Um olhar para a crise nos Sky Blues.
Como se explica este Manchester City, que é, talvez ainda mais que o Dortmund na Bundesliga e a Roma na Serie A, a grande deceção da temporada nas principais provas continentais?Manuel Pellegrini, que tem um passado de equipas a jogar bom futebol, está obviamente em causa, depois de ver o seu grupo-campeão cair, nas últimas semanas, de candidato ao título para um quarto lugar-limite no acesso à Liga dos Campeões, e com o Liverpool – outra desilusão, depois de investimento gigantesco – já por perto.
O City está a 12 pontos do Chelsea, e este Chelsea não teve, bem longe disso, um percurso assim tão imaculado.
O treinador chileno tentou acrescentar experiência à sua defesa, com Demichelis e Sagna – jogadores em final de carreira –, e um maior poder para roubar a bola aos adversários no meio-campo, ao trazer Fernando do Dragão.
Dizer que o argentino até foi o melhorzinho do setor mais recuado dos Citizens
Pellegrini juntou ainda ao plantel a potência e o potencial do dispendioso Mangala, um falhanço rotundo, pelo menos até ver.
Sobretudo, o treinador não conseguiu construir uma verdadeira equipa, motivá-la e liderá-la. Essa é a principal crítica que se lhe pode fazer. O City não funcionou principalmente como conjunto e não correspondeu às exigências.
Depois, contou com jogadores a apresentar rendimento anormalmente baixo, como Zabaleta, Jovetic, Nasri, Dzeko e Yaya Touré. David Silva e Agüero, principalmente, bem lutaram por outro rumo, mas não foram suficientes.
A quebra vertiginosa do Manchester City coincide com um momento delicado de renovação do seu plantel, e com a luz vermelha do fair-play
A julgar pela crítica, apenas Joe Hart, Silva e Agüero têm a continuidade assegurada, se o clube quiser apostar forte no regresso aos títulos. Eventualmente, Fernandinho e mais dois ou três daqueles que dão jeito, os de trabalho, e que são a felicidade de qualquer técnico.
Tantos milhões depois, os Sky Blues
O dinheiro continua (e continuará) sem ganhar campeonatos. E uma ideia comum a toda a política desportiva poderia ter ajudado a solidificar o projecto que agora parecer ruir de uma forma quase definitiva. Antes de procurar novos craques, no Etihad dever-se-ia apostar numa estratégia unificadora, que não permita mantas de retalhos na defesa e jogadores esvaziados de ambição no meio-campo e no ataque.
A culpa não é toda de Pellegrini, mas dificilmente poderá ser ele o homem com que tudo vai começar de novo.
Luís Mateus é subdiretor do Maisfutebol e pode segui-lo no TWITTER.