AO MINUTO Costa admite que morte de grávida foi a "gota de água" para Marta Temido
GUIA DE LEITURA
- Como se soube da demissão
- Como Costa a aceitou
- Substituição de Marta Temido na Saúde "não será rápida": o que diz fonte oficial do Governo
- Marcelo já reagiu, aguarda pelo sucessor de Marta Temido - Presidente escreveu uma nota breve
- Dois bebés e uma grávida morreram entre junho e agosto: Marta Temidos, os casos antes da saída
- A morte de uma grávida transferida por falta de vagas: a notícia TVI/CNN antes da demissão da ministra
- Costa prometeu: parte dos problemas no SNS ficaria resolvida a 19 de junho. A seguir morreu um bebé e uma grávida, no fim a ministra culpou os "anos 80" antes de cair
- Costa é mais culpado que Marta Temido, o fio condutor do Governo é um problema para o SNS: Ordem dos Médicos reage em exclusivo na CNN Portugal
- "Foi preciso que morresse uma mãe que não teve acesso às urgências no maior hospital do país para que António Costa tomasse uma decisão": PSD reage
- PS acha que Marta Temido vai ficar na memória de todos
- Análise de Filipe Santos Costa Há uma lição no caso de Marta Temido para os ministros que ficam. A começar pelo primeiro
- Opinião de Sebastião Bugalho O primeiro-ministro caiu. Levanta-se?
- Análise de Pedro Santos Guerreiro "A ministra antecipou-se: não tinha força política para o impacto da morte da mulher grávida que foi mandada de um hospital para outro
De “sucessora preferida” ao trono socialista à saída inglória. A queda de Marta Temido, a ministra que resistiu à pandemia
O caso de Marta Temido mostra como, na política, um ano é muito tempo. A ministra da Saúde passou de trunfo político nas campanhas eleitorais a um dos elementos mais tóxicos do atual Governo de António Costa.
Perdeu popularidade, perdeu apoio político, mesmo entre os socialistas, e acabou por sair sem glória, pela porta pequena, num anúncio feito durante a madrugada.
Enfermeiros, médicos, pandemia, urgências e um pedido de desculpas em lágrimas. Os desafios e polémicas de Marta Temido
Ao entrar para o Governo, Marta Temido sabia o que a esperava no SNS, mas nem a ministra nem ninguém poderia ter previsto a pandemia.
Durante o mandato, Marta Temido conquistou popularidade e conseguiu que algumas controvérsias iniciais fossem esquecidas. Contudo, após o abrandamento pandémico, eis que os problemas no SNS parecem ter regressado ainda mais avassaladores.
Marcelo defende gestão do SNS "mais autónoma" e "mais independente do Ministério da Saúde"
Morte de grávida: “Não seria espectável um caso desta natureza no nosso país em pleno séc. XXI”
Rui Nunes, presidente da Associação Portuguesa de Bioética, entende que a ministra da Saúde apresentou a demissão na sequência da morte da grávida que foi transferida do Hospital de Santa Maria para o São Francisco Xavier. Para o especialista é estranho que um caso como este tenha acontecido num país como Portugal.
Marcelo reitera que aguarda "proposta de exoneração" formal
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, disse hoje aguardar que lhe chegue “a proposta de exoneração em termos formais” de Marta Temido como ministra da Saúde, assim como a da nomeação do seu substituto.
“Como imaginarão eu não vou comentar o caso concreto. Como disse numa nota que fiz publicar hoje, eu aguardo a proposta de exoneração em termos formais e a proposta correspondente de nomeação de substituto”, limitou-se a afirmar o chefe de Estado.
Marcelo Rebelo de Sousa falava, por videoconferência, na Universidade de Verão do PSD, que decorre em Castelo de Vide (Portalegre), onde respondeu a 15 perguntas colocadas por outros tantos alunos da academia social-democrata.
Ministra esteve muito bem na pandemia? "Não é verdade”. Bastonário lembra “quem combateu” a covid e o “militar" que salvou a vacinação
Miguel Guimarães, bastonário da Ordem dos Médicos, acredita que não foi Marta Temido que "esteve muito bem na pandemia", mas sim "os profissionais que a combateram como médicos, bombeiros, polícias e os cidadãos", acrescentando que, quando o processo de "vacinação começou a correr mal", foi um "militar" que o veio salvar.
“A culpa não pode morrer solteira”: Entre-os-Rios, a morte da grávida, Jorge Coelho e Marta Temido – Análise de Francisco George
Francisco George, ex-diretor-geral da Saúde, considera que, no caso que teve início no Hospital de Santa Maria e que culminou na morte de um a grávida, “a responsabilidade não é da ministra da Saúde”. O antigo responsável da DGS estabelece um elo de ligação entre este caso e a queda da ponte de Entre-os-Rios, quando o ministro socialista Jorge Coelho se demitiu, alegando que “a culpa não pode morrer solteira”.
