Fotos inspiradoras dos campos de futebol mais impressionantes do mundo

CNN , Catherine Shoichet
24 dez 2022, 23:00
Henningsvaer Stadion, na Noruega

O jornalista britânico Ryan Herman ainda se lembra do primeiro campo de futebol que visitou quando era criança, em 1978. Lembra-se das vistas, dos sons e também do resultado do jogo. 

O Liverpool venceu o West Ham United por 2-0 naquele dia, em Upton Park, mas para Herman a experiência não se limitou à vitória da sua equipa. 

O estádio no leste de Londres já foi demolido, mas a admiração que Herman sentiu, de pé, atrás da baliza, é algo que ele ainda hoje sente, sempre que tem oportunidade de visitar um novo estádio. 

Com esse primeiro jogo e muitos outros em mente, Herman começa o seu novo livro, "Remarkable Football Grounds", com uma declaração que poderá surpreender muitos adeptos que assistiram ao Mundial 2022: "Às vezes o jogo em si não é a parte mais interessante da história."

"É tudo o que se passa à sua volta", acrescenta em declarações à CNN.

Vista aérea do estádio do Mónaco ao nascer do sol, vista de La Turbie, ponto de referência do Mónaco, Monte-Carlo, Porto de Cap-d’Ail, Porto de Fontvieille, Monaco Ville. Créditos: Alamy Stock Photo

Como ele coloca na introdução do livro, "a viagem para o jogo, a ida para uma parte do mundo onde nunca estivemos (e provavelmente não voltaremos), aprender sobre a sua história, provar as cervejas locais... e os argumentos pós-jogo sobre um fora de jogo duvidoso" podem ser tão cativantes como qualquer outro destaque em campo. 

Para muitos, é conhecido como groundhopping: ir a estádios de futebol do mundo inteiro para ver não só os jogos, mas também para conhecer os locais onde decorrem. Segundo Herman, é uma subcultura que um "grupo pequeno e determinado de indivíduos" vive e que, de certa forma, está a apresentar ao público com o seu livro. 

Herman não se considera um groundhopper, mas o seu início de carreira, em que fazia a cobertura de várias equipas de futebol, levou-o a muitos campos de futebol. Há muito tempo que deixou de contá-los, mas calcula que já esteve em mais de cem campos. 

"Adoro o facto de o futebol servir como pretexto para irmos a um lugar que de outra forma não visitaríamos", afirma.

“Remarkable Football Grounds” oferece aos leitores alguns dos lugares mais impressionantes do mundo onde a modalidade é praticada, com fotografias bonitas e detalhes sobre cada localidade, que até os adeptos mais dedicados poderão desconhecer. 

Rapazes assistem a um jogo de futebol feminino amigável entre o FC Gspon e o FC Saas em Gspon, nos Alpes Suíços. Situado a cerca de 2000 metros, as pessoas só podem chegar ao campo por teleférico, que pode transportar até 10 pessoas, ou então com uma caminhada de 45 minutos. Créditos: Alamy Stock Photo

Herman ainda não teve oportunidade de visitar todos os campos de futebol em destaque no seu livro, mas disse que pesquisar foi, por si só, uma jornada fascinante. 

Ele conta histórias sobre donos de clubes excêntricos, confrontos políticos e detalhes históricos surpreendentes, explora a arquitetura de alta tecnologia dos estádios modernos e destaca as histórias de campos encontrados em locais muito bonitos e por vezes inesperados. 

Entre os favoritos de Herman: Blandy Park em Pontycymer, País de Gales, onde os trabalhadores da antiga aldeia mineira usaram pás e picaretas para converter um aterro para lixo doméstico e resíduos de mineração num campo; a cidade no topo da colina de Imotski, na Croácia, onde o Gospin Dolac Stadium foi construído ao lado de um lago que também se torna um campo de futebol nas ocasiões em que fica seco nos meses de verão. 

A capa do livro é o Henningsvaer Stadion da Noruega, localizado numa das várias ilhas, numa vila piscatória onde uma equipa de jovens joga no que a FIFA descreveu no ano passado como um "campo de futebol perfeito ". Durante os meses de verão, a luz do dia brilha no campo. No inverno, Herman afirma que "ventos fortes podem subitamente arremessar a bola e levá-la para o mar". Quando isso acontece, disse que o treinador do Henningsvaer se desloca num barco para a recuperar.

Cidade Histórica de Trogir, na Croácia. Créditos: Alamy Stock Photo

O livro também inclui vários estádios do Campeonato do Mundo do Catar de 2022, que causaram alguma controvérsia na preparação do torneio.  

Um exército de trabalhadores migrantes construiu sete novas arenas depois de o Catar ter sido escolhido como anfitrião para acolher o torneio em 2010, mas os grupos de defesa dos direitos humanos alegaram que muitos estavam sujeitos a trabalhos forçados, trabalhavam longas horas ao sol, tinham os salários em atraso ou não tinham sido pagos e sofriam intimidação por parte do empregador. 

O Catar negou veementemente as acusações, afirmando que a saúde, a segurança e a dignidade de "todos os trabalhadores nos projetos tinham permanecido intactas". As autoridades também negaram as notícias de que muito mais trabalhadores - cerca de 6.500, segundo uma investigação do “The Guardian” – tinham morrido durante a construção dos estádios do que os números anunciados pelo governo - apenas três mortes oficiais.

Herman diz que era importante incluir os estádios do Catar, dada a importância do torneio. Mas para além de mencionar algumas das suas inovações arquitetónicas - como o exterior do Estádio 974, feito a partir de contentores de transporte, e o sistema de climatização no interior do Estádio Al Janoub - o livro também faz alusão à controvérsia sobre a forma como os trabalhadores foram tratados e lança um olhar cético às afirmações dos organizadores sobre a sustentabilidade ambiental. 

Em vários pontos, Herman refere-se a determinados estádios como templos ou catedrais. É uma comparação justa, disse, dado o quão fiéis são muitos adeptos de futebol à sua equipa, à modalidade e aos lugares onde é praticada. 

Vista aérea da aldeia Eioi com cordilheira coberta de neve, campo de futebol e céu impressionante durante o pôr do sol, nas Ilhas Faroé, Dinamarca. Créditos: Alamy Stock Photo

"É aquele sentimento de dedicação e manifestação de emoções que as pessoas exalam nos campos de futebol", acrescenta. 

Em alguns casos, como o Pancho Arena em Felcsút, Hungria, a comparação é mais literal. A arquitetura do estádio apresenta arcos acentuados e um telhado de treliça que exigiu mil toneladas de madeira para a sua construção. "O interior é extraordinário", escreve Herman no livro, "e é mais provável que sinta que está a caminhar por uma catedral ou um mosteiro do que um campo de futebol". 

Quer sejam grandes ou pequenos, todos os campos de futebol apresentados no livro são um "espetáculo visual". “E são alguns dos campos mais impressionantes em termos visuais, com as histórias mais incríveis por trás deles e têm origens mais humildes", observou. 

“Entre os aspetos mais fortes do livro estão as preciosidades ocultas: os pequenos clubes onde as vitórias não são o mais importante, o que é relevante é a sua existência e o facto de serem a base da comunidade", afirma. 

Como adepto de futebol e alguém que gosta de contar histórias interessantes, Herman refere que é esse espírito do desporto que espera captar, desde pequenos esforços comunitários a megaestruturas que custam milhões de dólares. 

"O futebol não gira apenas em torno de um Campeonato do Mundo. O futebol reúne pessoas. Muitas pessoas estão agora divididas por razões diferentes", disse, "mas estão unidas pelo futebol".

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