Consideram que pode implicar uma redução na qualidade da formação. Uma opinião partilhada pela Associação Nacional de Estudantes de Medicina
O Conselho de Escolas Médicas considerou esta sexta-feira que a abertura de um mestrado integrado em Medicina na Universidade de Aveiro pode implicar uma redução na qualidade da formação, opinião partilhada pela Associação Nacional de Estudantes de Medicina.
A acreditação do novo curso pela Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES) numa região já abrangida pelo ensino clínico médico, com expansão de vagas, implica, segundo as duas entidades, “uma maior pressão formativa nas unidades locais de saúde afiliadas”.
“Importa garantir que é adotada uma abordagem coordenada da expansão de vagas nas escolas médicas, num processo colaborativo focado nas necessidades nacionais”, defenderam as duas organizações em comunicado.
No documento, sublinham a necessidade de garantir estágios clínicos de qualidade, através de redes formativas regionais, atendendo às necessidades específicas das populações.
“A proposta de Mestrado Integrado em Medicina na Universidade de Aveiro, aprovada pela A3ES, terá o seu ensino clínico a decorrer nas Unidades Locais de Saúde Gaia/Espinho, Entre Douro e Vouga e da Região de Aveiro, pertencendo as duas primeiras à Área Metropolitana do Porto. Esta região agrega, neste momento, três faculdades de Medicina: a Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), o Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto (ICBAS-UP) e a Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade Fernando Pessoa”, lê-se no comunicado conjunto.
Relativamente às duas primeiras, onde funciona o Mestrado Integrado em Medicina, o ensino clínico decorre entre a Unidade Local de Saúde de São João, Unidade Local de Saúde de Santo António e instituições hospitalares, que incluem as unidades locais de saúde Gaia/Espinho e Entre Douro e Vouga, na região.
“Diariamente, a região do Porto suporta em ensino clínico, em cuidados hospitalares e primários, cerca de 1.500 estudantes de medicina, com mais de 500 estudantes só na Unidade Local de Saúde Gaia/Espinho”, sustentam.
“Assiste-se, simultaneamente, a um aumento do número de estudantes por doente que se torna desadequado, com possíveis implicações éticas e com a possibilidade de que o contacto da pessoa doente com os cuidados de saúde seja negativamente afetado pelo elevado número de intervenientes”, alegam as entidades subscritoras desta posição.
Para o Conselho de Escolas Médicas Portuguesas e a Associação de Estudantes, a abertura de faculdades de medicina e/ou aumento das vagas nas faculdades existentes obriga a um “planeamento estratégico e adequado” nos locais de ensino clínico, “bem articulado” com as faculdades já existentes.
“Apenas aumentar o número de estudantes de Medicina em nada resolve os atuais problemas do Serviço Nacional de Saúde, já que este aumento não resulta diretamente num efetivo aumento de profissionais de saúde”, segundo a opinião expressa no documento.