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Colunista e comentador

Dragão e Leão - tenham lá juízo!

21 abr 2022, 12:24
Ruben Amorim e Sérgio Conceição

Hoje, quinta-feira, há jogo grande no Estádio do Dragão.

É a segunda mão das meias-finais da Taça de Portugal, cujo vencedor encontrará o Tondela no Jamor, numa final inédita na história da competição.

Não estamos a falar apenas em mais um clássico da bola indígena que gera sempre enormes expectativas e muita conversa de bastidores. 

Estamos a falar do regresso de uma maioria de intérpretes que há dois meses e pico protagonizaram, no mesmo Estádio, após um jogo intenso, um conjunto de incidentes que genericamente envergonharam o futebol português.

Talvez tenha sido esse, afinal, o jogo mais marcante deste campeonato, no que diz respeito às contas do título. O Sporting precisava de ganhar. O FC Porto precisava, acima de tudo, de não perder, uma vez que, a 12 jornadas do fim, conservava os 6 pontos de avanço com que entrara nessa noite no Dragão.

Os leões marcaram cedo, ampliaram a vantagem e os dragões conseguiram reduzir para 1-2 ainda antes do intervalo e a igualdade aconteceu a 12 minutos dos 90, já com COATES fora de campo, uma vez que havia visto segundo cartão amarelo e consequente vermelho no começo do segundo tempo.

O final do jogo foi tumultuoso com jogadores de ambos os lados, directores e inclusive elementos que deveriam ter uma postura neutra e construtiva na relação com o promotor da partida, a envolverem-se em cenas vergonhosas que deixam uma marca indelével neste campeonato.

Foram, no total, para jogadores, 11 cartões amarelos (4 FCP + 7 SCP) e 5 vermelhos (2 FCP + 3 SCP) e o encontro que havia conhecido momentos de bom futebol ainda conheceu outros momentos de alta tensão, a envolver o presidente leonino, FREDERICO VARANDAS, que chegava ao Dragão como o principal e assumido opositor àquilo que significa PINTO DA COSTA no futebol em Portugal.

Este seria um debate interessante que em Portugal é impossível de se fazer, porque as discussões sobre questões mais estruturantes ou não têm lugar ou são abafadas pelo ruído provocado pelas ‘comunicações’ dos clubes, que acham e promovem um conjunto de figuras que encontram terreno fértil em certas pantalhas — glorificados por gente responsável (?) no universo televisivo - apenas e só com o objectivo de aumentar o volume, procurando visar os adversários de uma forma, às vezes, indecente.

E como têm todos imensos telhados de vidro aquilo resulta numa espécie de confronto na lama em que, não se dando conta, acabam todos sujos naquele wrestling de porcaria.

Vou voltar ao tema, após o jogo.

Hoje, é noite de clássico e nele se devem concentrar todas as atenções, num ambiente que já não era bom (pelos antecedentes do último FC Porto-Sporting no Dragão) e que fica marcado pelas reacções ao castigo a PEPE, da reacção do próprio PEPE, dos recursos e sobretudo pelas declarações de SÉRGIO CONCEIÇÃO (“Não vale tudo para ganhar”) e pela resposta de RÚBEN AMORIM (“Há coisas que me dão vontade de rir, como certas pessoas dizerem que não vale tudo para ganhar”).

Não adianta: vai ser outra vez um jogo de nervos, o ambiente no Dragão vai ser quente e, naturalmente, de grande apoio ao FC Porto e hostil para o Sporting, o árbitro NUNO ALMEIDA não vai ter uma tarefa fácil (nem mesmo o VAR, BRUNO ESTEVES e sobretudo o 4.º árbitro, HÉLDER MALHEIRO, a quem falta personalidade para se impor…) e pouco há mais a fazer senão apelar à responsabilidade, porque afinal o FC Porto-Sporting é apenas um jogo de futebol e os maiores problemas estão nos lugares onde há pessoas a morrer à fome e pessoas a morrer, por causa da(s) guerra(s).

Não é só em Portugal, mas o caso do futebol português encerra uma singularidade que mereceria reflexão que nunca é feita porque os aparelhos dos clubes e os seus lideres não deixam.

Em condições normais, e considerando os contornos de um clássico a realizar-se quatro dias antes das comemorações do 25 de Abril, este seria um jogo em que os presidentes, PINTO DA COSTA e FREDERICO VARANDAS, deveriam fazer alguma coisa para tentar baixar as tensões.

Sabemos que isso é uma impossibilidade e um sonho romântico, mas também custa ver a Liga assistir a isto tudo e PEDRO PROENÇA remeter-se à sua condição de espectador e mesmo FERNANDO GOMES, líder da FPF, deveria ter um papel mais activo neste tipo de contendas que penalizam muito a imagem do futebol português.

Tenham lá juízo, SFF, tenham lá sentido de responsabilidade, porque ‘isto’ é só um jogo e há muito que já se ultrapassou o limite da razoabilidade.

Por favor, joguem à bola! É pedir assim tanto?!…

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