Portugal é um dos maiores clientes de uma das ditaduras mais repressivas do mundo

Pedro Falardo , (notícia atualizada)
20 set 2023, 09:00
Baku (AP)

O país liderado por Ilham Aliyev é um parceiro comercial “fiável” da União Europeia, segundo a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. Dentro do bloco dos 27, Portugal é um dos maiores clientes do Azerbaijão

O Azerbaijão lançou esta terça-feira aquilo que diz ser uma “operação antiterrorista” contra a autoproclamada República de Artsakh, território povoado por arménios.

Esta agressão já terá provocado vítimas entre os civis da região, de acordo com o provedor dos direitos humanos do território separatista, e é mais um passo nas crescentes tensões entre azeris e arménios.

Em dezembro de 2022, o Azerbaijão bloqueou todos os acessos entre a Arménia e a região, povoada por 120 mil arménios, o que originou uma escassez sem precedentes de bens essenciais como comida, eletricidade e gás natural.

Apesar desta agressão, e de o Azerbaijão ser uma das ditaduras mais repressivas do mundo, o país liderado por Ilham Aliyev é um parceiro comercial “fiável” da União Europeia, segundo a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. Dentro do bloco dos 27, Portugal é um dos maiores clientes deste regime.

As relações comerciais entre Portugal e Azerbaijão são muito desequilibradas: em 2022, 99,48% das trocas comerciais entre os dois países foram importações portuguesas. De acordo com o INE, no ano passado, Portugal importou 816.825.653 euros do Azerbaijão. A grande maioria, 99,96% ou 815.504.266 euros, são importações de combustíveis fósseis, como petróleo e gás natural.

Os números do INE diferem dos do Comité Estatal de Estatística do Azerbaijão, que calcula que o país asiático exportou cerca de 696 milhões de euros para Portugal. Estes dados fariam de Portugal o 11.º maior destino das exportações azeris, correspondendo a 2% do total das mesmas.

Quanto às exportações, as mesmas totalizaram 4.203.052 euros em 2022. A maior porção, 43,87%, foram bens da categoria “Madeira, carvão vegetal e obras de madeira; cortiça e suas obras; obras de espartaria ou de cestaria”. A completar o pódio estão as categorias “Animais vivos e produtos do reino animal” e “Máquinas e aparelhos, material elétrico, e suas partes”, que representaram, respetivamente, 10,27% e 7,78% das exportações no ano passado.

Relativamente ao ano de 2023, de janeiro a julho, Portugal já importou bens no valor de 218.308.337 euros. O maior volume foi registado no último mês analisado, quando se importaram 80.099.728 euros de produtos azeris.

Por seu turno, nos primeiros sete meses do ano, Portugal vendeu 1.849.826 euros em bens ao Azerbaijão.

Olhando ao período de dez anos entre 2012 e 2022, é possível verificar uma tendência de crescimento das importações. À exceção do ano de 2020, em que Portugal importou apenas cerca de 218 milhões de euros, consequência da redução do consumo de combustíveis fósseis devido ao confinamento pandémico, Portugal importou anualmente mais de 400 milhões de euros em produtos azeris, tendo o valor mais elevado sido registado no ano passado.

Quanto às exportações, a tendência tem sido a mesma desde 2016, embora com números muito mais reduzidos. Contudo, o pico das exportações portuguesas para o país asiático registou-se em 2015, quando Portugal exportou 7.349.655 euros para o Azerbaijão.

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