Entre as razões apontadas por André Ventura está "a brutal incompetência e incapacidade crónica do Governo"
O líder do Chega anunciou esta sexta-feira que o partido irá entregar o projeto de resolução da moção de censura ao Governo na próxima sexta-feira, dia 15, e pretende que a mesma seja discutida no dia 19 de setembro.
Em conferência de imprensa, André Ventura disse ter tido contactos com o presidente da Assembleia da República e com a ministra dos Assuntos Parlamentares e informou ter sido pré-acordada esta data “para provocar o menor dano possível nos trabalhos parlamentares”, uma vez que já estavam agendados plenários para os dias 20, 21 e 22 de setembro.
No entanto, uma vez que o Regimento da Assembleia da República estipula que o debate da moção se inicia “no terceiro dia parlamentar subsequente à apresentação da moção de censura” – o que atiraria o debate para dia 20 - terá de haver unanimidade para que este prazo seja antecipado.
Para tal, na sexta-feira, dia 15, depois de entregue o texto da moção, haverá uma conferência de líderes para organizar o debate, que tem precedência sobre outros temas.
André Ventura justificou a apresentação da moção de censura com “a brutal incompetência e incapacidade crónica do Governo”, “o conflito institucional com o Presidente da República” e falhas em dossiers como a TAP, habitação, saúde e as questões judiciais envolvendo a área da Defesa.
Ventura desafiou todos os partidos da oposição a votarem a favor do texto do Chega, ainda que a maioria absoluta do PS seja suficiente para o rejeitar.
“Não derrubaremos o Governo, mas daremos ao Presidente da República a munição de que precisa para que, depois das eleições europeias, entenda que este Governo deve ser demitido”, disse.
O presidente do Chega disse não ter feito ainda contactos com os restantes partidos, mas admite que aconteçam antes de formalizar a entrega do texto, deixando um especial desafio ao PSD.
“Se o PSD votar contra, honestamente nem sei o que dizer. Perceberemos que já não é o PSD, mas um PSD ‘mais um’”, afirmou o líder do Chega, considerando que também uma abstenção social-democrata dará um sinal de uma “oposição frouxa e fraca” ao Presidente da República.
Para Ventura, os partidos que não votarem a favor desta moção “serão os sustentáculos do Governo do PS”, insistindo que esta iniciativa do Chega será “mais para o país e para o Presidente da República”.
“Espero um grande consenso parlamentar no voto a favor da moção do Chega”, disse, apesar de a anterior censura do partido ao Governo – em julho do ano passado – ter sido rejeitada com votos contra de PS, PCP, BE, PAN e Livre e abstenções de PSD e Iniciativa Liberal.