Azerbaijão detém ex-líder dos arménios do Nagorno-Karabakh

27 set 2023, 17:44
Ruben Vardanyan detido pelas autoridades do Azerbaijão (Guarda de Fronteira Azeri)

Ruben Vardanyan estava a tentar entrar na Arménia quando foi detido pela Guarda de Fronteira do Azerbaijão. Já foi transportado para Baku

O Azerbaijão deteve esta quarta-feira o empresário Ruben Vardanyan, antigo líder dos arménios do Nagorno-Karabakh. A informação foi revelada pela sua mulher na conta do próprio no X (ex-Twitter).

“O meu marido, Ruben Vardanyan, filantropo, homem de negócios e antigo ministro de Estado de Artsakh (Nagorno-Karabakh) foi detido e preso pelas autoridades azeris na fronteira, esta manhã, quando tentava sair com milhares de arménios. O Ruben esteve ao lado do povo de Artsakh durante os dez meses de bloqueio e sofreu com eles na sua luta pela sobrevivência. Peço as vossas orações e apoio para que o meu marido seja libertado em segurança”, escreveu Veronika Zorabend.

Pouco depois, a Guarda de Fronteira do Azerbaijão confirmou a detenção, como resultado de uma “operação de vigilância do pessoal militar”, e informou que Vardanyan já está em Baku.

As forças azeris estão a controlar fortemente a saída dos arménios do Nagorno-Karabakh. À AFP, uma fonte do governo de Ilham Aliyev afirma que este processo se destina a identificar possíveis “criminosos de guerra”.

"O Azerbaijão tenciona aplicar uma amnistia aos combatentes arménios que depuseram as armas em Karabakh. Mas aqueles que cometeram crimes de guerra durante as guerras de Karabakh têm de ser entregues a nós”, afirmou a fonte.

Vardanyan, multimilionário e fundador de um dos maiores bancos de investimento da Rússia, o Troika Dialog, ocupou o posto de ministro de Estado da autoproclamada República de Artsakh entre 4 de novembro de 2022 e 23 de fevereiro deste ano. De acordo com o Politico, o empresário renunciou à nacionalidade russa em 2021 e foi viver para o Nagorno-Karabakh.

Segundo o governo arménio, mais de 50 mil pessoas já entraram na Arménia vindos do Nagorno-Karabakh, quase metade dos 120 mil que residiam no território.

A deslocação forçada começou no domingo, cinco dias depois de o Azerbaijão ter lançado uma ofensiva sobre Nagorno-Karabakh, que matou mais de 200 arménios e feriu, pelo menos, outros 400, de acordo com os últimos dados disponibilizados pela provedoria dos direitos humanos de Artsakh, entidade política que administrava o território.

O Ministério da Defesa do Azerbaijão exigiu a “total e incondicional” retirada das tropas arménias da região, reconhecida internacionalmente como território azeri, a qual considera ser a “única forma de garantir a paz e a estabilidade na região”.

Esta operação foi desencadeada após seis azeris – quatro polícias e dois civis – terem sido mortos com a explosão de minas numa zona da região controlada por Baku.

Os arménios começaram a habitar o Nagorno-Karabakh desde, pelo menos, o século II a.C.. A saída destas 120 mil pessoas termina, assim, com milhares de anos de ocupação do território por parte deste povo.

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