Demissão de Marta Temido: o “momento Monty Python da política portuguesa, alucinante e nunca visto” – Análise de António Costa
O comentador da CNN Portugal e diretor do jornal Eco, António Costa, considera que quando falamos do SNS, falamos de “má gestão e má coordenação e não de falta de dinheiro”, lembrando que “nos quatro anos de Marta Temido, as transferências de Orçamento do Estado aumentaram mais de 3 mil milhões de euros”. António Costa defende que “há um problema de gestão que a ministra não foi capaz de resolver e que se foi avolumando”.
“Não tem cabimento”. Bastonário dos Médicos não entende decisão de manter Marta Temido até ao Conselho de Ministros
Miguel Guimarães, bastonário da Ordem dos Médicos, considera que manter Marta Temido como ministra da Saúde até ao Conselho de Ministros extraordinário, com o propósito de concluir a aprovação do diploma sobre a direção executiva do Serviço Nacional de Saúde, não faz sentido nem tem “cabimento”.
"Problema não é Marta Temido, é a estratégia do Governo". Bastonária dos Enfermeiros diz que sem ministra, Costa perdeu o "escudo"
Ana Rita Cavaco, bastonária da Ordem dos Enfermeiros, reitera que para a classe a demissão de Marta Temido não foi uma “surpresa”, considera que era claro que havia “um desgaste grande da ministra”.
Morte de grávida em Santa Maria: "Admito que tenha sido a gota de água” para Marta Temido, diz Costa
O primeiro-ministro explicou que, perante um pedido que garante ser inesperado, não se sentiu "em condições de não aceitar o pedido desta vez”. O líder do Executivo reconheceu ainda que o caso da grávida que morreu durante a transferência hospitalar foi "a gota de água" para Temido, que anunciou a demissão horas depois da notícia avançada pela TVI/CNN Portugal.
António Costa deixa "agradecimento profundo" à ministra da Saúde que lidou com uma pandemia e admite que substituição "não será rápida"
António Costa explicou que aceitou a demissão da ministra, realçando o "agradecimento muito profundo" a “uma ministra da Saúde que teve de enfrentar uma situação única e extraordinária que foi uma pandemia”.
Costa admite que morte de grávida foi "a gota de água"
António Costa admitiu que o caso da grávida que morreu durante a transferência hospitalar foi "a gota de água" para Marta Temido, que anunciou a demissão horas depois da notícia avançada pela TVI/CNN Portugal.
Quanto à hora tardia do anúncio - o comunicado chegou às redação depois da 1:00 da madrugada - o primeiro-ministro explicou que o Governo só o podia comunicar depois do próprio falar com o Presidente da República.
António Costa reconhece trabalho de Marta Temido e garante que substituição “não será rápida”
Cerca de 14 horas depois da demissão de Marta Temido, António Costa reagiu. O primeiro-ministro explicou que, perante um pedido que garante ser inesperado, não se sentiu "em condições de não aceitar o pedido desta vez”.
António Costa explicou que aceitou a demissão da ministra, realçando o "agradecimento muito profundo" a “uma ministra da Saúde que teve de enfrentar uma situação única e extraordinária que foi uma pandemia”.
Quanto ao substituto de Marta Temido, Costa garante que ainda não há nomes em cima da mesa e que a substituição “não será rápida”.
“Se estava a pensar que Marta Temido ia sair? Não, não estava a pensar. Percebi a razão dela. Aceitei as razões dela. Respeito as razões dela. Só tenho a agradecer o trabalho que foi feito”, referiu o primeiro-ministro.
Marta Temido: 1.414 dias com muitas crises e polémicas
Foram 1.414 dias com a pasta da Saúde e com a gestão de uma pandemia pelo meio. Marta Temido não teve uma vida fácil como ministra da Saúde, foram várias as polémicas e as crises graves no SNS, com silêncios e pedidos de desculpa pelo meio.
Chegou a ser apontada como potencial sucessora de António Costa na liderança do Partido Socialista, mas Marta Temido acabou por pedir para sair do governo, tendo anunciado a sua demissão esta terça-feira de madrugada.
Esta foi a viagem que a mulher grávida teve de fazer entre hospitais
Por falta de vagas no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, a grávida foi transferida para o Hospital São Francisco Xavier, também em Lisboa, um percurso de onze quilómetros que a TVI (do mesmo grupo da CNN Portugal) fez esta manhã e que, sem trânsito, levou cerca de 15 minutos a fazer.
Verão de casos nas urgências: dois bebés e uma grávida morrem em apenas três meses
Há vários casos graves que marcam as últimas semanas de governação de Marta Temido, principalmente no que diz respeito ao caos que se vive nas especialidades de Ginecologia e Obstetrícia, com o encerramento de blocos de partos, serviços de urgência e transferências de grávidas por vezes para hospitais muito distantes de casa.
