Benfica-Gil Vicente, 3-0 (crónica)

David Marques , Estádio da Luz, Lisboa
4 fev, 20:15

Voo real sem sobressaltos

Se é verdade que o Benfica venceu os últimos sete jogos que fez na Liga, é também inegável que neste percurso, iniciado após o empate na Luz com o Farense naquela noite de altíssima tensão de princípios de dezembro, foram poucas as vitórias sem sobressaltos.

Diante do Estrela, a equipa de Roger Schmidt só apareceu no final da primeira parte, contra o Boavista só respirou de alívio já para lá dos 90 minutos e frente ao Rio Ave só descolou quando se viu em superioridade numérica à hora de jogo.

Neste domingo, o Estádio da Luz viveu uma das tardes/noites mais tranquilas dos últimos tempos, sensação que esteve presente quase do primeiro até ao último minuto de jogo.

Não por ter sido um jogo brilhante dos campeões nacionais, mas acima de tudo pela forma como, ao contrário do que aconteceu em muitas outras ocasiões, não permitiram que o adversário os perturbasse.

A história deste 3-0 do Benfica ao Gil Vicente não é revestida de muitos remates, de posse de bola esmagadora e muito menos de uma imensidão de ocasiões de golo criadas. Mas teve, de sobra, a segurança que este Benfica parecia ser incapaz de alcançar. Tanta que o Gil Vicente só chegou com verdadeiro perigo à baliza de Trubin aos 85 minutos, quando o gigante ucraniano voou para negar o golo a Tidjany Touré.

Para isso terão sido essenciais as duas alterações promovidas pelo técnico das águias, que chamou Florentino para o onze, fez regressar Alexander Bah e não abdicou de Aursnes, que partiu da posição de João Mário para ser um jogador total. Se um meio-campo a dois assenta melhor nas características do médio português do que nas de Kökçü, a presença do norueguês no meio-campo torna a águia mais agressiva e coesa sem bola.

O Gil Vicente, habituado a causar problemas digestivos na Luz nas últimas épocas, desceu até Lisboa disposto a jogar no campo todo, mas a falta de concentração nas bolas paradas foi fatal para as ambições da equipa de Vítor Campelos, que sofreu o 1-0 (de Arthur Cabral aos 15m) e o segundo (de João Neves aos 35m) dessa forma.

Depois do 1-0, o galo até cresceu. Subiu as linhas, pressionou alto e conseguiu ter posses de bola prolongadas. Mas nunca, ou quase nunca, conseguiu definir com a clareza indispensável para se ter sucesso em casa de um grande. E o 2-0 fez ruir por terra a estratégia que o Gil ainda ia conseguindo aplicar.

A segunda parte começou praticamente com o golo de Rafa Silva, a concluir o melhor momento da noite. Até aqui o Benfica foi hoje mais equipa do que tem vindo a ser. Pela forma como o coletivo foi mais importante do que a varinha mágica manuseada por um indivíduo – tantas vezes Di María, que, ainda assim, esteve em quase todos os bons momentos ofensivos dos encarnados na primeira parte – que tantas vezes tem resgatado a equipa das trevas.

O resto do jogo desenrolou-se sem pressas e com controlo quase absoluto das águias, apesar das várias alterações promovidas por Schmidt, que parece entrar em fevereiro com mais soluções válidas para atacar a segunda metade da época.

Ainda que o Sporting não a tenha fechado, o Benfica sai da jornada 20 isolado, ainda que à condição, na liderança da Liga e, agora, com mais 6 pontos do que o FC Porto. E isto, tal como quase tudo o que se viu durante o 90 minutos na Luz, são boas notícias para os adeptos dos encarnados.

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