa “acima de tudo a gestão dos espaços nos serviços de urgência”, bem como os fluxos para o internamento, recursos humanos em número adequado e modelos de funcionamento que “garantam resposta em tempo útil, mesmo em situações de maior exigência e complexidade”.

“A abertura e compromisso dos parceiros no Sistema Integrado de Emergência Médica, na procura de soluções que sirvam as pessoas, será seguramente um garante para que os resultados que pretendemos obter, em conjunto, com planeamento, organização e estratégia, envolvendo todos, sejam efetivos e defendam o Serviço Nacional de Saúde”, termina a nota.

Este comunicado surge após uma reunião que ocorreu de manhã, no Porto, com a Liga Portuguesa o Bombeiros (LPB).

Na sequência dessa reunião, os bombeiros adiaram a cobrança de taxas aos hospitais pela retenção das macas nas urgências após ter sido marcada uma nova reunião para dia 18, que incluirá o INEM.

Esta medida tinha sido aprovada na segunda-feira, numa reunião do Conselho Executivo da LPB realizada em Gouveia, no distrito da Guarda, e entraria em vigor na quarta-feira.

“Somos pessoas de bem e queremos o diálogo e não fazia sentido que continuássemos a insistir numa situação antes da [nova] reunião [de dia 18 que inclui o INEM]”, disse o presidente da LBP, António Nunes.

Já de acordo com a nota da DE-SNS “as partes comprometem-se a estudar propostas de melhoria do sistema”, uma ideia que vai ao encontro das declarações do presidente da LPB que à saída da reunião de hoje avançou aos jornalistas que enviará “cinco ou seis propostas concretas” com vista à resolução de problemas atuais.

“Esperamos entregar até ao final da semana as propostas. Algumas poderão ter de provocar alguma alteração de algum despacho ou portaria”, disse António Nunes sem dar detalhes sobre que alterações poderão ser essas.

Antes, António Nunes deu vários exemplos de situações complicadas de retenção de macas e ambulâncias.

“Nos últimos 15 dias houve situações em que ambulâncias dos bombeiros ficaram 22 horas à porta de um hospital”, disse o presidente, referindo-se a um caso que aconteceu em Coimbra.

António Nunes também contou que “numa tarde da semana passada, uma corporação da região de Lisboa ficou com sete ambulâncias retidas à porta do hospital”, uma situação que aconteceu no Hospital Fernando da Fonseca (Amadora-Sintra).

Além das regiões do Porto, Lisboa e Coimbra, segundo o presidente da LPB, inspiram preocupação situações em Setúbal e Santarém.

Na segunda-feira, em Cantanhede, no distrito de Coimbra, o ministro da Saúde, Manuel Pizarro, considerou incompreensível que os hospitais não encontrem um sistema para evitar a retenção de macas dos bombeiros.

“O que eu acho que é mesmo incompreensível é que nós não sejamos capazes, em todos os hospitais, de organizar um sistema que evite que os bombeiros tenham de ficar à espera para que as suas macas sejam disponibilizadas. É isso que eu espero verdadeiramente seja resolvido”, disse o ministro.

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