Sindicato dos Enfermeiros quer substituição imediata da ministra
O presidente do Sindicato dos Enfermeiros (SE) defendeu a substituição imediata da ministra da Saúde, que apresentou hoje a sua demissão, salientando que estão a decorrer negociações com o Ministério.
“Esperamos e desejamos que a mudança de titular da pasta da Saúde não afete estas negociações, que duram há quatro meses”, alertou Pedro Costa, para quem a demissão de Marta Temido não constituiu uma surpresa, uma vez que “era algo anunciado”.
Em comunicado, o dirigente sindical disse esperar que a substituição da ministra da Saúde “não se arraste no tempo”, tendo em conta que os enfermeiros estão a negociar com o Ministério várias matérias relativas à valorização da carreira.
"O primeiro-ministro deveria ter a capacidade de substituir Marta Temido de imediato, de forma a minimizar a instabilidade crescente no Serviço Nacional de Saúde (SNS)", referiu ainda Pedro Costa.
Marta Temido apresentou a demissão por entender que “deixou de ter condições” para exercer o cargo.
A demissão, já aceite pelo primeiro-ministro, foi noticiada de madrugada, mas hoje de manhã fonte oficial do gabinete de António Costa disse à Lusa que a substituição da ministra da Saúde "não será rápida", adiantando que o chefe do Governo gostaria que fosse esta governante a concluir o processo de definição da nova direção executiva do SNS.
De acordo com o presidente do SE, a saída de Marta Temido do Ministério “deve ser encarada pelo Governo como a oportunidade de finalmente recuperar e relançar o SNS”.
Quanto ao sucessor da ministra, Pedro Costa defendeu que deve ser “alguém motivado para resolver as carências e premências do SNS, criando condições para contratar mais profissionais de saúde, valorizando as carreiras do setor, em especial a de enfermagem, e com capacidade de diálogo com as estruturas representativas da classe".
“É de consenso geral que a grande marca de Marta Temido é a gestão da crise de covid-19, algo reconhecido até internacionalmente, mas, infelizmente, antes e depois disso, foi incapaz de resolver um único problema no SNS, apenas de apresentar remendos atrás de remendos”, lamentou Pedro Costa.
“O problema não é a ministra, são as políticas”, diz a bastonária dos Enfermeiros
A bastonária da Ordem dos Enfermeiros (OE), Ana Rita Cavaco, relativizou esta terça-feora o impacto da demissão da ministra da Saúde, considerando que o principal problema do setor está nas “políticas que o governo decide implementar”.
Em declarações à Lusa, Ana Rita Cavaco garantiu não ter ficado surpreendida com a saída de Marta Temido e notou que as “profundas divergências” que teve com a ex-governante ao longo de quase quatro anos deixam-na à vontade para defender que o problema não passa pelo nome do titular da pasta da Saúde.
“As decisões que se tomam relativamente ao setor – não é só o Serviço Nacional de Saúde (SNS) - são decisões que estão em consonância com o primeiro-ministro. A estratégia não é de uma pessoa só”, destacou a bastonária, que continuou: “É uma questão de ideologia e do que está por detrás das decisões que se tomam e dos recursos colocados à disposição para tomar ou não essas decisões, porque os problemas estão identificados há muitos anos.
“Somos um país que escolhe pôr dinheiro na banca e na TAP ao invés do SNS. Sem um mínimo não é possível fazer as reformas que estão identificadas há muito”, acrescentou, acentuando a responsabilidade de António Costa: “É o chefe do executivo. Portanto, Marta Temido trabalhou com as condições que lhe deram e fê-lo em consonância com o primeiro-ministro”.
Segundo a bastonária da OE, havia já um “desgaste muito grande” em torno de Marta Temido. Contudo, a maior preocupação de Ana Rita Cavaco centrou-se na definição de respostas para os problemas apontados pelos enfermeiros e na necessidade de reformas estruturais que entendeu serem “decisivas” para as pessoas.
“O que nos preocupa agora é quem vai a seguir e se vai fazer aquilo que é necessário: vão rever a carreira dos enfermeiros? Vão finalmente negociar o internato? Vão ter medidas de fixação para enfermeiros?”, questionou a responsável, sem deixar de lembrar “os enfermeiros que estão a sair das escolas e a emigrar para países estrangeiros sem uma medida de fixação”, com exceção para os contratos de quatro meses.
Confrontada sobre o nome do futuro titular do Ministério da Saúde e a expectativa de um melhor relacionamento com a tutela, a bastonária assumiu que “pode ser obviamente melhor” e lembrou inclusivamente o nome do secretário de Estado Adjunto e da Saúde.
“António Lacerda Sales tem uma ótima relação com todos os intervenientes do setor. É evidente que isso ajuda e gostamos sempre muito mais de trabalhar e de resolver problemas com pessoas simpáticas e que conseguem interagir connosco do que com uma pessoa que, no caso da OE, nos fez uma sindicância, porque não gostava do trabalho que fazíamos”, finalizou.