Guterres: "Tenho a humildade de perceber que não consigo convencer totalmente Putin"

Rafaela Laja , com agências
27 abr 2022, 18:36

Secretário-geral das Nações Unidas falou aos jornalistas portugueses à chegada a Kiev, depois da reunião com o presidente russo em Moscovo

Foi em Kiev que António Guterres se pronunciou, esta quarta-feira, sobre a reunião com Vladimir Putin em Moscovo. Em declarações aos jornalistas portugueses à chegada a capital ucraniana, depois de, no dia anterior, ter sido recebido no Kremlin pelo presidente russo, o secretário-geral das Nações Unidas admitiu que não conseguiu convencer Putin.

"Posso dar o meu contributo, mas tenho a humildade de perceber que não consigo chegar a uma sala e convencer totalmente Putin de aquilo em que acredito, mas que não corresponde de todo à posição que a federação russa tem nesta questão", afirmou Guterres, reiterando o papel que as Nações Unidas têm tido tanto no apoio humanitário ao povo ucraniano, como no acompanhamento "regular" das negociações.

Nesse sentido, o diplomata relembrou que o seu contributo é "ser um mensageiro de paz" e tentar "ajudar a resolver alguns dos mais difíceis problemas pendentes". Contudo, deixou claro que "nunca são atingidos todos os objetivos".

Prioridade da ONU é retirar civis de Mariupol

O secretário-geral da ONU disse que a prioridade, neste momento, é criar condições para salvar os civis que se encontram retidos numa fábrica sitiada em Mariupol.

Guterres mostrou-se empenhado em garantir as condições para que as Nações Unidas, em cooperação com as autoridades russas e ucranianas, possam estabelecer um corredor humanitário que permita a saída de centenas de civis que se encontram no complexo siderúrgico Azovstal.

“Imaginem centenas de mulheres e crianças em corredores escuros e sem acesso a nada e no meio de uma guerra. É prioritário conseguir fazer com que possam sair dessas condições”, sublinhou, numa conferência de imprensa improvisada com os jornalistas portugueses presentes em Kiev.

Guterres reconheceu que a tarefa será difícil, já que “se trata de pessoas que estão retidas num espaço sitiado” pelas tropas russas, obrigando por isso a uma “logística complexa”, pois será necessário garantir que o corredor humanitário não será utilizado “por outros atores”.

O secretário-geral da ONU reiterou que a sua organização continua empenhada em conseguir encontrar uma solução pacífica para o conflito na Ucrânia, repetindo que, para as Nações Unidas, “não há qualquer dúvida de que se trata de uma invasão injustificada”.

Sobre o ‘timing’ da sua visita a Moscovo e a Kiev, que tem sido criticada por vários analistas, Guterres esclareceu que, na sua perspetiva, esta foi “a melhor ocasião” para conversar com os dois presidentes.

Guterres explicou ainda que não está “excessivamente preocupado” pelo facto de a ONU não ter sido envolvida nas negociações políticas, atribuindo esse fator à indisponibilidade da Rússia em aceitar essa intermediação.

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