Viagens de comboio que substituem voos até 2030, o "otimismo" de Galamba nas greves na CP e aumentos dos apoios agrícolas: as cinco novidades do CNN Town Hall

12 jul 2023, 07:24

Terceiro CNN Town Hall contou com a participação dos ministros João Galamba, Duarte Cordeiro e Maria do Céu Antunes, que fizeram questão de deixar claro que o Governo está "unido" apesar das 13 demissões no último ano

Galamba prevê "parte da alta velocidade em operação antes de 2030"

A infraestrutura ferroviária e aeroportuária foi o primeiro tema a ser discutido no terceiro CNN Town Hall, com o ministro João Galamba a admitir que, no futuro, a linha ferroviária que fará a ligação Lisboa-Porto será capaz de substituir as viagens aéreas, reduzindo assim a pegada ambiental. E isso será possível ainda antes de 2030, estima João Galamba. 

"Terminou há pouco tempo a consulta pública do primeiro troço Porto-Aveiro, iniciou-se agora a consulta pública do troço Aveiro-Soure. Contamos ter parte da alta velocidade em operação antes de 2030. É um processo moroso, mas neste momento estamos a prepararmo-nos para, uma vez concluída a avaliação de impacto ambiental, começar a lançar concursos para a alta velocidade em 2024", adiantou o ministro das Infraestruturas.

João Galamba acredita não só que a alta velocidade "vai reduzir muito significativamente" as emissões de carbono, como também vai "reduzir o tempo de viagem e tornar a ferrovia mais atrativa". E este último ponto é importante para o ministro, que lamenta que, "neste momento, os portugueses não olhem para a ferrovia" como uma opção de transporte, admitindo, contudo, que este panorama só pode mudar com o devido investimento na ferrovia.

E é isso que este Governo está a fazer, garante o ministro, assinalando os esforços da tutela nesse sentido, nomeadamente com a reabilitação de locomotivas para o serviço da CP. "Estamos a tentar melhorar o serviço. Reabrimos oficinas, recuperámos material que estava encostado, compramos material a Espanha que, uma vez remodelado, está em ótimas condições. Fizemos um primeiro concurso para 22 comboios, e teremos em princípio a entrega do primeiro ainda este ano, e está em curso o maior concurso de sempre da CP para 117 comboios."

"Estamos a fazer o esforço, lentamente, porque isto não se resolve de um dia para o outro. Fazer comboios demora tempo", ironizou.

Percentagem da reprivatização da TAP só deve ser conhecida "depois de outubro"

Ainda no tema das Infraestruturas, o ministro João Galamba foi questionado sobre a percentagem da reprivatização da TAP, remetendo o assunto para depois da publicação do decreto-lei nesse sentido, que será conhecido "brevemente".

Perante a insistência dos jornalistas, Galamba indicou que, "em princípio, não será este mês, mas seguramente antes de outubro". E sobre a ordem de grandeza, ironizou: "Será superior a 0% e inferior a 100%."

Ministro assume-se "otimista" na resolução das greves da CP até às JMJ

Na fase de perguntas do público, João Galamba foi confrontado com as greves constantes na CP. "Desde o inicio deste ano, a CP já esteve de greve pelo menos 98 dias, o que equivale a 52% dos dias deste ano", apontou um aluno da Universidade de Aveiro, questionando o ministro sobre que medidas estão a ser tomadas para resolver esta questão.

No entender de João Galamba, "é normal que haja mais greves" num "contexto inflacionista" como este que vivemos, e o Governo só tem o dever de, "na medida do possível", estar "aberto ao diálogo e à negociação". Ainda assim, "o início do ano foi mais problemático do que agora", observa o ministro, referindo-se ao impasse entre a administração da CP e um sindicato entre os 16.

"Já fizemos bastante e termos conseguido chegar a acordo com 15 dos 16 sindicatos é melhor do que a situação que tínhamos no início do ano", salienta, admitindo que "há um problema" com o Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial Itinerante (SFRCI), que recentemente decretou greve até 6 de agosto, afetando assim a circulação nas Jornadas Mundiais da Juventude (JMJ).

Neste impasse, Galamba não quis deixar dúvidas sobre a posição da tutela. "A tutela acha que a administração da CP tem razão. Aliás, ainda esta semana vamos ter mais uma reunião com o sindicato", adiantou.

Questionado sobre se espera resolver este impasse a tempo das JMJ, Galamba manifestou-se "otimista", acreditando ter "condições para resolver e evitar problemas, não só nas JMJ, mas daqui para a frente".

Duarte Cordeiro 'colou-se' a Pedro Adão e Silva nas críticas ao funcionamento da CPI à TAP

Confrontado com a polémica em torno das declarações do ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, quanto ao funcionamento da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) à TAP, comparando-a com um reality show e descrevendo os deputados como “uma espécie de procuradores do cinema americano de série B da década de 80”, Duarte Cordeiro começou por distanciar a posição do Governo da manifestada pelo grupo parlamentar do PS, que classificou as críticas do ministro como "uma falta de respeito".

"Entre o Governo não há nenhum problema com as declarações do nosso colega da Cultura", frisou, subscrevendo, de seguida, as declarações de Pedro Adão e Silva "relativamente ao facto de os ministros terem opinião e deverem expressar opinião".

Aliás, o responsável pela pasta do Ambiente e da Ação Climática considera mesmo que "não há português que não considere que não tenha havido exageros na CPI". "Também subscrevo essa perspectiva", assinalou. Questionado sobre que tipo de exageros verificou durante aquela comissão parlamentar de inquérito, o ministro respondeu: "Inquéritos que duram a noite inteira? Não faz sentido, não precisamos disso na nossa democracia, não é necessário."

Já o ministro João Galamba, que foi inquirido pelos deputados numa das 56 audições, escusou-se a "adjetivar" a atitude dos deputados naquela comissão parlamentar de inquérito. "Participei longas horas na CPI, esgotei aí a minha participação", respondeu, acrescentando de seguida que não viu qualquer ofensa nas palavras de Pedro Adão e Silva.

Governo vai aumentar em 30% apoios à produção agrícola

A ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, anunciou que o Governo pretende "aumentar em pelo menos 30%" os apoios à produção agrícola nas zonas onde se verifica "um abandono da atividade agrícola" na sequência dos incêndios florestais.

"Se olharmos para a distribuição dos apoios à produção agrícola em Portugal, percebemos que nas zonas onde há mais incêndios, há menos apoios disponíveis, e portanto houve um abandono da atividade agrícola naqueles territórios. O que estamos neste momento a fazer é aumentar pelo menos em 30% os apoios àqueles territórios", adiantou, explicando que esta é uma medida que visa não só incentivar a produção agrícola, como também combater os incêndios florestais, num ano em que se prevê um elevado risco de incêndios.

No âmbito do combate às alterações climáticas e dos cenários de seca extrema e severa, a ministra da Agricultura foi ainda questionada sobre se existe um plano de reestruturação do tipo de cultura agrícola de acordo com os recursos hídricos de cada região do país.

Maria do Céu Antunes respondeu da seguinte forma: "Nós não podemos condicionar as escolhas porque as escolhas dos nossos agricultores têm a ver com o rendimento que tiram dessa mesma produção."

"Um dos problemas que temos na agricultura é a renovação geracional. Precisamos de mais jovens na agricultura. Com isto, precisamos de trabalhar diversas dimensões, como o uso da água, o solo, a escolha das plantas e estamos a incentivar, do ponto de vista das políticas públicas, a escolha de raças autóctones, as nossas variedades regionais, mas que possam também ter os incentivos do ponto de vista financeiro", indicou.

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