Um ano da morte de Isabel II. “A rainha fazia-me lembrar a minha avó”: Pedro Xavier, o polícia português condecorado pela família real

Andreia Miranda , Em Londres, Reino Unido
10 set 2023, 12:30

A viver em Londres há 30 anos, o sargento da Scotland Yard recorda com admiração a monarca que ao longo de 70 anos comandou o Reino Unido e confessa que preferia ter visto William a subir ao trono ao invés de Carlos 

Pedro Xavier tem 45 anos, é português e mudou-se pela primeira vez para o Reino Unido com apenas cinco anos, acompanhado pelos pais. Entre idas e vindas, foi a partir dos 15 anos que passou a chamar casa a Londres e, atualmente, é sargento da Metropolitan Police na Scotland Yard.  

Em 2013, começou os primeiros trabalhos com a família real e cinco anos mais tarde, em 2018, acabaria por receber uma condecoração da rainha Isabel II por “trabalhos desenvolvidos com a Família Real e proteção à Família Real”. A condecoração foi recebida depois de ter participado numa festa de jardim no Palácio de Buckingham e a carta chegou – o famoso Royal Mail – sem aviso prévio.  

Em entrevista à CNN Portugal, com o Big Ben como pano de fundo, Pedro Xavier lembra que “um dos trabalhos que tinha era a proteção da família e a guarda dos Palácios Reais, Buckingham, Windsor, incluindo Balmoral, na Escócia”.  

O convite recebido por Pedro Xavier (Foto: Direitos Reservados)
O convite recebido por Pedro Xavier (Foto: Direitos Reservados)

“É um trabalho gratificante porque acabamos por conhecer o outro lado da moeda. No interior deles são uma família como outra qualquer. Evidentemente, protocolo é protocolo.  E uma das pessoas mais formais da família foi, e continua a ser, o atual rei, agora o rei Carlos III, que era o príncipe Carlos de Gales, que foi sempre uma pessoa com bastante formalidade. O pai dele também já era assim. A própria rainha não. Tive a oportunidade de falar com ela umas duas, três vezes. E notei uma pessoa, às vezes até me fazia lembrar a minha avó, mas sempre com sentido de Estado e com sentido institucional”, recorda.  

Para o português, a morte de Isabel II foi marcante não apenas para o Reino Unido, “mas também para todos os países que fazem parte da Commonwealth”.   

“Além de ser monarca em Inglaterra, Isabel II era chefe de Estado em vários países, como a Austrália ou Nova Zelândia, e era uma pessoa querida pelo povo”.   

O olhar de Pedro Xavier brilha quando recorda Isabel II, a “mulher carismática” que esteve 70 anos no trono britânico e cujo reinado vai tornar difícil a Carlos III marcar a diferença. Prova disso é que “nestes 12 meses ainda não deu para notar grande diferença” entre os dois reinados.  

“Ainda não conseguimos decifrar a cabelagem do próprio rei neste momento porque ele tem tido, até ao momento, um reinado pacífico. E ainda não se notou aquela diferença enorme, porque Isabel II também nos últimos anos já tinha delegado muitas das funções tanto para o filho como para o neto William. A Rainha Isabel II era uma pessoa carismática, foi uma pessoa que esteve com a coroa durante 70 anos. O rei Carlos III é conhecido pelas suas gafes e não acredito que mesmo agora, sendo o rei, que não as continuará a cometer”.  

O sargento da Metropolitan Police, que foi um dos que participou nas cerimónias do funeral da rainha Isabel II, confessa mesmo que tem um apelido para Carlos III: “o rei por um dia”.  

“Para mim, William é que deveria ter sido o rei. Chamo-lhe rei por um dia porque Carlos queria, a todo o custo, chegar à coroa como chegou, mas é realmente um rei só de passagem, porque o vejo a ser rei nos próximos cinco anos. Talvez três, quatro, no máximo”, diz, acrescentando ainda que tal como a mãe, o agora rei Carlos não terá grande influência a nível político porque “há a divisão de poderes entre a monarquia e o próprio governo britânico”. “Quem decide é sempre o parlamento, o rei é uma figura de Estado, é supostamente o chefe de Estado, mas politicamente não creio que mude absolutamente nada”.  

Carlos subiu ao trono a 6 de maio, ao lado da mulher, a rainha consorte Camilla, depois da rainha Isabel II ter morrido a 8 de setembro de 2022, aos 96 anos, no Castelo de Balmoral, rodeada pela família. O funeral decorreu em Londres e a monarca foi a enterrar em Windsor, na Capela de São Jorge, no Castelo de Windsor, ao lado do marido, o duque de Edimburgo.  

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