Bolsonaro passou duas noites na embaixada da Hungria no Brasil. Ex-presidente terá tentado usar amizade com Orbán para assegurar fuga à Justiça

CNN Portugal , NM, notícia atualizada às 23:25
25 mar, 18:41

Jornal norte-americano New York Times teve acesso às imagens de videovigilância que mostram a chegada do antigo presidente do Brasil na noite de 12 de fevereiro e a saída durante a tarde de 14 de fevereiro

O jornal norte-americano New York Times divulgou imagens de videovigilância que mostram que Jair Bolsonaro passou duas noites na embaixada húngara no Brasil, em Brasília, naquilo que pode aparentar ser um pedido de asilo do antigo presidente brasileiro com o propósito de fugir à Justiça brasileira.

As imagens foram registadas no passado dia 12 de fevereiro, quatro dias depois de as autoridades brasileiras terem confiscado o passaporte de Bolsonaro e detido dois dos seus antigos assessores sob acusações de que tinham planeado um golpe no seguimento da derrota eleitoral.

No vídeo é possível ver-se Bolsonaro a entrar na embaixada da Hungria no Brasil, ao lado do embaixador Miklós Halmai, como explica o New York Times. A análise à videovigilância permitiu determinar que Bolsonaro chegou à embaixada durante a noite de 12 de fevereiro e abandonou o complexo na tarde de 14 de fevereiro.

Porquê a embaixada húngara?

As embaixadas são consideradas território dos países que as detêm, ou seja, a embaixada húngara, apesar de estar em território do Brasil, é considerada Hungria para efeitos legais, logo Bolsonaro não poderia ser detido.

Segundo escreve o NYT, Bolsonaro tentou alavancar a amizade com Viktor Orbán, primeiro-ministro húngaro, numa tentativa de escapar à Justiça brasileira através de um eventual pedido de asilo à Hungria.

Teoria que foi confirmada ao jornal norte-americano por um funcionário da embaixada húngara, que, sob condição de anonimato, explicou o alegado plano de Jair Bolsonaro.

Inicialmente, os advogados do antigo presidente de Brasil recusaram comentar o caso e a Embaixada da Hungria no Brasil não respondeu às perguntas do NYT.

Horas depois, os advogados de Bolsonaro, através de uma nota, afirmaram que o ex-presidente tinha estado na embaixada húngara para fortalecer as relações com um "manter contactos com as autoridades de país amigo". O embaixador húngaro foi chamado ao Ministério dos Negócios Estrangeiros do Brasil, onde relatou a mesma versão dos factos.

Em entrevista exclusiva à CNN Brasil, esta segunda-feira, o jornalista do New York Times, Jack Nicas, afirmou que a estadia do ex-presidente do Brasil levantou suspeitas dentro da própria embaixada húngara. “O que eu posso dizer é que minha fonte dentro da embaixada achou muito estranho que o ex-presidente tenha dormido lá”, explicou.

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