Todas as calorias são iguais? Nem por isso (e quem o diz é o microbioma intestinal)

CNN Portugal , DCT
13 ago 2023, 12:00
Dieta (Freepik)

A saúde intestinal ganha cada vez mais protagonismo aos olhos da ciência e um recente estudo vem mostrar que é nos intestinos que se dita o quão calórico pode ser um alimento ou não (mas a escolha do que come continua a ser determinante)

Os intestinos reagem de forma diferente aos alimentos ingeridos e isso pode fazer com que alguns apresentem um menor teor calórico - mesmo que, no fundo, tenham as mesmas calorias. A conclusão é de um estudo publicado na Nature Communications, que indica que alimentar ‘bem’ a microbiota intestinal faz com que a ingestão calórica seja menor - e, sim, as bactérias que por lá habitam têm preferência no que comem.

Diz o estudo do AdventHealth Institute for Translational Research que os alimentos processados são absorvidos mais rapidamente no trato gastrointestinal superior, o que faz com que tenham um maior peso calórico no organismo, do que alimentos ricos em fibra, que ‘viajam’ pelos intestinos e alimentam as bactérias que lá habitam. Essa ‘viagem’ faz com que a ingestão de calorias seja reduzida, pois parte dela é ‘queimada’ pelas bactérias intestinais.

Participaram na investigação 17 pessoas saudáveis com um índice de massa corporal (IMC) dentro da faixa de peso normal a sobrepeso e com fezes normais de acordo com a escala de Bristol. Para o estudo foram excluídas pessoas com uso recente de antibióticos ou condições crónicas de saúde. 

Todos os participantes foram alimentados durante 22 dias com uma Dieta Intensificadora do Microbioma (rica em fibras, com a aveia, as leguminosas, o arroz integral, a quinoa e as frutas e vegetais como protagonistas) e durante outros 22 dias com uma dieta mais ao estilo ocidental (rica em alimentos processados e açúcares, como cereais de pequeno-almoço, bolos, pão branco, etc.). Independentemente da dieta, as refeições tinham o mesmo valor calórico e valores idênticos de macronutrientes (proteína, gordura e hidratos de carbono).

Assim que cruzaram os dados e analisaram as fezes dos participantes, os cientistas descobriram que é com dieta rica em fibras que se dá uma menor absorção de calorias por parte do organismo. Em média, os participantes perderam 217 calorias por dia na dieta rica em fibras, cerca de 116 calorias a mais do que perderam na dieta ocidental.

“As dietas tinham as mesmas calorias, mas uma descia para o cólon e alimentava os micróbios, e a outra era completamente digerida e dada a nós [ao nosso organismo]”, disse Steven R. Smith, co-autor sénior do estudo e diretor científico da AdventHealth, citado pelo The Washington Post, “A dieta aprimoradora do microbioma foi realmente projetada para deixar a sua microbiota intestinal feliz”, que, por consequência, leva a uma menor ingestão de calorias.

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